02.04.2020 - EM
Nesta quinta-feira, 2 de abril, é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, uma data para marcar o amplo processo de conscientização e aprendizado sobre pessoas que possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A data foi estabelecida pela ONU, em 2007, justamente como forma de lembrar a ampla inclusão destas pessoas na sociedade.
De acordo com a professora da pós-graduação em Psicopedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Fernanda Orsati, tão relevante quanto a conscientização é a aceitação das pessoas com TEA. “É muito importante pensar que ainda temos muito o que trabalhar para que as pessoas com o transtorno do espectro autista sejam realmente aceitas em todos nossos ambientes”, diz a especialista, que também faz parte do laboratório de Neurociência da UPM.
“É preciso que a gente aceite, inclua e dê oportunidades para pessoas que tenham as mais diferentes características dentro do TEA. Quando dermos esses suportes, vamos conseguir ver o valor e a contribuição das pessoas com autismo”, explica a professora.
Covid-19
No atual momento em que o mundo sofre com a pandemia do coronavírus, pessoas com TEA também sofrem bastante com as imensas mudanças provocadas pela quarentena. Por isso, é necessário compreender a importância de se comunicar e manter abertura para o diálogo. Fernanda Orsati pontua que as famílias devem conversar com crianças e jovens que possuem o transtorno, e encontrar formas didáticas para mantê-las informadas. Ela menciona algumas ações, como uso de histórias e notícias, para explicar aos poucos a real situação da pandemia.
As famílias também devem manter um canal de comunicação, pois pessoas com TEA podem ter dificuldade para nomear sentimentos e sensações. “Se para a gente é muito fácil falar que está com medo ou está entediado por estar em casa, muitas pessoas com autismo têm dificuldade de nomear sentimentos”, diz a especialista, apontando que os mecanismos para tal situação também devem ser diferenciados.
Todavia, por serem pessoas que podem desenvolver um hiperfoco em determinados assuntos, é necessário ter um equilíbrio no manuseio das informações sobre o coronavírus..
Outro aspecto importante é o cuidado com a rotina, já que é uma das necessidades comuns de pessoas com o transtorno. “Se a gente conseguir criar rotinas novas e consistentes, resgatar coisas da rotina anterior e ter uma ordem para o dia, haverá uma segurança melhor e ajudará a pessoa com o espectro do autismo a se organizar”, declara Fernanda.
A especialista ainda menciona que existem diversos aplicativos para desenvolver habilidades cognitivas e acadêmicas. A leitura de livros e a prática de atividades físicas, mesmo dentro de casa, também são importantes para superar o momento com saúde e tranquilidade.