Especial Dia Nacional do Livro: 5 obras com finais polêmicos

Confira a lista de livros que podem render uma boa discussão

29.10.2019 - EM Atualidades

Comunicação - Marketing Mackenzie


Para comemorar o Dia Nacional do Livro, celebrado nesta terça-feira, 29 de outubro, teremos uma edição especial do #FavoriteiMackenzie. Conversamos com o professor de literatura do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Cristhiano Aguiar, que nos indicou cinco livros polêmicos: são histórias nas quais os enredos são tão bem construídos que abrem margem para várias interpretações. 

Talvez você já conheça um livro bem famoso deste tipo: Dom Casmurro, de Machado de Assis. Por conta deste livro, já ocorreram várias “tretas” nas redes sociais discutindo se Capitu teria ou não traído Bentinho. Agora, além deste clássico, você poderá se deliciar com outros livros bastante “tretosos”.

Aliás, já que esta data foi escolhida para ser o Dia Nacional do Livro, por conta da fundação da Biblioteca Nacional, em 1810, no Rio de Janeiro, dá para aproveitar e passar em algumas das várias bibliotecas da nossa Universidade para escolher um destes livros. Que tal?

É só se preparar para mergulhar nestas obras e depois poder discutir com os amigos as múltiplas possibilidades de final destas histórias! 

1) Grande Sertão: veredas, João Guimarães Rosa

Neste livro, mergulhamos pelo universo do sertão de Minas Gerais, ao acompanhar os dramas pessoais do ex-jagunço e agora fazendeiro Riobaldo. O personagem narra sua história ao entrar na vida de jagunço, na qual faz amizade e logo se apaixona por um companheiro do seu bando, chamado Diadorim. 

Para o professor, a paixão é um dos pontos de debate, pois somente no final uma revelação chocante muda completamente a visão do personagem. Além disso, em determinado ponto, Riobaldo faz um pacto com o diabo para vingar a morte do pai. “O enredo é ambíguo: houve mesmo o pacto? O diabo existe na obra? As possíveis respostas a essa questão continuam a movimentar o debate sobre o maior romance brasileiro do século XX”.

2) Laços de família, Clarice Lispector

Considerado um dos mais famosos da autora, nesta obra acompanhamos vários contos em que as personagens, geralmente mulheres, entram em crise com a sua vida cotidiana, com seu emprego, com seu casamento, e passam a questionar a sua própria existência. “Embora pouca coisa aconteça nos enredos de cada conto, gerações de leitores se perguntam o que levou as personagens de Laços de família a reagir da maneira como reagem, a embarcar em estados de investigação existencial que nós, na teoria da literatura, chamamos de ‘epifanias’. Qual o significado das epifanias vividas pelas personagens? O que elas significam exatamente? As respostas continuam em aberto”.

3) Sonetos, de Luís Vaz de Camões

O grande mistério deste livro está no fato de se saber muito pouco sobre o autor português, que também escreveu Os Lusíadas. “Durante séculos, por termos poucos registros históricos confiáveis sobre Camões, incontáveis leitores tentam adivinhar, a partir da leitura dos seus poemas, em especial dos seus sonetos, os sentimentos, amores e agruras do poeta. Esse é um mistério tão insolúvel quanto o de Dom Casmurro, por exemplo, e que fascina os leitores contemporâneos e futuros de sua obra”.

4) Livro do desassossego, Fernando Pessoa

Este livro é considerado o mais misterioso da literatura portuguesa, pois o autor não deixou uma forma final, antes de morrer. O debate, no caso, também gira em torno de como classificar a obra, já que não seria um romance, nem teria um enredo muito claro. “Parece mais com um diário, um conjunto de ensaios, ou de crônicas. Dessa maneira, os leitores do livro debatem entre si não somente o significado das suas passagens poéticas, cheias de múltiplos sentidos, mas também como classificar o livro”.

5) Eles eram muitos cavalos, Luiz Ruffato

Considerado um clássico contemporâneo da literatura nacional, a obra é um romance experimental, que não tem um enredo nem protagonista pré-definidos. Ambientado em São Paulo, na virada para os 2000, o livro é formado por capítulos curtos, que descrevem uma cena cotidiana, um diálogo ou até mesmo o conteúdo de um cardápio de um restaurante. “Qual o enredo de cada fragmento? Quem são exatamente os personagens? O que acontece na cena final do romance, há, por exemplo, a morte de um personagem, ou não? Essas são as questões de um livro fundamental para entender São Paulo e os caminhos da literatura hoje em língua portuguesa”.