A chegada do inverno no hemisfério norte traz preocupação para o mundo todo, mas, especialmente, para os países europeus. Desde o início da redução do fornecimento de gás e petróleo por parte da Rússia, a Europa vem enfrentando as consequências desse racionamento, e já se tornou a pior crise energética de sua história.
A Rússia vem diminuindo progressivamente a quantidade de hidrocarbonetos aos países europeus desde 2021, mas a guerra na Ucrânia e as sanções internacionais sofridas pelo kremlin impulsionaram Putin a reduzir ainda mais o fluxo para a Europa Ocidental.
Nenhum país europeu é energeticamente independente da Rússia, assim, fazendo com que Vladimir Putin tenha um monopólio em suas mãos. Cerca de 50% da matriz energética alemã vem do gás russo e aproximadamente 100% de sua energia elétrica é produzida com o gás da Sibéria.
“Do ponto de vista geopolítico, a combinação de arsenal atômico e quase-monopólio na oferta de gás natural deram posição de poder à Rússia para iniciar a guerra e não temer represálias elevadas”, explica o coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, Vladimir Fernandes Maciel.
Países como Finlândia, Alemanha, França, Suécia e Holanda estão se preparando e destinando dinheiro para as empresas e suas populações, tentando assim, enfrentar a crise energética e evitar prejuízo ainda mais alto. A França, por exemplo, já declarou que o racionamento energético irá ocorrer e que os franceses poderão ficar até duas horas por dia sem energia.
Caso a Rússia interrompesse totalmente o fornecimento de gás, praticamente toda a Europa continental ficaria sem energia, o que tornaria uma situação insustentável para os países atingidos, pois, as fábricas não teriam energia para funcionar, a população não conseguiria se aquecer contra o frio e as taxas de desempregos dariam um salto.
Vladimir comenta que, no Brasil, o preço do petróleo, eventuais faltas de produtos, peças e componentes vindo da europa poderiam ser afetados por conta da insuficiência de energia, além do mais, esses feitos pressionariam a inflação no país.
Em busca de alternativas para acabar com a dependência russa, a Europa está aumentando as importações da Noruega e da Argélia e de gás natural liquefeito dos Estados Unidos, além de acumular gás natural. Segundo a Gas Infrastructure Europe, a União Europeia alcançou sua meta e bateu 80% de estoque de gás natural, tentando assim, evitar uma crise de abastecimento durante o inverno. Os estoques são uma alternativa para lidar com o racionamento de energia, mas em caso de corte de fornecimento total do governo Russo, eles não seriam suficientes até o final do inverno.
A tentativa de evitar um apagão na europa vem com alta no preço da energia e no bolso da população. As contas de luz e de gás estão em constante crescimento. Na Itália o valor da conta já cresceu 400% em comparação com o ano passado, assim, afetando grandes empresas, comércios locais e a vida cotidiana dos italianos.
“Optaram pela solução mais barata e abundante (gás russo), mas isso deixou uma vulnerabilidade e uma dependência. Soma-se a isso a busca por energias renováveis, como solar e eólica - que são intermitentes e necessitam de complementação de outras fontes - e o desmantelamento das antigas usinas nucleares”, complementa o coordenador. Para evitar uma escassez de energia, alguns países reativaram usinas de energia que queimam carvão, a grande consequência para o meio ambiente é que o carvão é o combustível fóssil mais poluente.
Diante desse cenário instável por conta da invasão russa na Ucrânia e das diversas sanções internacionais contra o Kremlin, é de se imaginar que o inverno no hemisfério norte seja conflituoso e incerto sobre a energia e a qualidade de vida dos europeus ocidentais.