HUEM utiliza técnica que salva vidas ao reduzir rejeição a rins transplantados

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Pacientes considerados intransplantáveis conseguem compatibilidade ao passar pelo procedimento chamado plasmaferese

01.12.2023


No cenário desafiador dos transplantes renais, o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM) destaca-se ao apresentar uma técnica inovadora que não apenas reduz o índice de rejeição a rins transplantados, mas também abre portas para procedimentos em pacientes anteriormente considerados intransplantáveis. O diferencial está na aplicação da plasmaférese, uma técnica que tem impactado positivamente a vida de muitos na fila de espera por um novo órgão. 

Embora o procedimento não seja coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital optou por oferecer a plasmaférese aos pacientes do SUS com o intuito de salvar mais vidas e fazer andar a fila de espera por transplantes.

“Alguns pacientes, que chamamos de hipersensibilizados, apresentam taxas elevadas de anticorpos contra o órgão do doador, porque o organismo entende que é um corpo estranho que pode representar alguma ameaça, então aumenta a produção de anticorpos para combater a suposta ameaça. São casos com alto risco de rejeição”, explica a nefrologista Carolina Pozzi, que é a responsável pelo Serviço de Transplante Renal do HUEM.

A plasmaférese, realizada por uma avançada máquina que remove o plasma sanguíneo do paciente, é uma técnica tradicionalmente utilizada no combate a doenças autoimunes. No entanto, no HUEM, essa mesma abordagem está sendo aplicada com resultados notáveis no sucesso de transplantes de rim. A remoção do plasma resulta na eliminação dos anticorpos do sangue, facilitando a aceitação do órgão transplantado. 

Avaliação médica

Não é qualquer paciente que pode passar pelo procedimento. São colhidos diversos exames para analisar a reatividade quanto aos anticorpos e, a partir de um completo estudo imunológico, os pacientes que se enquadrarem em características específicas são encaminhados para a plasmaférese.

“O médico identifica que aquele paciente seria elegível e poderia ser submetido ao transplante se tivesse a tecnologia disponível. É um paciente que já está na fila do transplante, a equipe médica avalia as possibilidades e pode chegar a conclusão que a plasmaférese seria benéfica para o paciente”, destaca o diretor geral do HUEM, dr. Tiago Tormen.

No HUEM, cerca de 30% dos pacientes em lista de espera são hipersensibilizados. Isso implica em menor chance de transplante renal, ou seja, o tempo em lista de espera aumenta. Sabendo que a mortalidade em lista de espera chega a 9% em um ano, esse tratamento aumenta a expectativa de vida e também a sobrevida do enxerto renal.

Qualidade de vida

Karol Dias Ribeiro, 35 anos, foi uma das beneficiadas pelo tratamento e recuperou a qualidade de vida após anos de dificuldade. Paciente renal crônica há mais de 10 anos, em 2014 ela passou por um transplante, mas infelizmente o órgão foi rejeitado alguns anos depois.

“O paciente renal crônico tem muitas limitações, com alimentação, ingestão de líquido, eu não podia beber água à vontade, a hemodiálise mexe com a estrutura do corpo, o desempenho profissional fica comprometido, entre outros problemas”, relembra.

Em consequência do transplante que não deu certo, a taxa de anticorpos ficou altíssima e ela não conseguia ter compatibilidade para realizar uma nova cirurgia. Até que a dra. Carolina, ao analisar criteriosamente o caso, sugeriu a plasmaférese.

Há pouco mais de um ano, Karol fez novo transplante, dessa vez passando antes por sessões de plasmaférese e o procedimento foi um sucesso.

“Recuperei minha qualidade de vida, estou voltando a estudar, trabalhar, tenho me alimentado bem, faço atividade física. Mudou a minha vida. Voltei a ser capaz de realizar várias coisas que não conseguia”, ressalta.

Inovação e compromisso

O HUEM destaca-se não apenas pela tecnologia de ponta disponível, mas também pela dedicação de uma equipe multidisciplinar comprometida ao máximo com o bem-estar dos pacientes. As equipes de Clínica Médica, Nefrologia e Hematologia trabalharam em conjunto para tornar a plasmaférese uma realidade transformadora no cenário dos transplantes renais.

Cada inovação pode significar uma nova chance de vida, por isso o HUEM está sempre na busca por soluções que ofereçam esperança e oportunidades renovadas a todos que necessitam de cuidados médicos.