Telescópio HATS
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Mackenzie desenvolve primeiro telescópio do mundo para pesquisa em atividade solar de faixas infravermelhas

 CRAAM é responsável pela criação do novo equipamento

29.03.202214h58 Comunicação - Marketing Mackenzie

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O Centro de Rádio-Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), desenvolveu o telescópio solar para faixas infravermelhas, chamado HATS, pioneiro no mundo em pesquisa para atividade solar nesse espectro. No dia 23 de março, os alunos da Escola de Engenharia (EE) da UPM visitaram o novo equipamento. A criação é um marco ainda mais especial neste ano de 2022, quando a UPM completa seus 70 anos.

O professor da EE, Paulo Simões, explicou que a função do novo telescópio é monitorar a atividade solar. “O sol não é ‘calmo’ o tempo todo, simplesmente aquela bola amarela que a gente vê no céu. Então, o telescópio mede a intensidade da emissão do infravermelho para podermos entender como funcionam os eventos solares, que podem provocar diversos efeitos na Terra”, destacou.

O equipamento será enviado para Argentina, para o Félix Aguilar Observatory (OAFA), um dos observatórios com o qual o Mackenzie tem convênio, para que o equipamento opere nos Andes argentinos.

“O foco principal dessa visita é mostrar aos alunos que dentro da Universidade há tecnologia de ponta com impacto mundial, o grupo tem pesquisa com colaboração do mundo inteiro. Então, os estudantes devem aproveitar as diversas oportunidades que o Mackenzie oferece”, pontuou o professor Simões.

A visita também contou com uma aula introdutória do professor da EE da UPM, Jean Pierre Raulin, coordenador do CRAAM, apresentando a história do Centro, que originou-se em 1960, como Grupo de Rádio Astronomia Mackenzie (GRAM) da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UPM, incorporando as atividades experimentais de um grupo de estudantes de física, engenharia, técnicos, e aficionados da Associação de Amadores de Astronomia, São Paulo, iniciadas desde 1958.

O telescópio HATS

O professor da EE e integrante do CRAAM, Guillermo Giménez de Castro, líder do projeto do telescópio HATS (High Altitude THz Solar telescope), deu mais detalhes de como funciona o espectro de ondas que o equipamento alcança e qual seu diferencial em relação a outros que já estão em uso.

A luz (que se trata de onda eletromagnética) é um fenômeno de larguíssimo alcance, o qual os olhos humanos registram apenas uma "janela" (faixa ou banda de frequências) muito estreita. Para as demais faixas não captadas pelo olho humano, os astrônomos desenharam instrumentos específicos, mas nem todas as “janelas” já foram observadas até o momento.

“No caso solar, o chamado infravermelho médio foi muito mal explorado e, por isso, o HATS será o primeiro telescópio a monitorar diariamente a atividade solar em 15 THz (o que corresponde a um comprimento de onda de 20 µm). Então, não houve nem há qualquer outro instrumento no mundo todo que observe o Sol diariamente nessa frequência”, ressaltou o líder do projeto.

O objetivo das capturas do telescópio é compreender as explosões solares, eventos energéticos que ocorrem na superfície do Sol. De acordo com o professor Giménez de Castro, a astronomia percebeu que não basta tirar fotos bonitas para compreender profundamente um fenômeno, é necessário observá-lo num leque de frequências o mais amplo possível, pois as explosões solares já foram observadas no "visível", no ultravioleta, em ondas de rádio, etc.

“E, pela primeira vez, esperamos detectar explosões solares no infravermelho médio, como sempre que uma "janela" é aberta, nosso conhecimento e desconhecimento também aumentam”, afirmou.

As explosões solares têm, normalmente, pouco impacto no dia a dia na Terra, tanto que foram "descobertas" só no ano de 1859. Mas, à medida que a tecnologia fica mais exposta ao espaço exterior, como comunicações, GPS e outras, esses eventos solares começam a ser importantes.

Recentemente, a empresa Starlink perdeu 40 satélites (de 49 lançados simultaneamente) por culpa de uma explosão solar, bastante moderada. Isso levou a tomar medidas para limitar os efeitos adversos que implicaram num aumento dos custos de operação.

“Compreender melhor como acontecem eventos energéticos solares ajudará a contar com previsões de "clima espacial" mais precisas que impactarão nos custos da exploração espacial”, finalizou o docente mackenzista.