Chefe do Instituto de Física Lebedev no Mackenzie

Vladimir Makhmutov fala da parceria entre CRAAM e Academia Russa de Ciência no projeto Sun-Terahertz

06.02.2019 - EM Mundo

Comunicação - Marketing Mackenzie


Telescópios que observam frequências solares, raios cósmicos, rede GPS e mudanças climáticas. O que estes assuntos peculiares têm em comum? Todos foram abordados pelo renomado professor Vladimir Makhmutov, do LPI (Instituto de Física Lebedev) da Academia Russa de Ciência (RAS), que esteve em palestra no auditório do MackGraphe, no campus Higienópolis do Mackenzie, em 01 de fevereiro.

O evento ocorreu em celebração aos 20 anos de colaboração entre Centro de Radioastronomia e Astrofísica do Mackenzie (CRAAM) e o LPI, ocasião na qual Makhmutov tratou da atividade de pesquisa do laboratório de física solar e raios cósmicos do LPI e atualizou o andamento do projeto Sun-Terahertz.

Sun-Terahertz

Jean Pierre Raulin, pesquisador doutor em física, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e coordenador do CRAAM, explica que o trabalho é baseado no Solart-T, que consistia em um telescópio fotométrico duplo que sobrevoou a Antártida, em 2016, em um balão estratosférico em colaboração com um experimento da NASA (agência espacial dos EUA) para observar o sol em frequências terahertz (THz). Na versão atualizada do experimento, conta Raulin, “serão oito frequências de observação do espectro solar na faixa de 0.2 THz - 15 THz”.

Makhmutov explica que o Sun-Terahertz será acoplado ao módulo russo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) e permitirá monitorar as radiações solares pouco exploradas na faixa de frequência dos terahertz (equivalente a um trilhão de hertz). “A pesquisa é muito importante para a compreensão dos mecanismos de produção e liberação de energia solar”, destaca Raulin.

Um passo à frente

Makhmutov enfatiza que a primeira etapa do projeto da parceria entre CRAAM e LPI já foi aprovada pela ROSCOSMOS (Agência Espacial Federal Russa) e que agora “serão necessários testes para avaliar como o equipamento vai reagir à grande aceleração quando do seu envio ao espaço”. O professor mostrou um construto virtual do Sun-Terahertz, apontando seu funcionamento e captação de frequências.

“Com o experimento, será possível descrever, pela primeira vez, com o mesmo instrumento, o espectro solar nestas diversas faixas. Além disso, o Sun-Terahertz abre a possibilidade de aprimorar calibrações e análises de instrumentos em solo, já que para algumas dessas oito frequências, existirão observações simultâneas em terra realizadas tanto no Brasil quanto na Argentina”, assinala Makhmutov. Os dados gerados permitirão monitorar e entender melhor a origem das explosões solares e suas consequências na relação Sol-Terra.

Tais estudos são importantes para previsão de surtos solares que podem afetar o clima espacial, permitindo a utilização de tais dados para mitigação de seus efeitos em todo o sistema de comunicações ao redor da Terra, vez que estes surtos afetariam geoposicionamento espacial (GPS), utilizado por celulares, aviões, plataformas de petróleo, e etc.; bem como redes de distribuição de energia, controles de tráfego aéreo e outros.

Outros projetos

Makhmutov também comentou a respeito de alguns projetos realizados pelo LPI em parcerias internacionais, como é o caso do Cloud (Cosmic leaving outdoor droplets), ativo desde 2006 em colaboração com China, Portugal, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e outros países. “Em suma, em diversas análises das emissões solares, notamos que apenas o efeito desta estrela não seria o bastante para provocar as chamadas mudanças climáticas, portanto, haveria algum outro fenômeno agindo. O Cloud atua, assim, para entender o papel dos raios cósmicos sobre nossa atmosfera e na formação das nuvens”, esclarece o professor.

Ele também pontua a atuação de destaque em diversos projetos de vários estudantes de pós-graduação do CRAAM/CAGE, assinalando a importância na formação de pesquisadores para atuarem em pesquisas de relevância no cenário global.

Plateia seleta

Makhmutov e Raulin se apresentaram para uma plateia de alto nível, estando entre os presentes Vera Lucia Requia Kuntz, da Academia Mackenzista de Letras (AML); Lúcia Akemi Miyazato Saito, do MackGraphe; além de demais especialistas em diversas áreas como Engenharia, Química, Física e outras, bem como imprensa especializada.