Na noite de quinta-feira, dia 05 de outubro, foi realizado o lançamento da 3ª edição da Revista &DESIGN, que conta com projeto gráfico e criação de arte de alunos e professores do curso de Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). O evento de lançamento da 3ª edição ocorreu no Museu de Arte Moderna (MAM), no auditório Lina Bo Bardi, parque Ibirapuera, em São Paulo. Com apresentação dos participantes da Revista, palestra do renomado arquiteto Fernando Brandão e coquetel de celebração.
A professora de design da UPM, Nara Marcondes, uma das docentes que liderou o grupo ao longo do projeto, destacou que a parceria entre Mackenzie e Revista &DESIGN se deu por intermédio da editora da revista, Rosangela Moura, que contatou a FAU, em junho, com a proposta para que alunos e professores pudessem atuar na reformulação desse projeto gráfico para a 3ª edição da publicação.
“É uma iniciativa da revista para atuar com universidades parceiras e transformar a experiência do design. Logo na volta às aulas, mergulhamos no trabalho e, entre agosto e setembro, o projeto gráfico nasceu. A qualidade é altíssima e o ritmo de mercado trouxe boas experiências aos alunos”, disse Nara.
Ela explicou que foram realizadas reuniões contínuas de alinhamento do trabalho, orientando os alunos, debatendo ideias, tirando dúvidas e discutindo propostas.
“Foram mais de 40 matérias diagramadas nesta edição, que contém mais de 160 páginas, com muitas fotos e ilustrações. Avalio o resultado como um sucesso e acredito que tanto os alunos como os editores estão abertos a novas parcerias desse tipo”, afirmou Nara.
A docente ainda elogiou o trabalho dos outros professores que estiveram envolvidos em todo o processo. “Todos eles, Juliana Bertolini, Ivo Pons, Luís Alexandre Ogasawara, Jair Alves, Marcos Aurélio Castanha Júnior (Kito), Rafael Miyashiro e Zuleica Schincariol, foram sensacionais, trouxeram sua expertise, contribuições e deram todo o suporte aos alunos”, acrescenta ela.
Já o professor Castanha, conhecido como Kito, pontuou que a iniciativa foi trazida para debaixo do Projeto de Extensão Design Experience Mackenzie (DExM), que congrega várias ações de extensão com os alunos. “Nesse projeto em específico, tivemos seis alunos atuando de forma fixa, além de contribuições de outros colegas que produziram ilustrações para a publicação”, realça ele.
Os materiais a serem diagramados eram divididos entre os alunos membros da equipe, que recebiam orientações diretas dos professores, em encontros contínuos. Para Kito, o ganho foi enorme, pois além dos estudantes trabalharem em um prazo de mercado, a Revista &DESIGN é um produto físico de qualidade.
“É uma publicação em papel, algo tão importante hoje em que muito é feito apenas no digital. Mas é importante destacar que é uma impressão de qualidade, que passou por provas de capa, ajustes. Estar envolvido nesse processo traz uma experiência diferenciada aos mackenzistas”, completou Kito.
O professor Ogasawara, que também participou da noite de lançamento, assinalou a importância de se comemorar o trabalho. “Tem o momento de trabalhar, de virar a noite, de dar o que tem de melhor. E tem o momento de celebrar, colher os frutos e ter essa satisfação de ver esse projeto tão bacana, tão bonito, materializado. A gente percebe que essa geração mais nova também é afeita a produtos de boa qualidade, de excelência. Isso soma uma série de fatores para celebrar hoje”, disse.
Destacando o quanto é possível aprender também “fora de sala de aula”, Ogasawara pontua que esse contato real, com prazos e contingências externas, foi um choque bom, porque traz essas pitadas de realidade para a sala de aula. “Os alunos amadureceram muito em muito pouco tempo. E essa troca das novas gerações com a nossa geração de professores é muito produtiva, a gente energiza uns aos outros nos momentos de incerteza, de cansaço. Uma troca muito bacana para todos”, complementou ele.
“Os mackenzistas são diferenciados”
Participam do projeto os alunos de diferentes etapas do curso de Design da UPM: Bruna Grossi, Laura Capeletto, Letícia Heck, Luiz Guilherme Souza, Michael Augusto Hofstaetter e Victoria Munhoz. Os quais dedicaram árduo trabalho ao longo dos meses de agosto e setembro, criando o projeto gráfico e a artes da revista, elevando o padrão da publicação a um novo nível de excelência.
Convidados ao palco no dia do lançamento, Letícia e Michael contaram um pouco de como foi a experiência. “Tudo foi rápido e tranquilo pela atuação e união do grupo, com todos se ajudando. Na minha visão, o trabalho ficou incrível, com qualidade, e mantendo o estilo de cada diagramador. A gente aprendeu a admirar também o trabalho dos colegas ao longo desse trajeto”, disse Letícia.
Para Michael, conhecido como Guto, o processo foi se transformando conforme o grupo passou a conhecer os diversos aspectos do que estava sendo desenvolvido. “Quando começamos, parecia que estávamos em um lugar familiar, mas, aos poucos, percebemos quantos desafios existiam nesse processo. Então foi uma experiência muito positiva que, com o auxílio dos professores, nos preparou para o mercado, para mais desafios”, afirmou ele.
Já Bruna, que está voltando para terminar o curso depois de um hiato de dez anos, comentou o diferencial do Mackenzie e, em especial, de seus estudantes.
“Não vejo os alunos de outras instituições com esse brilho no olhar e essa garra, de não deixar a peteca cair. O grupo todo trabalhou de uma forma incrível e muito empenhada”, pontuou ela elogiando todos os colegas.
De acordo com Bruna, mesmo trabalhando no limite, até tarde da noite e às vezes ao longo do feriado, as entregas seguiram com qualidade. “Os mackenzistas são, de fato, diferenciados, porque trabalham muito bem sob pressão, e porque temos um corpo docente muito capacitado e inspirador”, assinalou a aluna, realçando que o resultado da revista, além do trabalho do corpo editorial, deve-se à qualidade dos alunos e professores.
O estudante Luiz, também chamado de Rui pelos colegas, disse que foi um pouco intimidador quando viu a quantidade de trabalho que havia para fazer. “A gente pegou o feriado, se reuniu em conversas on-line e botou todo mundo para trabalhar. Foi um trabalho muito colaborativo”, contou ele.
O aluno ainda destacou a participação dos docentes e o quanto esse contato mais próximo foi fundamental. “A gente tem essa visão de que os professores estão lá em cima, com todo conhecimento. Mas vimos que eles estavam empenhados como nós, passando o ‘perrengue’ que a gente estava passando. Isso humaniza toda a relação”, adicionou Rui.
Para Vitória, todo o projeto pode ser descrito como um “caos positivo”. Ela pontuou que a pressão do tempo e do volume de trabalho foi intensa, mas que proporcionou uma vivência de como funciona o mercado de trabalho. “Tem de entregar, cumprir prazos, é necessário administrar as entregas com a vida pessoal, acadêmica, e qualquer outro compromisso. Se nós nos comprometemos, então temos de entregar”, aconselhou ela.
Vitória gostou muito da troca de ideias e experiência com colegas e professores. “Foi muito agregador. É assustador, mas, no final do dia, quando você pega a revista pronta na mão, você fala ‘conseguimos’. O trabalho está incrível, os artistas entrevistados vão se sentir representados. Só tenho a agradecer, porque é uma experiencia única”, reconheceu ela.
Já Laura, que segundo Bruna atuou como uma grande gerente de projeto, define em algumas palavras-chave a atuação dela e do grupo: “experiência, gratidão e evolução”.
Ela acredita que essa jornada trouxe uma evolução pessoal, profissional e acadêmica.
“Todo o trabalho foi algo muito válido para nós, para os professores e editores. Acho que cada nova edição é uma 'loucura', mas todo esse processo foi de muito aprendizado. Tivemos uma experiência de editorial muito vívida e estou muito feliz de ter feito isso com todos eles”, complementou Laura.
Para os estudantes, foi essencial a proximidade e experiência dos professores nesse processo, em uma tutoria atenta e de entrega. “A dedicação deles ultrapassava a obrigação. Então, eles não estavam lá como professores, mas sim como artistas apaixonados”, disseram os alunos em consonância, tratando da diferença que é ter uma experiencia qualificada quando se tem um corpo docente que realmente se entrega e quer dialogar com os alunos.
Quando questionados se fariam parte de uma nova edição da revista, sabendo do volume de trabalho, prazos e desafios, o grupo foi unânime: “Mandem o material que vamos diagramar!”, finalizaram os mackenzistas.
Fernando Brandão
A noite contou com uma apresentação do premiado arquiteto Fernando Brandão, que é personagem de uma das matérias da 3ª edição da Revista &DESIGN e que elogiou a iniciativa junto aos mackenzistas. “As primeiras oportunidades de trabalho são muito importantes, pois marcam a nossa história e serão lembradas para sempre”, destacou ele.
Brandão comentou de como busca, em sua carreira, discutir o que é ser arquiteto e designer no Brasil, repensando a atuação dos profissionais em prol da sociedade. Após ter um grande trabalho premiado na “Expo Shangai 2010”, em Xangai, na China, com o projeto do Pavilhão Brasileiro, ele foi convidado a atuar no país oriental dando diversas aulas, cursos e workshops, desenvolvendo também projetos especiais para várias concorrências.
“Nos cerca de 10 anos em que vivia entre Brasil e China, tive a oportunidade de viajar por diversas cidades e participar de muitos cursos. Aprendi muito, vendo que coisas que acreditamos estar na vanguarda, às vezes, já são feitas há séculos no oriente”, assinalou o arquiteto.
No entanto, segundo disse Brandão, há muito o que podemos ainda compartilhar com os chineses. “Grande parte do meu trabalho lá era ensinar sobre acessibilidade. Com a iniciativa ‘Design para uma sociedade melhor’, eu demonstrava como era necessário preparar a cidade e suas construções para acolher as mais variadas pessoas e suas necessidades”, afirmou.
O arquiteto contou que após o advento da pandemia, em 2020, teve de interromper seu trabalho na China, reestabelecendo seu escritório aqui no Brasil, o qual passou a atender os mais diversos projetos, estando envolvido em trabalhos como a reforma do Estádio do Morumbi, em São Paulo, por exemplo.
“Além disso, desenvolvo o projeto ‘Ponte’, em parceria com outras organizações, e que busca melhorar os ambientes físicos de escolas públicas de São Paulo”, compartilhou Brandão, apresentando alguns exemplos de locais que já foram transformados por esse trabalho e que modificou vidas.
Na visão do arquiteto, é preciso repensar o modelo físico das escolas, pois que eles influenciam de maneira profunda o aprendizado. “Estamos no século XXI e usando modelos de sala de aula de séculos atrás, muitas vezes com características que lembram prisões nos corredores das escolas. Se quisermos um ensino de qualidade, temos de modificar tais estruturas”, finalizou Brandão.
A Revista &DESIGN
A Revista &DESIGN é uma publicação renomada no cenário do design, arte, gastronomia, moda e arquitetura. Na 3ª edição, a publicação conta com 162 páginas, que trazem mais de 40 matérias. A revista é conhecida por divulgar designers e estúdios nacionais e internacionais, valorizar talentos emergentes e promover a inclusão e a diversidade em diversos campos. Com mais de 400 escolas e 680 escritórios de design formais no Brasil, a revista desempenha um papel vital na indústria criativa do país.