Na noite do dia 21 de agosto, aconteceu a Aula inaugural da segunda turma do Projeto Inclusão Social de Residentes do Sistema Carcerário no Ensino Superior, uma parceria entre o Mackenzie, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP/SP) e a Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (FUNAP), que oferece cursos tecnológicos na modalidade Educação a Distância (EaD) à população carcerária feminina em unidades prisionais de regime semiaberto.
O evento foi on-line, com apoio da Coordenação de Ambientes Virtuais e Recursos Digitais (CRD) da UPM, e teve como objetivo recepcionar as novas alunas, além de celebrar o início do semestre das veteranas. As novas mackenzistas tiveram a oportunidade de conhecer a equipe e suas colegas de sala que acompanharão suas jornadas acadêmicas, tirar dúvidas e aprenderem a usar a ferramenta do moodle, que será utilizada durante as aulas a distância.
A abertura do encontro foi realizada por Marco Tullio de Castro Vasconcelos, reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), que deu as boas-vindas às novas alunas e batizou o projeto de ‘emoções’, por trazer alegria e esperança. “Eu me alegro muito de estar aqui nesse momento. Esse projeto dá sentido ao que nós fazemos; ele é especial na vida da nossa Universidade e na vida de cada um de nós. Fico feliz porque isso tem impactado a vida das pessoas de forma positiva”, afirma o reitor.
O momento devocional ficou por conta do reverendo José Carlos Piacente Junior, capelão universitário. A mesa ainda contou com a saudação de Henrique Pereira de Souza Neto, diretor Executivo da FUNAP, que agradeceu ao Mackenzie pela parceria e desejou a todas alunas uma ótima jornada. “Temos de perseverar nesse caminho, até a vitória. Aproveitem ao máximo essa oportunidade que está à frente de vocês, é um momento único. Cada uma dedicando seus esforços, conhecimento e amor!”, diz.
O pró-reitor de Extensão e Cultura da UPM, Marcelo Martins Bueno, também esteve na abertura do evento e reforçou a importância do projeto, por se tratar de inclusão e responsabilidade social, e agradeceu a todas as pessoas que o idealizaram, colocaram a mão na massa e o viabilizaram. “É a oportunidade que se tem de mudar a vida por meio da educação superior”, destaca.
Também estiveram presentes no evento e falaram sobre suas atuações dentro do projeto: Ana Lúcia Vasconcelos, Ana Lucia de Souza Lopes, Berenice Carpigiani, Patrícia Tuma Martins Bertolini e Solange Duarte Palmas Barros, professoras da UPM e membros da Equipe do Projeto Inclusão Social de Residentes do Sistema Carcerário no Ensino Superior; Claudio Parisi, diretor do CCSA, representado pela professora Liliane Segura; Natacha Bertoia, coordenadora do EaD do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da UPM; Luis Raghi, coordenador adjunto do CCSA; Sergio Antonio Sperandio, professor do CCSA; e Nelson Fragoso, coordenador adjunto do CCSA.
Oportunidades fazem a diferença
O projeto, construído e desenvolvido coletivamente, oferece apoio estudantil à população carcerária feminina, que busca reinserção na sociedade e mercado de trabalho. Como explica a professora Ana Lúcia Vasconcelos, membro da Coordenação do Projeto Inclusão Social de Residentes do Sistema Carcerário no Ensino Superior, trata-se de um processo de formação de educação integral e transformadora, que assume um sentido pleno, “com um olhar para além do processo de ensino-aprendizagem”, diz.
Algumas atitudes fazem diferença dentro do projeto, como estar junto às aulas, perseverando na luta das escolhas, oportunidades, aconselhando para que conquistem novos valores “e invistam na superação do que parece ser um ‘destino marcado’, para que possam romper o ciclo. Não é fácil, mas possível”, completa a professora.
A aluna Rosenilda Graciane dos Santos, por exemplo, cursa Gestão de Recursos Humanos na UPM e se mostra entusiasmada com as aulas, que exigem muito desempenho e dedicação. Para ela, poder fazer parte desse projeto é ter a oportunidade de se renovar, colocar em prática o aprendizado e retornar à sociedade, buscando novas chances e objetivos.
“O projeto fez uma enorme diferença na minha vida, me deu coragem de enfrentar as dificuldades, vontade de aprender, me fez ver que sou capaz de muitas coisas. E me incentivou a buscar algo mais, pois quero me aperfeiçoar nos estudos, buscando um futuro melhor para mim e mostrando que sou capaz de vencer”, finaliza Rosenilda.
Elizabeth Lessa também é aluna e estuda Gestão em Recursos Humanos. O curso é sua prioridade no momento para que possa colher frutos futuramente. “Eu quero, daqui a 50 anos, me lembrar que fiz parte de um projeto que fez a diferença na minha vida e na vida de todas as pessoas que participaram”, conta.
“Fazer parte desse projeto é saber que você nasceu para ser escolhida e para um propósito maior”, defende Elizabeth. “Sempre procuro lembrar a mim e às outras meninas que, assim como temos dependência nesse projeto, ele também depende um pouco de cada uma de nós para servir como um benefício para alguém no futuro”, reflete.
Estudar dentro desse programa é “reconhecer que enquanto você só recebia ‘NÃO’ de tudo e todos, existiu algo que lhe depositou um voto de confiança para você mostrar que é capaz não somente de ouvir um ‘sim’, como também vivê-lo”, afirma.
Sonho acadêmico
A caloura Ticiane dos Santos Machado está entusiasmada para essa nova etapa. Convidada para falar na abertura do evento, a nova mackenzista ficou emocionada, pois seu sonho sempre foi fazer parte da instituição. “Enxerguei essa oportunidade como uma luz no fim do túnel, minha última experiência profissional foi na área comercial de ensino superior, então, entendo um pouco sobre universidades, sou graduanda em direito, era bolsista e como estudante de direito o meu sonho sempre foi estudar no Mackenzie”, conta.
O curso de Marketing sempre foi uma de suas opções para o ensino superior, por ser uma área ampla e com forte presença no cenário atual, ainda mais o com crescimento no marketing digital. “Deus escreve certo por linhas tortas, da maneira mais inesperada, estou no Mackenzie, vou ter um diploma da melhor Universidade privada e vou fazer valer a pena essa oportunidade que Deus me deu, esse pode ser o primeiro de muitos passos”, diz Ticiane.
Dentro do Mackenzie, ela espera ter um bom engajamento e, um dia, poder retribuir essa oportunidade. “No que depender de mim, vou agregar valores imensuráveis para o meu crescimento e espero espalhar alegrias e bons sentimentos por onde eu passar e com quem conviver”, completa Ticiane.
“Vocês trouxeram a esperança de volta. O preconceito existe sim. Consegui realizar esse sonho no momento mais difícil da minha vida. É mais que um sonho, é uma realização pessoal - em todos os sentidos”, afirma.
Saiba mais sobre o projeto!
Os cursos superiores tecnológicos ofertados pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) são em Marketing, Gestão Comercial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística e em Empreendedorismo e novos negócios, todos com a duração de quatro semestres.
Como explica a professora Ana Lúcia Vasconcelos, foram escolhidos cursos tecnológicos por serem dinâmicos e suprirem a carência de profissionais em várias áreas no mercado atual. Além disso, “já em liberdade, as alunas poderão continuar o curso em um dos diversos polos espalhados pelo Brasil”, completa.
“Durante os dois anos de curso, o Mackenzie oferece apoio a todas as discentes. Para realizar as atividades no contraturno das aulas, é preciso construir dentro da proposta de Programas de Apoio um projeto (plano de ação) extensionista”, explica a professora. As ações extensionistas acontecerão em momentos simultâneos ao curso de EaD, com encontros semanais (que atualmente estão com novas escalas devido à pandemia de covid-19), de três formas:
1º Acolhimento no campus universitário, promovendo o acesso à Universidade de pessoas em situação de prisão e/ou egressas do Sistema Prisional, garantindo formação superior e estimulando a emancipação por meio do ensino;
2º Acompanhamento Psicológico individual e coletivo, oferecendo a possibilidade de encontro de novos significados para a vida pessoal dos(as) residentes do sistema prisional;
3º Acompanhamento do sujeito empreendedor em seu negócio futuro que compreende o processo de reintegração no mercado de trabalho sob forma empreendimento próprio.
“Ter seu empreendimento faz com que a esperança, perseverança e resiliência sejam novamente restauradas. Consideramos aqui que o trabalho se realiza em um contexto de relações sociais de produção sendo, portanto, essencial para a construção da identidade do sujeito no mundo social, trazendo sentimento de pertencimento e restaurando a dignidade”, finaliza a professora.