Essas Mulheres: canções de Chico Buarque ganham vida no palco do Mackenzie

A obra do cantor, compositor e escritor Chico Buarque pode ser analisada sob diversas óticas, desde canções de protesto até a mais bela poesia da vida cotidiana. Na noite desta quinta-feira, 03 de outubro, no palco do auditório Ruy Barbosa, campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), ganhou vida a abordagem feminina da obra de Buarque: suas personagens mulheres e toda a vivência do feminino que ele tanto retrata em suas canções foi o foco do musical Essas Mulheres, encenado pelo Coro Jovem Cênico do Mackenzie.  
  
O espetáculo nasceu da ideia de comemorar os 80 anos de Chico Buarque, celebrados em 2024, como uma forma de reverenciar a obra do cantor e do legado ainda vivo para a arte brasileira. Além disso, o espetáculo buscou manter vivo o imaginário de Buarque, principalmente, entre as novas gerações.  
  
Todo o musical foi pensado a partir da visão feminina, tanto retratada pelo cantor. Como disse um dos personagens do Coro, “Chico foi um observador atento do processo histórico brasileiro e retratou como ninguém a mulher em suas músicas”, portanto, não haveria melhor forma de criar essa narrativa ao retratar momentos históricos a partir da ótica das mulheres. A peça foi elaborada a partir do livro homônimo, organizado pelo professor da UPM, Ronaldo Cavalcante. 
  
Para isso, o diretor da peça e integrante da Coordenadoria de Arte e Cultura (CAC) da UPM, Leandro Pacheco, optou por dividir a peça em três momentos: nos anos 50, quando a visão da mulher era restrita à janela de casa; nos anos 70, quando a televisão surge e se torna uma nova janela para o mundo; e nos tempos mais atuais, quando a internet abre o campo de visão do feminino.  
  
“O Chico Buarque tem muitas histórias, cada mulher é uma loucura, então, em vez de a gente pegar várias pequenas mulheres ou pequenas músicas para construir um espetáculo, o que a gente fez foi identificar épocas e, através dessas épocas, tentar construir histórias em cima de épocas”, explicou Pacheco.  
  
No palco, o Coro Jovem Cênico cantou e dançou grandes canções da trajetória de Chico, como Roda Viva, Cotidiano, A Banda, Olhos nos Olhos. Na plateia, o público cantava junto e assistia, deslumbrado, a encenação de momentos icônicos das letras do cantor, como em Construção, no qual todos ficaram extasiados com a morte que atrapalhou todo o tráfego.  
  
O pró-reitor de Extensão e Cultura da UPM, Cleverson Pereira de Almeida, relembrou o musical encenado no ano passado, Almanaque Bossa Nova, e disse que aquela peça elevou o patamar das apresentações na UPM. “Se tínhamos um bom espetáculo ano passado, tínhamos entendimento da competência para fazer um novo bom espetáculo, entendendo que arte e cultura dentro do Mackenzie, deve continuar a existir e sempre em um alto padrão de qualidade”, destacou.  
  
Já o coordenador da CAC, maestro Parcival Módolo, convocou a plateia a acompanhar os demais coros e corais da UPM, ressaltando o compromisso da instituição com a arte e a cultura. “Nós nos orgulhamos de ter vários grupos musicais no Mackenzie. O grupo que se apresenta hoje, participa de outros coros. Grupos que cantam diferentes repertórios e em diferentes lugares. Existem muitos outros e os convido a participarem e conhecerem”, finalizou. 
 
O espetáculo Essas Mulheres também foi apresentado na sexta-feira, 04 de outubro e, assim como ocorreu na estreia, teve seus ingressos esgotados.