09.11.2018 Economia
Durante o II Fórum Mackenzie de Liberdade Econômica, evento organizado pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE) do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), que ocorreu nos dias 05 e 06 de novembro, Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central do Brasil e economista-chefe da Rio Bravo Investimentos, e um dos criadores do Plano Real, esteve no campus Higienópolis em palestra organizada em parceria com Liga Mackenzie Finance.
O especialista trouxe algumas perspectivas a respeito do cenário econômico e político do Brasil para o próximo ano e também tratou um pouco da sua nova obra “A moeda e a lei: Uma história monetária brasileira, 1933-2013”, que trata da narrativa monetária do país, seus abusos, excessos, erros e acertos. Franco trabalha a obra sob uma perspectiva econômica e do Direito, colocando suas experiências práticas no livro, além de sua extensa pesquisa.
Brasil em 2019
Para Franco, as perspectivas não estão ainda tão claras para o ano que vem, mas diz que as nuvens estão se dissipando. “A poeira levantada pelo processo eleitoral foi muito grande e, assim que ela baixar, ficaram afastados alguns medos que a campanha levantou, em especial quanto ao futuro da democracia, o papel do Congresso, etc. Tais medos, progressivamente, vão desaparecer e vai emergir uma presidência como qualquer outra, mais à direita dessa vez, sendo que a anterior foi mais à esquerda”, pontua ele.
Segundo o economista, existem similaridades de personalidade entre o presidente eleito (Jair Bolsonaro) e a anterior (Dilma Rousseff): nenhum dos dois é nenhum intelectual e ambos têm temperamento difícil. “Agora vamos torcer para que dê certo, uma vez eleito, uma vez proclamado o resultado, a todos nós brasileiros cumpre trabalhar, torcer para dar certo”, comenta.
Quanto ao rumo econômico, Franco crê que certas tendências do Governo Temer serão mantidas, inclusive algumas pessoas. “Parte do time do Ministério da Fazenda foi convidado a permanecer. É de se esperar que a política e orientação fiscal seja mantida, ou mesmo aprofundada, e que a agenda de reformas regulatórias em busca de uma natureza mais liberal também seja aprofundada”, diz.
“Tudo isso por enquanto, por pronunciamentos do Paulo Guedes”, afirma Franco, “ainda precisamos de confirmação do próprio Guedes como ministro, do próprio presidente, enfim, quanto a isso tudo. Então, está cedo para ser muito específico no que que vem por aí. Tem pouco tempo que o resultado foi anunciado”, completa o economista.
A moeda e a Lei
Em relação ao seu novo livro, Franco conta que é uma história da moeda do Brasil num período pouco estudado desse jeito, de 1933 a 2003, um recorte de 80 anos de história contemporânea com um viés de Economia e Direito. “É uma obra feita à luz da minha própria experiência em Brasília, sobre o que foi fazer política econômica ao lado de pessoas que falam esse idioma das leis, pois é com elas que a gente tem de fazer reformas e mesmos políticas econômicas, é preciso aprender essa linguagem e conectar as áreas”, enfatiza o autor.
Originalmente, o livro era um curso oferecido aos alunos no último período de Economia com o intuito de treiná-los sobre como dialogar com advogados. “Aproveitei para trazer materiais de minha experiência em Brasília e como professor, muitas curiosidades acadêmicas que apareceram nas ocasiões e não puderam ser exploradas com a profundidade desejada. Dessa forma, a obra fica muito enriquecida com a minha experiência de primeira pessoa ao longo da reforma monetária do Plano Real”, encerra ele.
Franco palestrou no Mackenzie no segundo dia de evento, quando estiveram presentes também as autoridades mackenzistas: Benedito Guimarães Aguiar Neto, reitor da UPM; Marco Túllio de Castro Vasconcelos, vice-reitor da UPM; Vladimir Fernandes Maciel, coordenador do CMLE; Ulisses Monteiro Ruiz e Gamboa, professor do CCSA; José Francisco Hintze Júnior, da Diretoria de Desenvolvimento Humano e Infraestrutura (DESIN) do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM); André Ricardo de Almeida Ribeiro, da Diretoria de Estratégia e Negócios (DIREN) do IPM; e reverendo Gildásio Jesus Barbosa Dos Reis.