“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”, a frase de Cora Coralina foi citada pelo diretor do Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT), Mário Sérgio Batista, na abertura da XXVIII Semana de Pedagogia, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), que aconteceu no dia 23 de setembro, no campus Higienópolis
Essa edição da semana da pedagogia tem como foco principal os desafios enfrentados pelos profissionais da área. A primeira palestra foi sobre a “Pedagogia em espaços não escolares”, que mostrou aos universitários diferentes atividades na função de um pedagogo, além da docência e gestão escolar.
Novos caminhos
A mesa de debate foi composta pelas palestrantes e pedagogas Ananda Grinkraut, da Secretaria Municipal de Educação de Prefeitura de São Paulo, e Lea Albertoni, da Secretaria de Educação de São Paulo, responsável pela implementação de classes hospitalares nos hospitais municipais na cidade.
Ananda explica que trabalhou tanto com gestão pública, como em Organizações Não Governamentais (ONGs) e que a atuação em espaços não escolares depende muito da instância em que se atua. No caso da pedagoga, essa experiência foi muito enriquecedora e desafiante.
“A administração pública é uma atuação para que o espaço escolar funcione bem, embora a exigência de formação, as necessidades e nossas competências exigidas sejam outras que não à da sala de aula”, explica. Em ONGs, sua atuação foi marcada pelo planejamento de campanhas, projetos, seja de atuação independente ou em parceria com o governo, mas todos com intuito de garantir o direito à educação.
Já na área da pedagogia hospitalar, tema em que Lea é uma referência, o profissional atua em paralelo com hospitais, se dedicando ao ensino e desenvolvimento acadêmico de uma criança ou adolescente, que está fora do ambiente escolar por razões de internamento ou doenças graves. Mas esse profissional não trabalha somente em hospitais. “Nós atendemos em ambulatórios, domicílios e, também, crianças em escolas regulares, que, por terem doenças crônicas, precisam de atendimento especial”, explica Lea.
Esses alunos podem ser enviados a cuidados médicos se a doença se agravar, ser internado e quando for liberado, voltar à sala de aula. É neste trânsito, que o pedagogo da escola regular também “se mobilize para reinserção do aluno, após uma alta hospitalar em seu grupo classe”. Ou seja, é um trabalho feito em parceria entre o professor da classe hospitalar e o professor da escola regular. “O pedagogo hospitalar é um mediador, porque, na realidade, o aluno é da escola regular, ele não é da classe hospitalar, ele está em situação de adoecimento e hospitalização”.
Para Ananda, realizar debates e eventos como a semana da pedagogia são importantes para os estudantes analisarem suas carreiras, porque é quando eles têm a oportunidade de ouvir outras experiências e trajetórias. “Às vezes eles não tinham pensado em determinado caminho, e, agora, eles vêem como possível”, finaliza.
O evento
A primeira palestra ainda contou com a presença do coordenador do curso, Ítalo Francisco Curcio, que dedicou a semana aos alunos, "afinal ela foi feita com o apoio deles e com o principal motivo de formar novos professores", disse ele. O vice-reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos, analisou o evento como uma oportunidade de aprendizado. “Nós aprendemos participando, concordando, discordando e ouvindo coisas que nos geram dúvidas”.
A programação continua hoje, dia 26, no auditório da Escola Americana, às 19h, com a palestra Novas tecnologias na educação, com a professora Daniela Costa, que falará sobre acesso, uso e apropriação das tecnologias em Escolas de Educação Básica; a professora Mariana Rocha, que vai expor a experiência do Ensino Híbrido no Ensino Fundamental e a professora Pollyana Notargiacomo, que tem como foco a área de “games e gamificação: como usar na educação?” A moderação da mesa ficará por conta da professora Ana Lúcia de Souza Lopes. Já no dia 27, no mesmo local e horário, acontece o encerramento da Semana da Pedagogia, com um sarau artístico-cultural.
*Foto capa: Lea Albertoni. Foto: Dago Nogueira/NTAI.