Em visita ao Brasil pela primeira vez, Ângelo Manuel Gonçalves Jacob, professor do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) de Portugal, esteve no Mackenzie, campus Higienópolis, na tarde de 26 de março, para conversar com os alunos de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e apresentar sua palestra Ferrovia de Alta Velocidade versus Levitação Magnética, baseada em seu trabalho, recentemente apresentado a pesquisadores no congresso mundial MAGLEV 2018, na Rússia, sobre o conceito ProDynamic.
Como contou Jacob, países da Europa e Ásia já possuem uma utilização consolidada de ferrovias de alta velocidade, tanto para transporte de passageiros quanto de cargas. “Atualmente, os sistemas mais eficientes e velozes do mundo são os comboios de Alta Velocidade: Shinkansen, TGV, ICE e FRECCIAROSSA, superando os 300 km/h. Este tipo de modal mais veloz é muito eficiente na Europa e no Japão para o transporte em massa de passageiros, e está crescendo rapidamente tambémna China”, afirma ele.
Ele destaca que apesar da eficiência e evolução deste tipo e transporte, que teve início em 1962, no Japão, as linhas ferroviárias de alta velocidade têm algumas limitações técnicas e elevados custos na manutenção da superestrutura. “E foi neste contexto de busca e pesquisa por novas tecnologias que surgiu o conceito de Levitação Magnética”, diz.
O professor explica que a primeira grande vantagem deste novo sistema é que não há contato entre os materiais e, consequentemente, não existe desgaste por atrito, o que em termos de manutenção da infraestrutura, diminui custos. Ele pontua, ainda, que os veículos desenvolvidos até agora têm um peso menor do que uma composição ferroviária comum, pesando cerca de 30% menos. “Em termos de capacidade de carga, no entanto, é equivalente e, caso haja um aumento de carga é uma questão de gerar um campo magnético mais forte para compensar; por enquanto, está previsto apenas o transporte de passageiros e os estudos mostram que a tecnologia atende bem”, pontua.
Dificuldades e vantagens
Segundo Jacob, por ser uma tecnologia muito recente, as composições movidas à levitação magnética ainda são caras, logo, este é o grande desafio a ser superado. “Ainda há que se desenvolver sistemas mais eficientes na questão de estabilização dos campos magnéticos e será necessário definir criteriosamente qual modelo vamos seguir, porque há dois modelos internacionais, um alemão e um japonês. Acredito que até a consolidação deste transporte teremos entre 10 e 20 anos”, sugere ele.
A levitação magnética, em termos de transporte terrestre para elevado número de passageiros, tem apresentado boas expectativas em comparação com a aviação e também com a indústria ferroviária de alta velocidade. “Este novo conceito vem revolucionar o transporte de passageiros, tanto nas velocidades como nos custos de investimento e manutenção, além de economia de energia”, complementa.
Jacob tirou dúvidas dos alunos a respeito deste modal que pode contribuir muito com a mobilidade urbana e descrever sua nova pesquisa idealizada pelo ISEP e apresentada durante o MAGLEV 2018, tratando um novo conceito de sobrelevação dinâmica, promissor em termos de geometria, montagem e circulação em curva, designado de ProDynamic.
Sobre conhecer o Mackenzie e ter a oportunidade de se apresentar aos estudantes da Escola de Engenharia (EE) da Universidade, Jacob diz que é um grande prazer estar aqui e poder conhecer mais sobre a UPM e do Brasil como um todo, e fez um convite. “Se tiverem a oportunidade, por favor, conheçam a cidade do Porto, somos nações irmãs, com muitas proximidades culturais e devemos aproveitar isso”, conclui ele. A seguir, Jacob viajará ao Paraná, onde apresentará seu estudo a outras instituições de ensino superior.