Nos últimos anos, o mercado pet experimentou uma ascensão notável, indo além dos tradicionais cuidados com animais de estimação. O surgimento de startups, oferecendo desde convênios médicos até dispositivos inteligentes, destaca não apenas uma tendência econômica, mas também a mudança no relacionamento humano-animal. Conversamos com especialistas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) para entender o impacto desse boom.
A especialista em Marketing e Comportamento do Consumidor da UPM, professora Mariana Munis, compartilhou alguns motivos que originaram essas transformações: "Com a vida moderna e o crescimento da inflação, as pessoas optam cada vez mais por terem pets. É uma ótima companhia para nós, seres biopsicossociais", pontua.
Ela ainda explica que o aumento na busca por pets está relacionado com a baixa na taxa de natalidade. A vida moderna, com menos tempo e dinheiro, torna desafiador ter filhos. “Eu quero me relacionar com outro, mas não tenho tempo e paciência para ter filhos. Tenho que dedicar muito tempo da minha vida ao trabalho, e isso me exaure. Mas eu quero ter afeto, eu quero ter carinho”, reflete Munis.
Os pets, além de suprirem essa necessidade, têm ajudado paliativamente no tratamento de doenças mentais. Desse modo, os seres humanos emitem hormônios de bem-estar, e recebem o animalzinho como um tratamento alternativo para a vida adulta solitária.
Com o despertar da consciência ambiental, iniciado na década de 70, a sociedade está, aos poucos, tendo outro olhar para os animais. “Estamos deixando de olhá-los como objeto e estamos passando a respeitá-los como uma espécie diferente da nossa e espécies que contribuem para existir esse sistema maior que é o planeta Terra”, salienta Munis.
Esse fenômeno impulsiona a inovação e redefine o mercado. O especialista em Economia da UPM, professor Hugo Garbe, traz uma outra perspectiva desse cenário. Para ele, os principais impulsionadores do crescimento do mercado pet incluem o aumento do número de animais de estimação, a maior humanização dos pets e a disposição dos donos em gastar mais com seus animais.
Já em relação ao impacto na economia, Garbe analisa o aumento de empresas no setor como positivo. “Implica na promoção de empregos, gera receitas e incentiva o empreendedorismo. Além de fomentar parcerias com outras indústrias, como saúde e tecnologia", menciona.
Sobre as tendências de investimento, o economista destaca: "Observa-se um interesse crescente em soluções tecnológicas para pets, como aplicativos e dispositivos inteligentes. Além disso, produtos e serviços que promovam a saúde e o bem-estar dos animais estão ganhando destaque", enfatiza.
Portanto, o boom do Mercado Pet não é apenas uma tendência comercial, mas reflete transformações profundas nas relações humanas. Os pets emergem como parceiros cruciais, oferecendo afeto e desempenhando um papel vital na saúde mental de seus donos.