Neste dia 16 de abril, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) comemora os 68 anos de sua instalação. É uma longa trajetória de desafios e conquistas, voltados à qualidade de ensino e contribuição para a sociedade paulista e brasileira. Para Marco Tullio de Castro Vasconcelos, reitor da UPM, o momento é de agradecimento, “aos antigos reitores que por aqui passaram, aos nossos professores e alunos, ao Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), que é nosso mantenedor, e aos nossos colaboradores que fazem esta Universidade ser reconhecida e especial”, celebra.
Segundo conta o reitor, a relevância da UPM tem se fortalecido ao longo da história, e se fazia presente antes mesmo de sua organização como Universidade, pois já investia, com muita competência e qualidade, na formação de pessoas. “Olhando para trás, podemos verificar a quantidade de marcas que a UPM foi deixando. É muito difícil de dissociá-la da história de governos, empresas, associações e de líderes que saíram do Mackenzie em todas as áreas, da Engenharia ao Direito, dos Negócios às Comunicações, à Saúde, etc.”, relembra ele.
Vasconcelos pontua que a Universidade foi amadurecendo e se fortalecendo ao longo do tempo e que este marco permite agradecer a contribuição de todos, inclusive aqueles que atuaram no passado. “Queremos agradecer nosso funcionário dedicado, segurança, portaria, atendimento, laboratório, apoio, secretárias, professores, que são apaixonados, todos. Não dá para passar sem dizer muito obrigado, são conquistas compartilhadas”, assinala.
Para ele, os 68 anos também significam um caminho de desenvolvimento, aprendizado, com fortalecimento da pesquisa e da pós-graduação, que vem sendo consolidada nas duas últimas décadas. “Isso tudo com esforço e aperfeiçoamento, com a contribuição dada por um conjunto de pessoas: professores, gestores, antigos reitores, chanceleres, presidentes do IPM, que tem apoiado o funcionamento da Universidade ao longo da sua trajetória. É um momento de gratidão, pois essa é uma história construída de maneira conjunta”, complementa o reitor da UPM.
Tripé da educação
Vasconcelos ressalta que a Universidade tem sua base no tripé do ensino, pesquisa e extensão. Além do ensino em si, há importantes ações e projetos em extensão ligados à educação, saúde, restauração de pessoas e vidas, reinserção no mercado de trabalho, etc.
Em pesquisa, ele cita que o Mackenzie tem mantido seu investimento em projetos de qualidade, que transformem a vida em sociedade, “realizando processos, desenvolvendo novos softwares, plataformas, ou na forma como as pessoas se comunicam, em materiais que são mais apropriados e causem menos impacto ao meio ambiente, que tenham maior durabilidade, maior ganho de rendimento energético”.
Um pouco antes...
Foi em 1896 que teve início o curso da Escola de Engenharia do Mackenzie, com diplomas ainda emitidos pela Universidade de Nova Iorque. Ao longo do tempo, novos cursos e unidades foram acrescentados e, em 1952, o então presidente Getúlio Vargas assinou o decreto que reconhecia a instituição como universidade, na ocasião já com quatro escolas superiores.
De lá para cá a UPM cresceu e aumentou sua importância na sociedade, contando hoje com três campi – seu mais antigo e famoso, em Higienópolis, em Campinas e também em Alphaville – e cerca de 30 cursos de graduação, além de seus programas de pós-graduação nas modalidades de lato e stricto sensu.
Para o chanceler do Mackenzie, reverendo Robinson Grangeiro, os 68 anos da UPM faz lembrar os pequenos começos do próprio Mackenzie, em 1870, que nos remete a uma pequenina sala de aula do casal Chamberlain, que originou a Escola Americana e, posteriormente, o próprio Instituto Presbiteriano Mackenzie.
“Daquele começo aparentemente fadado ao fracasso, da ousadia de tentar colocar filhos de escravos e de aristocratas, brancos e negros, meninos e meninas no mesmo ambiente de ensino-aprendizagem, abrindo mão de castigos físicos e inovando na forma de educar, daquele início vieram todos os avanços do Mackenzie. Um dos maiores, sem dúvida, aconteceu quando a UPM foi reconhecida como Universidade, com os seus primeiros 1.155 alunos que faziam parte das escolas superiores já em funcionamento daquela época como a pioneira de Engenharia; a de Filosofia, Ciências e Letras, que começou em 1946; a de Arquitetura, em 1947; e de Ciências Econômicas, em 1950”, explica o chanceler.
O reverendo resgata que, durante sua história, a UPM passou por diversos momentos de crise, como a ocorrida quando, em 1966, o decreto nº 47.379 do governador do estado de São Paulo, Laudo Natel, desapropriou os bens imóveis do IPM, ameaçando a sua sustentabilidade. “Apesar desses momentos críticos, nossa instituição vai comemorar 150 anos como um todo e celebra hoje 68 anos da Universidade, portanto, devemos ter a certeza de que sairemos dessa pandemia também”.
As comemorações que até então estavam todas planejadas para serem festivas e grandiosas não poderão acontecer da maneira como planejadas nesse momento, mas Grangeiro relembra que Jesus Cristo é o dono do Tempo e da História e nos ensina a chorar com os que choram e sorrir com os que sorriem.
“Assim, nossa celebração é sincera e verdadeira, mas ao mesmo tempo discreta, porque nos solidarizamos com as famílias enlutadas e com aquelas que sofrem hoje com a angústia e o medo daqueles que acompanham seus familiares enfermos. Estamos, por isso, completamente alinhados com as recomendações das autoridades sanitárias do país. Nossos campi estão vazios, mas nossos corações estão cheios de gratidão por essa data tão significativa”, acrescenta o chanceler.
A história ensina
José Inácio Ramos, presidente do IPM, comemora os 68 anos de existência da UPM relembrando de sua contribuição para o progresso de São Paulo e do Brasil, formando uma gama enorme de profissionais que carregam a marca indelével do Mackenzie. “São pessoas de capacidade aguçada, grande cultura, propriedade na tomada de decisão e que, mesmo que não professem nossa fé, carregam o ensino desses princípios e valores”, destaca.
Neste período que enfrentamos como país e mundo por conta da pandemia da covid-19, e tendo de celebrar a distância, Ramos diz que a história ensina muito e que a Universidade, e o Mackenzie, de forma geral, já passou por tempos difíceis antes. “Temos de identificar o que passamos, tirando lições e corrigindo os rumos para o futuro, esmerar-se na conduta e modo de ajudar a sociedade e cada pessoa. A cada crise superada, aprendemos bem e solidamente”.
Sobre o momento, Vasconcelos afirma que não se recorda de um aniversário da UPM nos últimos anos que ocorresse da maneira que estamos passando agora, por conta da quarentena. “Creio que esse período é de superação, reafirmação de quem nós somos como instituição compromissada com o ensino, que respeita as famílias, os alunos, que tem compromisso com a qualidade”, acrescenta.
O reitor sublinha que, apesar das limitações impostas, a comunidade tem mostrado o seu lado resiliente, forte. E que a “perspectiva da qualidade, assumida no nascedouro da instituição, bem como o compromisso ético com a sociedade, faz com que queiramos fazer bem feito tudo ao que nos propomos. Isso porque, acima de tudo, esse compromisso é com Deus, mas também com os homens e as organizações”.
Confessionalidade
O chanceler do Mackenzie nos relembra que o trabalho realizado na Universidade, e na instituição como um todo, tem como base os princípios cristãos da fé reformada e que isso guia a identidade da organização sem segregar pessoas que professem diferentes credos e sem comprometer estudos, pesquisas e ensino.
O ambiente criado, assim, dá a condição para que os colaboradores, professores e alunos se sintam absolutamente confortáveis para considerar aquilo que o Mackenzie propõe, sem se sentirem violentados e, ao mesmo tempo, se sentindo motivados a considerar esses valores e essas convicções como fundamentos para a maneira de agir, viver e existir.
Segundo explica, quando olhamos para a identidade institucional, um dos aspectos dessa identidade é que a formação moral tem uma valiosa contribuição à sociedade e que ali, na Universidade, há uma oportunidade especial para que conceitos, princípios e valores que norteiam atitudes, decisões e relacionamentos sejam revistos, fortalecidos, transformados, ou mesmo abandonados em favor de novos referenciais de vida.
“Nessa época tão polarizada, em que muito se fala de ciência, a importância do Mackenzie é relembrar que é possível, sim, fazer ciência a partir de uma identidade confessional e nós, ao longo desses 150 anos como um todo e 68 anos da UPM, procuramos preservar esse caráter”, diz Grangeiro.
“É preciso destacar, ainda, que a cosmovisão de valores decorrentes da condição de fé do Mackenzie não busca uma uniformização identitária de colaboradores, professores e alunos. O conceito de Universidade se enquadra, justamente, no respeito à individualidade, ao contraditório, à pluralidade de pensamento e divisões do mundo”, complementa o chanceler.
Além disso, o ambiente de acolhimento, apoio e assistência espiritual promovido pelas capelanias, supervisionadas pela chancelaria, “mostram que essa confessionalidade apoia e auxilia o trabalho, não apenas da Universidade, mas de cada pessoa que faz parte da grande e fraterna comunidade mackenzista”, adiciona ele.
Saudades e saúde
O presidente do IPM fala por todos os mackenzistas quando faz menção ao sentimento experimentado nesse período. “Gostaríamos que esse momento de afastamento fosse breve, mas precisamos preservar as pessoas em primeiro lugar, esta é nossa prioridade”, pondera Ramos.
O reitor da UPM concorda colocando que, “todos nós, em nossas mentes e corações, temos uma satisfação grande porque o Mackenzie não está parado. Mesmo com as adversidades, continuamos trabalhando, não somente superando as questões de curto prazo, mas já se debruçando sobre como vamos operar no futuro. O Mackenzie estará vivo amanhã, não importa a dificuldade”.
Vasconcelos reconhece que essa pandemia é um problema mundial e que a UPM, como uma instituição social que se relaciona com as pessoas, sofre por vários motivos, mas não desanima. “Ficamos tristes de estarmos distantes de nossos colegas, professores, funcionários, alunos. Nosso trabalho é relacional, de comunicação, sorriso, compartilhamento, da sala de aula. Sentimos falta até mesmo da contemplação da beleza do nosso campus. Estamos sendo privados de tudo isso agora, mas tenho a firme esperança de que essas coisas passarão e vamos voltar à plena carga, com alegria. E vamos ser diferentes, quem sabe aproveitar melhor, valorizar mais os colegas, o professor, usar melhor as instalações, bibliotecas, etc.”, finaliza ele.