O Programa de Pós Graduação em Ciências e Aplicações Geoespaciais (PPGCAGE) da Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) continua sendo reconhecido no meio acadêmico nacional e internacional. O curso é resultado das pesquisas realizadas no Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), grupo de pesquisa fundado pelo professor Pierre Kaufmann, e considerado um centro de excelência em nível nacional. Atualmente, é um dos poucos programas no Brasil voltado para área de Ciências e Aplicações Geoespaciais.
O doutorando Jordi Tuneu, da Espanha, orientado pelo professor Guillermo Giménez de Castro, e que possui bolsa de doutorado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), foi selecionado para um estágio no Goddard Space Flight Center/NASA com o doutor Nat Gopalswamy pelo programa Scientific Committee on Solar-Terrestrial Physics (SCOSTEP) Visiting Scholar (SVS), que tem como objetivo fornecer treinamento nas áreas de Sol, espaço interplanetário e geoespaço; clima espacial e atmosfera terrestre e atividade solar e a influência no clima terrestre por meio de diferentes centros em todo o mundo.
Para Tuneu, que já teve uma experiência de um ano em Glasgow, na Escócia, pela bolsa BEPE (Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior) da FAPESP, fazer mais esse estágio significa trabalhar com grandes cientistas da área, ter a oportunidade de um aprendizado direto, além de abrir portas para futuras colaborações e troca de ideias entre cientistas de vários países, “parte fundamental para fazer ciência nos dias de hoje”, como destaca ele.
Em relação às suas expectativas, o doutorando diz que deseja, em primeiro lugar, “atingir os objetivos que foram definidos no projeto para o estágio com possível publicação de artigos em periódicos internacionais. Também gostaria que o trabalho que começamos a desenvolver aqui no CRAAM, no qual se baseia o projeto deste estágio, tivesse continuidade seja comigo ou futuros alunos”, conta.
O antigo mackenzista José Tacza, do Peru, foi orientado pelo professor Jean-Pierre Raulin, coordenador do CRAAM, e defendeu seu doutorado em janeiro de 2019. Com vários artigos publicados, um está em destaque: “A global atmospheric electricity monitoring network for climate and geophysical research publicado no "Journal of Atmospheric and Solar-Terrestrial Physics" e se encontra entre os 25 artigos mais citados desde 2017.
Segundo o doutor, trata-se de um artigo muito importante para a comunidade pesquisadora do tópico de Eletricidade Atmosférica, “devido ao esforço de muitos pesquisadores ao redor do mundo para estabelecer uma rede mundial de sensores para monitorar o campo elétrico atmosférico” completa.
“A oportunidade de ter participado deste artigo já é um logro para minha carreira. O fato de ser um dos 25 artigos mais citados no JASTP, desde o 2017, tendo em conta que o artigo foi publicado no ano de 2019, só evidencia a grande importância para a comunidade científica”, adiciona Tacza. Além disso, para o doutor, ter esse reconhecimento internacional se traduz em fomentar colaborações de pesquisa com a comunidade científica ao redor de mundo.
Já a doutoranda Raissa Estrela, orientanda da coordenadora do CAGE da UPM, Adriana Valio, conquistou a concorrida bolsa de pós-doutorado do programa da NASA (Nasa Post-doctoral Program) com início em outubro de 2020 no Jet Propulsion Laboratory/NASA.
Essa oportunidade é fruto do trabalho da Raissa no doutorado sanduíche realizado no JPL/NASA, com a duração de dois anos, também pela BEPE-FAPESP. “Com essa bolsa, eu poderei continuar o trabalho que desenvolvo por lá, analisando a composição e evolução de atmosferas de planetas fora do Sistema Solar. Além disso, continuar trabalhando na NASA intensificará a colaboração Brasil-NASA que temos realizado com a participação da professora Adriana”, conta ela.
Questionada sobre quais são suas expectativas para essa nova etapa, a pesquisadora diz que pretende conseguir caracterizar a atmosfera de planetas menores “conhecidos como super-Terras, pois seus raios aproximadamente até duas vezes maiores que o da Terra”, afirma. Para isso, será necessário analisar a composição da atmosfera desses planetas, usando telescópios terrestres e espaciais.
“Também pretendemos manter a colaboração com a professora Adriana, pois sua pesquisa com atividade estelar é essencial para investigar os impactos que essa atividade pode ter na atmosfera planetária como, por exemplo, os ventos estelares e CMES (ejeções de massa coronal, em tradução da sigla inglês) que podem fazer com que a atmosfera do planeta escape”, completa.
Diferencial de ensino
O programa em Ciências e Aplicações Geoespaciais é dirigido e coordenado por pesquisadores renomados internacionalmente, “com conhecimentos amplos nas áreas que trabalhamos, além de terem contatos internacionais do mais alto nível”, conta Tuneu.
Para ele, esses diferenciais ajudam e facilitam o desenvolvimento do aluno de mestrado e doutorado durante o processo de crescimento profissional. “Muitos alunos do programa conseguiram estágios para aprimorar os conhecimentos graças ao apoio e suporte dos professores”. Além disso, ele pontua que a ciência básica é de vital importância nos países desenvolvidos, já que sustenta o mundo da ciência aplicada, tecnologia e inovação tão importantes nos dias de hoje. “O CRAAM e o programa de Pós-Graduação contribuem com excelência neste quesito e espero que futuros alunos também possam se beneficiar do programa, gerando riqueza e conhecimento também para o país”, finaliza.
Como defende a coordenadora do CAGE, a qualidade dos trabalhos de conclusão, sendo que muito dos alunos são primeiros autores de publicações em periódicos internacionais, professores com ampla rede de colaboração no exterior, além de uma rede de telescópios administrados pelo CRAAM - cujos dados são de uso irrestrito pelos alunos - são alguns dos motivos que transformam o curso em um grande diferencial.
A doutoranda Raissa começou no programa do mestrado, também sendo orientada pela coordenadora Adriana. Em seguida, decidiu continuar sua pesquisa no doutorado, mas focada em habitabilidade de exoplanetas e na caracterização de suas atmosferas. Para ela, o programa oferecido pelo Mackenzie possibilitou o desenvolvimento de sua carreira científica.
“Durante os anos em que estive no programa, participei em vários congressos que me permitiram realizar conexões para colaborações científicas, organizamos o Journal Club para discutirmos diversos assuntos científicos e colóquios mensais. Todas essas atividades foram essenciais para a minha inserção no mundo científico”, finaliza.