O Brasil é um dos poucos países do Ocidente a contar com a presença de todos os elos da cadeia têxtil e de confecção em seu território. O país é o quinto maior produtor têxtil e o quarto maior produtor de vestuário do mundo. Diferentemente da China, que é líder nos dois segmentos, o foco da produção nacional é o atendimento da demanda doméstica. A etapa da confecção de vestuários, em particular, apresenta grande número de empresas de pequeno porte, com significativo nível de informalidade e perda de produtividade decorrentes da ausência de ganhos de escala. Boa parte dessa situação advém das características do regime tributário prevalecente no setor. O objetivo deste artigo, portanto, é estimar os potenciais efeitos de uma proposta de mudança tributária no setor de confecções. Ela foi alcunhada de Regime Tributário Competitivo para Confecção (RTCC) de vestuário. A finalidade é simplificar os procedimentos e reduzir a carga tributária federal incidente nas empresas do setor de confecção de vestuários para 5% da receita bruta, num procedimento de recolhimento único efetuado mensalmente e com adesão voluntária. Para avaliar e simular os impactos da proposta, adotamos estimativas econométricas por vetores autorregressivos e efetuamos simulações com uma matriz insumo-produto de 68 setores e 128 produtos, para um horizonte de 2018 a 2030. Como resultado, obtivemos que a mudança do regime tributário atual para o RTCC resultaria em aumentos progressivos da produção e do emprego, acompanhando a redução tributária gradual, alcançada a partir da mudança para o RTCC. A tributação total sobre os dois setores também apresentaria crescimento, apesar da paulatina redução da carga tributária, pois esta faz crescer a produção e o emprego, elevando a base tributável.
Palavras-chave: Confecção; vestuário; tributação; vetores autorregressivos; Brasil.
JEL: L11; H25; C32