Os impactos do Coronavírus na economia

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Epidemia pode provocar efeitos danosos na produção mundial e também brasileira 

16.03.2020 - EM Atualidades

Comunicação - Marketing Mackenzie


A crise do coronavírus tem provocado temor nas pessoas e levado líderes mundiais a pensarem em estratégias para conter o avanço da doença – que, apesar de não ser tão letal, possui uma taxa de transmissão muito alta. Até o momento, mais de 100 países reportaram à Organização Mundial de Saúde (OMS) casos do covid-19 (o vírus que provoca a doença). 

No mundo todo, de acordo com a organização, mais de 100 mil pessoas foram diagnosticadas e 3,8 mil morreram em decorrência da doença. No Brasil, mais de 300 casos foram confirmados, duas mortes confirmadas.

Apesar dos números e da velocidade de contágio, os perigos do Coronavírus não estão apenas na área da saúde. Na economia, os impactos desta epidemia serão imensos, de acordo com o coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE), do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Vladimir Maciel. “O alarmismo fez com que uma doença não tão letal se tornasse potencialmente muito letal, do ponto de vista econômico”, diz o especialista.

Alguns casos recentes mostram que impacto da epidemia na economia global é eminente. A recente forte baixa na Bolsa de Valores, a alta do dólar, a diminuição de trocas comerciais internacionais, além do cancelamento e/ou adiamento de eventos internacionais (desde lançamento de produções cinematográficas até eventos esportivos), deixaram claro que o coronavírus tem impacto na geração de riqueza em todo o globo.

“Devemos nos preocupar com as consequências econômicas da doença e a quantidade de vidas que podem ser afetadas em termos de emprego, renda e oportunidades”, afirma Vladimir Maciel. 

A maioria dos impactos está relacionada com a produção econômica da China, país considerado o epicentro do coronavírus, que tem mais de 80 mil casos da doença e registrou 3 mil mortes. Milhares de processos produtivos espalhados pelo globo dependem de insumos, peças, partes e componentes fabricados em Wuhan, região onde surgiram os primeiros casos. A redução do nível de atividade industrial, portanto, afetaria o mundo inteiro, não só ali, mas por conta do rápido avanço do medo da doença .

Com isso, além do impacto na atividade industrial, o comércio de varejo de produtos chineses também será bastante afetado. Maciel, inclusive, prevê perda de faturamento em polos comerciais populares, como a 25 de março, em São Paulo, e o Saara, no Rio de Janeiro. “Importadores e comerciantes de produtos acabados chineses sofrerão falhas de abastecimento e terão redução de venda por falta de mercadorias”, aponta o professor.

Outro ponto preocupante é turismo, que possui impacto direto e expressivo no PIB de diversos países, inclusive o do Brasil. Ásia e Europa, principalmente na Itália – que é o segundo país com mais casos de coronavírus –, terão fluxo de viagens reduzido, o que afetará toda a cadeia do setor, que envolve a rede hoteleira, agências de viagem e companhias aéreas. 

Ainda é necessário incluir a queda no volume de exportações, principalmente em commodities e bens intermediários, dois produtos expressivos da economia brasileira. “A redução do ritmo da produção industrial reduz a procura por itens importantes de nossa pauta de exportações”, assinala Maciel.

Para o professor, este cenário provoca uma grande preocupação, já que o panorama de crescimento da economia brasileira não era dos mais favoráveis e será bastante afetado pela epidemia global. Portanto, neste ano, a economia nacional deve repetir o desempenho de 2019 que, nas palavras do professor, pode ser considerado “pífio”. 

Na avaliação de Maciel, o cenário pode ser revertido, caso o governo se comprometa a entregar reformas econômicas e promova privatizações relevantes. “Somente uma mudança profunda nas expectativas dos investidores (nacionais e estrangeiros) sobre as potencialidades de negócios em nosso território seria capaz de compensar os efeitos econômicos danosos do coronavírus”, conclui o professor.