Cozinha pedagógica: o que os alimentos têm para nos contar?

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Colégio Mackenzie Brasília utiliza cozinha de forma lúdica para aproximar alunos de 2 a 5 anos de alimentos saudáveis

07.06.2019 Gastronomia


A sala de aula foi estendida à cozinha para alunos da educação infantil do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) Brasília. No projeto com a temática: “O que os alimentos têm para nos contar”, as crianças, com idade entre 2 e 5 anos, tem a oportunidade de frequentar o espaço de preparação de alimentos e construir um relacionamento com a alimentação saudável, aprendendo noções básicas de higiene e assimilando valores importantes para o desenvolvimento humano, como a capacidade de trabalhar em equipe.   A atividade tem como objetivo de aproximar os pequenos de um estilo de vida que prioriza o aprendizado, o equilíbrio, a moderação e o cuidado consigo mesmo.

A professora Léa de Nardi, orientadora Pedagógica da Educação Infantil, uma das idealizadoras do projeto explica que a ideia é inserir no cotidiano dos alunos o gosto por uma alimentação que valorize as frutas e os legumes, explorando todo o potencial lúdico da manipulação dos alimentos, que têm cores, sabores, texturas e até emitem sons diferentes. “Nesse processo, as crianças participarão da produção de receitas, aprendendo a trabalhar juntas, descobrindo sobre as origens de cada componente utilizado na preparação, bem como a etapa de higienização, além de outros conceitos”, conta.

Tudo começa dentro do ambiente de aula convencional. De 7 a 15 dias antes das crianças irem para a cozinha desenvolver a atividade, elas entram em contato com todas as etapas de higienização dos alimentos e com questões relacionadas à organização da cozinha. Além disso, são separadas em grupos alimentares. Neste ano, o Infantil 2 trabalha com frutas, o Infantil 3 e o Infantil 4 estão com hortaliças e vegetais, e o Infantil 5, composto por alunos maiores e mais hábeis para preparar receitas específicas, ficaram com todos os grupos juntos, frutas, hortaliças e vegetais.

No dia da visita à cozinha, definida para ocorrer uma vez a cada mês, os meninos e meninas são equipados com o vestuário adequado, composto por um avental e uma touca descartável. Em um primeiro momento, eles participam da parte prática do processo de higienização, aprendendo a lavar cada elemento, separadamente, e as mãos, antes do início do preparo do alimento. “Depois, acompanhados por professores, eles começam a participar do processo de elaboração da receita. E essa é uma experiência fundamental, cultural e intensa da qual nós privamos as crianças, devido ao receio de se machucarem ou para acelerar o processo”, explicou De Nardi.

Ao longo de toda a etapa de produção, os professores “testam” cada componente da receita com os alunos. Abordam questões sobre a origem daqueles alimentos, os sentimentos e as sensações provocadas na ingestão, os cheiros de cada um, as cores, as texturas e até os barulhos emitidos durante a mastigação. A ideia do projeto passa também por ensinar em cada degrau, a partir dessa proximidade com os ingredientes da receita, outros conceitos, extraindo o máximo da vivência na cozinha. Dessa forma, os professores trazem a matemática, a linguagem oral, a natureza e a sociedade como temas que passeiam entre toda a aula, enquanto a comida é feita.

No primeiro encontro prático de maio, os menores prepararam um bolo assado de cenoura e brócolis e os mais velhos, do Infantil 5, fizeram um macarrão de cenoura, ambas as receitas foram escolhidas por terem praticidade suficiente para permitir a participação das crianças no momento de elaboração do alimento. Vale destacar que o envolvimento nessa etapa acaba gerando interesse pelo consumo do prato, ao final do dia, e também uma outra perspectiva sobre comidas anteriormente rejeitadas, em alguns casos. “Percebemos, por exemplo, crianças que não comem brócolis elogiando o sabor do vegetal”, comentou a professora.

O “Cozinha Pedagógica” foi iniciado em abril deste ano, junto com outro projeto que o complementa, a horta. Em breve, as crianças poderão utilizar tudo, hortaliças e frutas plantadas por elas para concluir os pratos preparados na cozinha. Todas as plantações são administradas sem remédios e os alunos ainda têm a oportunidade de utilizar materiais anteriormente descartados para auxiliar o plantio. Copos plásticos, por exemplo, são esterilizados e posteriormente são aproveitados para a plantação de mudas e outros tipos de plantas. Com isso, as turmas são ensinadas a pensar de forma sustentável.

“Esse ano eles já plantaram cenoura, temperos, tomates, beterraba e, mais pra frente, assim que nós já pudermos colher, tudo será inserido nas nossas próximas receitas”, completou a orientadora.