04.12.2017
Gabiroba, grumixama, cambuci, guabijú, araçá. Você conhece esses frutos? Todos eles são nativos do Brasil. Maçã, banana, laranja e uva, essas que você com certeza conhece, não.
Essa foi a pauta do Simpósio Internacional Biodiversidade para Alimentação e Nutrição, realizado nos dias 27 e 28 de novembro, na cidade de Brasília, Distrito Federal. O evento faz parte do projeto Biodiversidade para Alimentação e Nutrição (BFN em inglês) coordenado pela Bioversity Internacional em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura e a ONU Meio Ambiente.
As professoras da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Andrea Guerra (Nutrição), Paola Biselli (Tecnologia em Gastronomia) e a aluna Rita Fernandes (Nutrição), junto com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), unidade de Santos, participaram do evento. Países como Quênia, Sri Lanka, Turquia também foram representados no encontro.
Como explica a professora Andrea Guerra: “o objetivo fundamental do projeto BFN é a conservação e a promoção do uso sustentável da biodiversidade”, de modo a contribuir na melhora da segurança alimentar e nutrição humana.
Segundo a professora Paola, muitas espécies comestíveis nativas do Brasil não são reconhecidas e, por isso, acabam entrando nas estatísticas de extinção. Um dos intuitos do projeto é incluir esses frutos na dieta nacional. “É uma honra participar de um projeto que discuta quais plantas serão importantes para o futuro e também resgatar a tradição das culturas”, explica Paola.
Uma das atrações do Simpósio foi a “Cozinha Show”. A equipe do Mackenzie apresentou um molho pesto da planta taioba, servido com macarrão. "A taioba é pouco encontrada nos grandes centros, mas é muito conhecida no interior de São Paulo e Minas Gerais. Tem sabor e aplicações culinárias semelhantes as da couve e do espinafre, com elevados teores de ferro e equivalentes de vitamina A. Por apresentar ácido oxálico o cozimento ou branqueamento é necessário", explica a nutricionista Andrea. O molho pode ser aplicado em saladas, sanduíches, peixes, ou em massas, como foi servido no dia.
“As espécies nativas são riquíssimas em propriedade nutricional e as pessoas não consomem porque não estão no dia-a-dia, ou porque simplesmente não sabem desde o básico, como descascar por exemplo”, conta Paola. Ao falar sobre a razão de a população brasileira não consumir essas espécies, a professora diz “Nós temos um resquício histórico de falta de valorização do que é brasileiro, da nossa cultura. Isso vem da colonização. Em função disso nós perdemos grande parte da nossa biodiversidade”, finalizou.