Para algumas pessoas, manter a concentração constante em certas tarefas ou situações é um grande desafio. Essa dificuldade agravou-se após a pandemia de Covid-19 - com intensificação da produção e proliferação de conteúdos curtos - que não demandam grande esforço para serem consumidos.
Um estudo desenvolvido pela psicóloga e professora da Universidade da Califórnia, Gloria Mark, destacou que a redução do tempo de foco está diretamente relacionada ao uso das mídias digitais. Em seu livro “Tempo de Atenção: Uma Forma Inovadora de Restaurar o Equilíbrio, a Felicidade e a Produtividade”, a profissional aponta que, no ano de 2004, o tempo médio de foco era de 2 minutos e meio. Já em 2023, essa medida foi atualizada para apenas 75 segundos.
Esse curto tempo de foco não influencia apenas a maneira de consumir conteúdo, mas de trabalhar, estudar e vivenciar o dia a dia. Felizmente, existem algumas técnicas que favorecem o desenvolvimento do foco e da atenção plena.
Exercícios mentais de concentração
Quando falamos de aprimorar o foco, o hábito de leitura é um grande aliado. Apesar de ser difícil se entregar de fato a um livro, existem alguns passos que devem ser seguidos para garantir uma leitura produtiva e com absorção do conteúdo, como livrar-se das distrações advindas do celular ou computador; escolher um lugar livre de ruídos e com boa iluminação; além da escolha de um livro cujo gênero seja realmente adequado ao seu gosto pessoal.
Evitar ler no automático também é vital. Para focar, é fundamental interpretar cada capítulo, fazendo uma breve pausa para entender o que foi lido. Caso seja necessário, voltar e fazer anotações para organizar os pensamentos também é uma boa pedida.
Práticas como mindfulness e meditação também são aliadas para desenvolver a atenção. De acordo com a professora de psicologia na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, Laurie Santos, “meditar é uma forma de exercitar a memória, além de aumentar a concentração e ter efeitos positivos na saúde física e mental”.
Uso adequado do tempo
É comum que, em momentos mais tranquilos do dia, a primeira coisa que vem à mente é ‘navegar’ nas redes sociais. Esse hábito nocivo intensifica a ansiedade. Substituir o mau hábito por práticas mais interessantes, como preparar um lanche saudável, fazer uma caminhada, alongamento, ou ler um livro, influenciará positivamente o dia.
Por vezes, dias cheios tiram a disposição e a vontade de fazer atividades que requerem esforço físico ou mental - então o caminho mais fácil é passar horas consumindo conteúdos na internet, numa ilusão de que isso ajudará no descanso físico e mental. A Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, realizou um estudo que aponta que o uso do celular nas horas vagas dificulta a recuperação total do cérebro, afetando suas funções cognitivas.
Em termos gerais, a melhor maneira para descansar o cérebro é fazer com que o momento seja livre de interferências. Separar ao menos 20 minutos do dia para focar apenas em ações que promovam o bem-estar e limpeza mental, como um cochilo por exemplo, é benéfico para manutenção da saúde.
Evite o multi-tasking
A expressão multi-tasking (ou multitarefa, em tradução livre), refere-se à capacidade de realizar duas ou mais tarefas simultaneamente. Apesar de parecer uma maneira de finalizar o trabalho mais rapidamente, essa prática torna mais difícil o desenvolvimento da atenção, já que o cérebro não está se dedicando plenamente a uma atividade.
Algumas pessoas desenvolvem bem o talento de executar múltiplas tarefas ao mesmo tempo, mas isso pode resultar em deslizes na execução, aumento de estresse e até mesmo prejudicar a criatividade. Para assegurar a qualidade das atividades, realizar uma por vez é o caminho mais seguro - proporcionando ao cérebro maior produção de serotonina (hormônio da felicidade).