No Mackenzie a literatura tem um papel fundamental no dia a dia dos estudantes e colaboradores. No dia 25 de julho, é comemorado o Dia Nacional do Escritor e, para comemorar esta data, conversamos com o professor do Centro de Comunicação e Letras (CCL), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), e membro da Comissão para Promoção de Conteúdos em Língua Portuguesa (Câmara Brasileira do Livro), Cristhiano Motta Aguiar.
Nascido em Campina Grande, na Paraíba, em 2012, o docente foi eleito pela revista de literatura britânica "Granta" como um dos 20 melhores jovens autores brasileiros durante a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).
Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor em Letras pela pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Aguiar também já teve sua experiência em terras estrangeiras como pesquisador visitante pela University of California, em Berkeley, e participou como escritor-residente do British Centre for Literary Translation, na University of East Anglia. Este ano, o professor realizou, com o apoio de uma bolsa do MackPesquisa, duas pesquisas de pós-doutorado na Princeton University.
Além de seu último livro "Gótico Nordestino", lançado em 2022, vencedor, no mesmo ano, do Prêmio Clarice Lispector de melhor livro de contos (Fundação Biblioteca Nacional), o docente também é autor das obras “Ficção em Pernambuco” (2021), “Na outra margem, o Leviatã” (2018), e "Espaços e narrativas ficcionais: uma introdução” (2017).
Confira abaixo um bate-papo com o escritor:
Como você concilia a vida de professor com a de autor?
“Durante muito tempo tentei achar a fórmula mágica que faria com que eu conciliasse à perfeição as duas carreiras. Hoje relaxei bem mais quanto a isso e foi quando relaxei que achei uma forma de equilibrar melhor estes dois aspectos da vida. As duas profissões demandam muita energia e comprometimento. A equação para conciliar com a vida acadêmica foi complexa, mas no fim deu tudo certo.”
Como tem sido sua trajetória como um autor nordestino em uma indústria que é centrada no Sudeste - especialmente no eixo Rio/São Paulo?
“Eu acredito que há muitos estereótipos sobre o Nordeste e nordestinos, em especial no Sul e Sudeste. Por isso, gosto de levantar este debate, que acabou ficando impresso no próprio título do meu livro. Este é o motivo da minha ênfase, que não significa, claro, esquecer da riqueza da cultura brasileira produzida em todas as regiões do país. A indústria editorial brasileira tem como um dos seus centros principais os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, sem dúvidas. Para uma carreira de autor, não é preciso morar nesses estados, mas para uma maior visibilidade ter conexão com ambos ou com um deles ainda é fundamental.”
Em suas redes sociais você fala bastante a respeito da nova literatura brasileira. Como você enxerga essa nova literatura e quais são os seus destaques nessa nova onda?
“A literatura brasileira está em constante processo de renovação, então ela está sempre se tornando “nova” nestes termos. Eu gosto e admiro bastante a nossa literatura. Não por acaso, atualmente sou professor de literatura brasileira na graduação em Letras e uma das disciplinas que ensino no nosso Programa de Pós-graduação em Letras busca pensar a produção contemporânea brasileira. Uma palavra-chave para entender a produção atual é “diversidade”: temos uma pluralidade de poéticas mais consolidada hoje do que em décadas anteriores. Isso diz respeito a não só novos perfis de quem escreve literatura brasileira, mas novos caminhos estéticos percorridos por essas autorias.”
Existe uma nova geração de estudantes e jovens autores que, muitas vezes, possuem receios de entrar no mercado literário. Você tem uma mensagem para aqueles interessados no mundo da literatura?
“Além de ter sido com muito orgulho aluno do Programa de Pós-graduação em Letras do Mackenzie, este ano completo oito anos como professor da instituição. No Mackenzie tenho tido oportunidades de ensinar, fazer atividades de extensão e pesquisa com a melhor estrutura e condições de trabalho possíveis. Aprendo dia a dia com colegas, com o corpo administrativo e com os nossos alunos. Recordo que quando comecei a trabalhar no Mackenzie me dei um prazo de seis meses para ver se ia funcionar. Eu tinha dúvidas, inseguranças. E cá estamos, oito anos depois! O que posso dizer para meus colegas é que eu acredito fortemente que todas as pessoas podem e devem desenvolver seus potenciais criativos. Reprimir essa nossa característica é um erro. Assim, se você tem o ímpeto de escrever, seja qual modalidade for, siga em frente, sem pedir permissão, nem desculpas. Ainda sobre escrever literatura, vale a pena ler com atenção os livros que você gosta, assim como ler obras sobre escrita, fazer cursos, assistir palestras a respeito, buscar conexões com outros colegas escritores.”