O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, correspondendo a cerca de 29% dos casos de câncer, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em 2023, estimaram-se mais de 70 mil novos casos. A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para salvar vidas.
Novembro é o mês dedicado à importância dos cuidados com a saúde masculina, especialmente na prevenção da doença. “A campanha Novembro Azul é uma ação para incentivar os homens a assumirem o autocuidado, de forma autônoma e responsável, sem depender de terceiros para garantir sua saúde”, afirma Marisa Lacerda Salviano Piragibe, médica do trabalho, do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM).
Fatores de risco
Existem vários fatores de risco que aumentam a probabilidade do desenvolvimento de câncer de próstata, sendo a idade um dos principais. De acordo com Marisa, o risco aumenta à medida que o homem vai ficando mais velho. “Homens com parentes de primeiro grau com câncer de próstata antes dos 60 anos têm mais chances. Há sinais genéticos que podem indicar isso. Além disso, a incidência do câncer é maior entre indivíduos com ascendência africana”, enfatiza.
Hábitos de vida, como obesidade, consumo excessivo de álcool, tabagismo, sedentarismo, falta de sono e estresse elevado, são fatores significativos no desenvolvimento do câncer de próstata. “As dietas do homem moderno são compostas, em grande parte, por alimentos industrializados. É urgente priorizar alimentos frescos e naturais para ter mais qualidade de vida, adotando o hábito de descascar mais e desembrulhar menos”, explica a médica.
Outros fatores também corroboram para a doença, dentre eles estão infecções e IST's. “Deve-se procurar tratamento imediato em caso de infecção genital ou urinária, pois inflamações na próstata (prostatites) e infecções sexualmente transmissíveis (IST's) podem aumentar o risco de câncer tanto na próstata quanto no pênis”, alerta a profissional de saúde.
Outra questão relevante é a vulnerabilidade social, que dificulta o acesso de algumas pessoas aos serviços de saúde, especialmente em condições de pobreza. “A falta de acesso a tratamentos e a prevenção contra infecções, como as sexualmente transmissíveis, agrava o risco de doenças, incluindo o câncer de próstata”, endossa Marisa.
Resistência em se cuidar
Cultural e historicamente, a mulher sempre assumiu o papel de cuidadora, seja do lar, dos filhos, do parceiro e de si mesma. Embora existam exceções, o autocuidado ainda encontra resistência no universo masculino.
Segundo explica a médica, muitos homens hesitam em procurar um médico, em parte porque se sentem pressionados a manter uma postura de força e invulnerabilidade. “Essa necessidade de parecer ‘forte’ e de evitar demonstrar qualquer sinal de fraqueza ou sofrimento acaba se tornando uma barreira para o cuidado com a própria saúde”, alerta. “Ao adiar exames e consultas, o homem corre o risco de precisar de intervenções médicas mais complexas. Não se trata de uma questão de fraqueza, mas de responsabilidade pessoal e de valorização da própria saúde", conclui Marisa.
Saúde ocupacional
Com o objetivo de cuidar de seus colaboradores, o Mackenzie realiza diversas ações e programas - um deles é o Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional que tem como foco a prevenção. “Temos além dos atendimentos ocupacionais, atendimentos clínicos, nutricional e de cardiologia, parceria com as clínicas de fisioterapia e psicologia”, destaca Marisa.
“Todos os colaboradores são estimulados a procurarem mudar seu estilo de vida, sua dieta, a praticar exercícios, com o intuito de que a saúde seja promovida, preservada e restaurada. Na prática, o mais importante é que eles assumam o autocuidado com responsabilidade, autonomia e acolhimento de si mesmo, buscando cuidar-se, dentro e fora do trabalho”, enfatiza a médica do trabalho.