O plástico é um dos materiais mais utilizados no mundo, porém, devido à sua constituição, tornou-se um problema ambiental: os produtos plásticos levam de 450 a 500 anos para se degradarem na natureza. Isso significa que algo desse material descartado continuará em sua forma sólida, provocando diversos problemas ecológicos, como a constituição de lixões, mortes de animais marinhos e outros seres vivos, além de ser um dos fatores que contribuem para a ocorrência de enchentes em grandes cidades.
Para solucionar esse problema, a reciclagem torna-se uma resposta: os plásticos descartados são reutilizados em novos produtos, retirando-se de locais de descarte. Todavia, o Brasil ainda é um país que recicla pouco: de acordo com dados da ong WWF Brasil, em 2019, apenas 1,3% de todo o material plástico gerado no país foi reciclado.
Todavia, mesmo a reciclagem pode apresentar limitações. De acordo com o pesquisador do Instituto Mackenzie de Pesquisa em Grafeno e Nanotecnologias (MackGraphe) e professor da Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Guilhermino Fechine, o plástico sofre um processo de envelhecimento. “Sabe-se que materiais plásticos durante o uso têm suas propriedades físicas decrescidas, comumente chamado de processo de degradação. Essa degradação pode ser oriunda de diversos fatores, principalmente devido ao intemperismo, como a radiação solar, chuvas, variações em temperaturas, dentre outros aspectos”, explica.
O pesquisador, dentro do MackGraphe, tem desenvolvido estratégias para evitar esse processo, utilizando métodos que acrescentam o grafeno nos materiais plásticos. O Na Lupa! conversou com Fechine para entender a investigação.
“Nosso grupo de pesquisa visa coletar e recuperar as propriedades perdidas dos plásticos após uso e descarte. Para tal, utilizamos o grafeno e seus derivados para além de recuperar propriedades também agregar novas características”, apontou o pesquisador mackenzista.
De acordo com Fechine, os novos processos pesquisados garantem uma melhor reciclagem do plástico, já que o grafeno possui características que, quando associadas ao plástico, permitiriam melhores utilizações dos novos materiais. “Podemos assim, dar novas aplicabilidades a esses materiais, muitas vezes até mais tecnológicas do que o material havia sido usado”, disse.
O MackGraphe realiza pesquisa sobre o grafeno, pensando em utilizações nanotecnológicas, já que o material possui uma constituição que opera em uma escala de nível nanoscópia. “Utilizamos de metodologias próprias desenvolvidas no MackGraphe para inserir o grafeno nos materiais plásticos pós-uso. Essas metodologias vêm sendo desenvolvidas desde 2014, e hoje conseguimos aplicar a uma grande variedade de tipos de plásticos”, afirmou Fechine.
De acordo com o pesquisador, os resultados já indicam que a associação do grafeno ao plástico resulta em um melhor processo de reciclagem. “Hoje já temos resultados muito relevantes em que conseguimos, por exemplo, recuperar propriedade mecânicas de materiais plásticos pós-uso, além de conferir melhorias em condutividade térmica e elétricas nesses materiais”, explicou.
A reciclagem de plástico usando grafeno é um dos projetos disponíveis na Vitrine Tecnológica, plataforma que pretende dar visibilidade a projetos de pesquisa e desenvolvimento de novas patentes realizados dentro da UPM. Os interessados em ampliar o desenvolvimento desta pesquisa podem entrar em contato com o Núcleo de Inovação Tecnológica (cit.nit@mackenzie.br) ou com a Coordenadoria de Inovação Tecnológica (cit@mackenzie.br).
Na Lupa!
Com o objetivo de lançar luz à pesquisa científica desenvolvida na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o Na Lupa! é um novo quadro de divulgação científica mackenzista. Com tradição em inovar e empreender, a pesquisa é uma das preocupações da UPM, o que coloca a instituição como uma referência no fazer científico. Toda investigação, apuração e verificação desenvolvida na universidade ganha agora um espaço para divulgação.