O Brasil é o segundo maior importador de azeite do mundo. Porém, cotidianamente, a população tem consumido um produto de baixa qualidade ou até mesmo adulterado. Com a ideia de alterar essa realidade, pela primeira vez no país, é realizado o Concurso Internacional de Azeite, entre os dias 14 e 16 agosto, na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), no campus Higienópolis.
“É para colocar o azeite em um patamar de realidade, porque as pessoas não conhecem bem o que é o azeite. É difundir em meio à população o que é bom azeite e o que é mau azeite”, explica o organizador do evento, Maurício Gouveia.
No concurso, participam mais de 95 marcas de azeites, de oito países, considerados os maiores produtores deste óleo do mundo. Dez jurados de renome internacional estão no hall de avaliadores, sendo que três deles são estrangeiros. No final, serão premiados os dez melhores produtos. Além disso, o melhor de cada hemisfério será condecorado.
Na avaliação da professora de gastronomia da UPM, Paola Biselli, sediar este concurso é uma oportunidade para a disseminação de azeites de qualidade. “É fundamental para a gente começar a entender um pouco mais sobre esse produto tão importante na nossa gastronomia, na nossa cultura, mas que ainda não consumimos com qualidade’, diz.
Para a diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UPM, Berenice Carpigiani, sediar este evento é um ganho acadêmico e relacional para a Universidade. “Aprofundar o estudo, o conhecimento sobre a qualidade do azeite, traz para o profissional da área da alimentação um embasamento teórico que vai fazer com que seja melhorada a relação com a comida”, afirma.
Produção
Apesar de ser um dos maiores consumidores de azeite no mundo, o Brasil está bem atrás na produção e exportação deste alimento. A razão é que a oliveira, árvore que produz as azeitonas, é aversa ao clima no Brasil, já que é um vegetal que se produz em climas próximos ao desértico.
Apesar disso, no país existem boas marcas de produção nacional. “Essas marcas nacionais, em geral, produzem para abastecer a região em que elas estão. São poucas as que têm produção maior para expandir e chegar em outros mercados”, explica Paola.
Para ampliar os índices de mercado do azeite brasileiro, os especialistas que estiveram nesta quinta-feira, 15 de agosto, na UPM para a abertura do concurso, defenderam que o Brasil deve investir em uma tecnologia totalmente nacional e não apenas importar máquinas europeias.
Base da alimentação
De acordo com Paola, o grande consumo de azeite no Brasil é fruto da influência da cozinha mediterrânea no país, principalmente na cidade de São Paulo, que acolheu muitos imigrantes de nações como Espanha, Itália, Líbano e outros países do Oriente Médio.
Apesar dos altos índices de consumo, no Brasil, existe a cultura de não se consumir um azeite de qualidade. Para ser considerado como tal, é necessário verificar não apenas a marca, mas também a safra das azeitonas, o envasamento e outros fatores. Por isso, comprar um azeite é quase como comprar um vinho.
“Um azeite bom, do ponto de vista técnico, tem sabor bem intenso e bem fresco de azeitona, e tem um amargor importante. Raramente, encontramos um azeite de qualidade em restaurantes”, enfatiza Paola .
A professora de gastronomia explica que, no geral, o azeite consumido no Brasil costuma ser adulterado, pois o produto da oliva é misturado com outros tipos de óleo. Tal prática, não apenas torna o produto ruim, como também pode trazer malefícios para a saúde. “Ter uma exigência do consumidor por um azeite de qualidade, faz também ele lutar por um produto que faça melhor sua saúde”, conclui.