10.11.2017
Adotando-se a mesma (e consagrada) metodologia do Fraser Institute para o "Economic Freedom of North America 2016”, o Centro Mackenzie de Liberdade Econômica lança o Índice Mackenzie de Liberdade Econômica Estadual 2017 (IMLEE).
O que é o IMLEE?
É um indicador sintético que mede em que medida as políticas dos Estados foram, em 2015, capazes de apoiar a liberdade econômica, a capacidade dos indivíduos agirem na esfera econômica sem restrições indevidas. É um índice inédito no Brasil e que ajuda a avaliar as condições de se empreender e ter sucesso no mercado e o grau a interferência estatal.
O IMLEE é um índice de natureza subnacional que tem como finalidade a comparação de jurisdições estaduais e distrital (DF) do Brasil a fim de fomentar o debate sobre a liberdade econômica no Brasil por meio de elementos objetivos, assim como estimular a adoção de políticas públicas que ampliem a liberdade econômica e permitam maior crescimento e prosperidade da economia brasileira e de seus cidadãos.
O índice varia de zero (menos liberdade) a dez (mais liberdade) e é uma medida relativa de desempenho dos estados e do distrito federal.
Ver gráfico ao lado.
Como ele é calculado?
Ele é composto pela média simples (mesma ponderação) de três dimensões:
> Area 1: Gasto públicos
> Area 2: Tributação
> Area 3: Mercado de Trabalho
Área 1: Gastos Públicos
A Área 1 avalia três indicadores relacionados às despesas do setor público:
I. - Despesas primárias (custeio da máquina pública) dos governos de uma mesma unidade da federação (estado mais todos municípios de sua jurisdição);
II. - Transferências e subsídios efetuados pelas esferas estadual e municipal da mesma jurisdição;
III. - Despesas previdenciárias e com pensões pelas esferas estadual e municipal da mesma jurisdição.
Todos esses indicadores são calculados como percentual da renda estadual, cujo cálculo foi obtido por meio da renda bruta dos residentes das UF: a agregação da renda total domiciliar divulgada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE - ano de 2015.
Vale notar que a natureza das despesas selecionados não envolvem gastos de investimento dos governos, como obras de infraestrutura, por exemplo. São consideradas apenas as despesas de “consumo dos governos” e de transferências institucionais e pessoais.
Área 2: Tributação
A Área 2 busca mensurar o peso tributário das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) em relação à renda bruta das famílias residentes numa mesma jurisdição estadual. Os indicadores adotados são:
I. - Impostos sobre a renda (Pessoa Física e Pessoa Jurídica – IRPF e IRPJ respectivamente);
II. - Impostos sobre propriedade e transferências de patrimônio (IPTU, ITR, ITBI, ITCMD, IPVA);
III. - Tributos indiretos sobre produção e consumo de mercadorias e serviços (IPI, ICMS, ISS, PIS/COFINS).
Assim como na Área 1, todos esses indicadores são calculados como percentual da renda estadual obtida por meio da PNAD/IBGE.
Área 3: Mercado de Trabalho
A área 3 mede os aspectos relativos aos mercados de trabalhos estaduais, também por meio de três indicadores:
I. - Existências de leis estaduais sobre salário mínimo – i.e., piso salarial estadual diferente do nacional – e seu valor relativo anualizado em termos da renda per-capita anual;
II. - Emprego do setor público das três esferas na jurisdição (administração direta e indireta) como proporção do total do emprego estadual (formal e informal);
III. - Densidade sindical – proporção do número de funcionários que são membros de sindicatos em relação ao total de empregados na UF - calculado de acordo com o método adotado em Stansel et al. (2016), op. Cit..
Ver mapa ao lado.
O estado de São Paulo figura como um dos que detém maior liberdade econômica, juntamente com Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Bahia e Pará. É interessante notar que o estado com melhor posicionamento no ranking de 2017, Mato Grosso do Sul, atingiu nota 7,33 – ou seja, bastante coisa precisa ainda melhorar para se atingir a nota 10 (máxima liberdade econômica).
Já o Piauí, Sergipe, Roraima, Acre, Amapá e Rio de Janeiro figuram como os estados com menor liberdade econômica em 2017, ocupando as últimas posições do ranking. Rio de Janeiro, é um caso que merece destaque, pois é uma das unidades da federação mais famosas e relativamente rica, porém que se desencaminhou após sucessivas administrações estaduais (e municipais) e que sofreu grandes intervenções econômicas do Governo Federal por conta dos eventos da Copa do Mundo, das Olimpíadas e do Pré-Sal. O legado, do conjunto de decisões das três esferas sobre o estado do Rio de Janeiro, é um ambiente menos propício ao desenvolvimento de novos negócios pelo setor privado e ao crescimento econômico.
Informações relevantes
Todas as fontes de dados foram oficiais: IBGE - PNAD, Secretaria do Tesouro Nacional - Siconfi, Receita Federal, Ministério do Trabalho – RAIS, além dos sítios eletrônicos e diários oficiais dos governos estaduais.
Para saber mais: CLIQUE AQUI.
Equipe de pesquisadores responsáveis
Prof. Dr. Vladimir Fernandes Maciel
Coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica e professor do Mestrado Profissional em Economia e Mercados e da graduação em Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Prof. Dr. Ulisses Monteiro Ruiz-de-Gamboa
Pesquisadordo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica e professor do Mestrado Profissional em Economia e Mercados e da graduação em Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Rodrigo Goveia
Auxiliar de pesquisa – financiado com recursos da bolsa Itaú concedida ao Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, aluno de graduação do em Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.