2019 - Natália Nanni Fróes - Arquitetura e Urbanismo


Sempre sonhei em fazer intercâmbio de estudo e a Itália já era um interesse para mim por questões familiares. Logo que entrei no Mackenzie eu comecei a estudar italiano no Mackenzie Language Center para me preparar e já pesquisei sobre as opções de universidades parceiras. Escolhi como primeira opção o Politecnico di Milano por ser uma universidade bem conceituada internacionalmente e também por ter um curso de mestrado focado em preservação e design de restauro, e por recomendação do coordenador me inscrevi para a TU Graz, na Áustria, como segunda opção.

Me inscrevi enquanto estava no 6º semestre, assim já teria mais experiência no meu curso para poder cursar no exterior as aulas de mestrado que eu queria (precisa de no mínimo 3 anos cursados). Para o processo seletivo pedi indicações e cartas de referência para alguns professores com os quais me identificava, escrevi as cartas de motivação baseadas no que eu gostaria de fazer em cada faculdade e como já falava inglês fluentemente eu refiz o TOEFLS. Sabia que era importante ter boas notas, pois as faculdades que tinha escolhido são concorridas, por isso sempre tentei manter minhas notas mais altas.

Quando fui escolhida para ir para o PoliMi, fiz a inscrição no sistema da própria faculdade no qual muitos dos documentos que usei no processo anterior não foram usados, inclusive o certificado de inglês. A carta de aceitação é online e enviada para a COI, a minha demorou cerca 10 dias na primeira vez e um mês na renovação. Bem, mesmo com a demora de todo o processo valeu muito a pena, fui aceita e estava finalmente indo para o meu sonhado intercâmbio!

Para vir, pesquisei tudo antes: documentos para residir na Itália, passagens, onde poderia morar, seguro saúde, os horários das aulas que queria fazer e mantive contato com o International Office do Politecnico, fazendo várias perguntas. Para tirar o visto foi só juntar esses documentos mais a carta de aceitação. Minha dica é marcar no Consulado no fim do ano já que perto do Natal tem menos procura e meu visto saiu em 10 dias. E depois de tudo pronto, vim para Itália acompanhada do meu pai.

Chegando aqui, viemos direto para a cidade que eu moro, Mantova, onde tem o curso de mestrado Architectural Design and History. Na primeira semana já fui na faculdade, me matriculei oficialmente e aluguei um AirBnb para ficar por um mês enquanto conhecia mais a cidade e via onde ia morar. Até procurei aluguel mas como cheguei uma semana antes das aulas começarem a maior parte das pessoas já tinha com quem dividir, e embora simpáticos, os corretores só me ofereciam lugares muito caros e com compromisso de um ano.

Como a minha primeira vez na Europa, o que me surpreendeu foi o frio. Do lado de dentro estava sempre quente com o aquecimento, mas de noite quando saímos para jantar chegava a 3º e eu passei frio mesmo trazendo roupas bem pesadas.

Depois que meu pai foi embora é que a experiência começou mesmo. Morando sozinha em uma cidade menor, aprendendo os costumes diferentes de Mantova como horário de lojas que fecham no almoço, ir para todo lugar de bicicleta ou a pé, feira de quinta-feira, vários edifícios históricos que enchem de turistas, reciclagem obrigatória (moro na cidade mais sustentável da Itália) e claro, treinando meu italiano.

Assim que as aulas começaram, tivemos uma festinha de boas-vindas, um tour pela cidade (Patrimônio da UNESCO) e os outros alunos nos ajudaram a escolher as disciplinas. Nesses dias conheci muita gente de outros países: China, Tailândia, Japão, Venezuela, Chile, México, Turquia e alguns brasileiros também. Todos do curso de mestrado falam inglês porque as aulas são dadas nesse idioma, então não precisa se preocupar em falar italiano na faculdade. Aqui nesse campus só tem o curso de graduação em Arquitetura e o mestrado de preservação, então tudo aqui é bem focado no tema.

Escolhi quatro disciplinas no final, três em inglês e uma em italiano, todas sobre coisas que eu não poderia aprender no Brasil, mas que por enquanto estão sendo muito legais. Uma das matérias que eu queria fazer ficou com a turma muito cheia, então conversando com a coordenadora internacional e o coordenador do curso eles aceitaram colocar eu e uma outra aluna em uma aula mais avançada, o que foi incrível. Também é bom ressaltar que aqui existem matérias de verão e de inverno, então nem sempre todas estão disponíveis.

Aqui o ritmo é diferente e eu não tenho aula todos os dias e nem em horários fixos (alguns dias manhã ou tarde e às vezes o dia todo com pausa no almoço), além de ter várias aulas externas e a maior parte dos trabalhos ser em grupo. Nós tivemos também duas semanas de férias em abril em que aproveitei para ir conhecer Roma, e também duas semanas intensivas no evento Mantova Architettura em que tivemos um workshop de projeto em um edifício histórico da cidade com vários arquitetos famosos e palestras.Depois daquele mês de AirBnb, me mudei para um apartamento em uma residência estudantil e agora divido o apartamento com uma menina russa que também estuda na faculdade. O frio que eu passei no começo foi terminar só no meio de maio, o que foi péssimo, pois os italianos param com o aquecimento no meio de abril, já que para eles é primavera já. Agora que começou a esquentar a temperatura está por volta de 27º, então tragam roupas para todas as temperaturas.

Sobre os gastos, é importante estar bem preparado para os primeiros meses, além dos documentos e da viagem em si, precisei dar caução de aluguel e comprar coisas como louça, talheres, panos, cobertores e que mesmo comprando usados foram um gasto a mais. Moro em uma cidade pequena, então vejo que acabo gastando menos que minhas amigas de Milão, tanto em aluguel como transporte, e tem aquele gasto extra de viajar também né? Sempre vou para as cidades aqui perto como Modena, Bologna e Verona. No geral estou gastando por volta de 650 euros por mês.

Para quem vem pra Itália é legal ver os trens no site da Trenitalia e pra quem quer viajar na Lombardia também vale a pena comprar na estação o LombardyPass que custa 16 euros e você pode pegar qualquer trem, metrô e ônibus no mesmo dia.

Posso dizer que já estou acostumada a ir para a faculdade a pé, trocar os idiomas quando falo com as minhas colegas falando em italiano e em inglês, visitar outras cidades nos fins de semana e a coordenar os horários do Brasil para falar com a minha mãe. Estou morrendo de saudades e não paro de comparar Brasil/Itália. Quando terminar as provas e entregas de junho e julho vou aproveitar para conhecer outras cidades da Europa, já que aqui é tudo tão perto.

Dentre os pontos mais positivos sobre intercâmbio estão a minha experiência em morar sozinha, falar outra língua, conhecer novos lugares, fazer amigos de outros países e ter aulas que eu não teria no Brasil.

Se eu fosse dar uma dica para quem quer vir seria: escolher as aulas que quer fazer é muito importante porque eu acabei pegando aulas demais com cargas horárias grandes e que ocupam todo o meu tempo. As aulas são relativamente mais difíceis e eu não recomendaria pegar tantas matérias se for fazer projeto.

Também é bom saber sobre a cidade para onde você vai, onde pode morar e quanto planeja gastar, o resto vai ser tudo uma surpresa.

Espero ter ajudado com algumas dicas sobre as coisas que aconteceram no meu intercâmbio e se alguém quiser entrar em contato para mais dicas ou estiver pensando em vir para o Politecnico no campus de Mantova pode me mandar um e-mail: naty.nanni@hotmail.com

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