Estudantes mackenzistas buscam alternativas para o plástico

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Material tão presente em nossas vidas tem sido tema de debates devido aos riscos que o uso excessivo apresenta à natureza

28.04.2022 Nossos Talentos


Nos últimos 60 anos, pesquisadores* estimam que mais de 25 milhões de toneladas de plástico foram descartadas nos rios e oceanos. Uma situação que fez surgir nos professores a urgência de se trabalhar o tema em sala de aula e propor aos alunos a busca de soluções para a substituição do produto.

Além do uso de combustíveis fósseis para a sua produção, também é preocupante a demora de mais de três séculos para a decomposição na natureza. Para combater o problema, educadores do Colégio Presbiteriano Mackenzie de Brasília (CPMB) passaram a trabalhar com os estudantes em projetos para a criação de materiais biodegradáveis.

“No processo de aprendizagem, apresentamos aos jovens a estrutura química do plástico, macromoléculas (polímero) formadas pela combinação intramolecular de inúmeras moléculas menores (monômeros)”, explica Joaquim Neto, professor de Química dos estudantes de Ensino Médio.

A professora Velane Fernandes, mentora da disciplina de Biologia, e ele, estão à frente do programa. “A partir deste estudo e de uma análise dos grupos de vegetais e suas características, os jovens selecionam um orgânico específico. Os mais escolhidos são mandioca, batata e milho. O vegetal será usado para a produção do plástico biodegradável ou biofilme, como é conhecido o produto ecologicamente aceito”, esclareceu ela.

O produto em questão será adotado como substituto ao plástico em igual versatilidade. No entanto, o impacto do seu descarte no ambiente será menor já que poderá contar com a ação de organismos decompositores que podem reintegrar seus componentes ao meio, o que permite uma ciclagem natural.

“Não se trata apenas de propor atividades sustentáveis que preparem os alunos para o vestibular, mas de estimular neles o pensamento científico de toda a problemática que há no uso e descarte irresponsável de produtos danosos ao meio ambiente”, afirmou Fernandes.

Reciclar e empreender

Tem crescido mundialmente a preocupação com a destinação do lixo produzido pela atividade humana e a conscientização sobre o tema é um trabalho iniciado cada vez mais cedo na juventude dos brasileiros e que agora faz parte do planejamento do novo Ensino Médio. Visando adequar-se com antecedência à proposta, o CPMB organizou a trilha de aprofundamento educacional “Ciências a serviço da Sociedade”.

A iniciativa, além de incentivar nos alunos a criação de uma consciência ambiental, busca provocar neles o espírito empreendedor para a estruturação de soluções inovadoras e a captação de entes interessados no desenvolvimento e implementação das propostas.

Após a fase de elaboração do projeto/produto, seguindo o modelo do programa de TV Shark Tank, os estudantes são colocados em contato com investidores possivelmente interessados na ideia, tanto do ponto de vista financeiro como do compromisso social.

Na ocasião, os alunos apresentarão aos empresários o funcionamento de sua criação, expondo vantagens, desvantagens e potenciais soluções com a adoção destas proposições.

Justificativa

Para acompanhar as discussões em voga sobre reciclagem, os professores levam à sala de aula atividades que instiguem em seus estudantes a urgência acerca dos cuidados com o meio ambiente. No Brasil, apesar da recente publicação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, somente 2% dos rejeitos são reaproveitados. Essa situação deixa clara a necessidade de mudança na concepção de cidadãos e entidades quanto a uma rotina responsável de uso e descarte dos recursos naturais.

*Dados obtidos a partir de um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Mecânica Aplicada da Universidade de Kyushu, no Japão.