III Fórum de Aprendizagem Transformadora recebe professora dos Estados Unidos

Compartilhe nas Redes Sociais
Docentes da Universidade Presbiteriana Mackenzie participam de workshop antes da volta às aulas 

30.07.2021 Eventos


III Fórum de Aprendizagem Transformadora (AT), realizado pela Pró-Reitoria de Graduação (PRGA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), teve início na manhã do dia 28 de julho com a palestra da professora Melissa Peet, do Generative Knowlegde Institute, da Universidade de Michigan, dos Estados Unidos, com o tema Generative And Embodied Knowledge Methods in Higher Education", em português "Métodos de Conhecimento Generativo e Incorporado no Ensino Superior". O evento se estende até hoje, dia 30 de julho, e terá palestras, grupos de trabalho e participação de especialistas.

Em sua terceira edição, o encontro destinado a docentes do Mackenzie busca aprofundar a compreensão do processo reflexivo e de transformação, aplicar os conceitos de reflexão que promovem a aprendizagem transformadora às atividades docentes e conectar essas atividades reflexivas às competências-chave que serão desenvolvidas com os alunos. A abertura do evento contou com a participação do reitor da UPM, professor Marco Tullio de Castro Vasconcelos; do chanceler do Mackenzie, reverendo Robinson Grangeiro; da pró-reitora da PRGA, professora Janette Brunstein e outras autoridades mackenzistas como gestores e coordenadores. 

Segundo a pró-reitora Janette, a aprendizagem transformadora promove uma abertura para revisão de pressupostos e hábitos mentais, expande a perspectiva dos alunos no seu relacionamento consigo mesmo, com o outro, a comunidade e o ambiente, além de desenvolver as competências dos estudantes para além das fronteiras da profissão. “Nosso objetivo é criar condições para que os docentes desenvolvam propostas transformativas na sala de aula”, pontuou. 

O chanceler do Mackenzie foi o responsável pelo momento devocional do encontro e por apresentar os ícones das competências-chave, são elas: Liderança e competências empreendedoras; Ética; Reflexão Crítica e Comunicação; Sustentabilidade e bem-estar coletivo; e Competências culturais e globais. Além disso, Grangeiro reiterou o papel da Chancelaria na instituição.

“Nós continuamos sendo a instância da Universidade que quer ser o leme e não a âncora, porque não queremos amarrar o barco e sim norteá-lo. Ele precisa ser veloz e eficaz - e está no caminho certo”, destacou o chanceler. 

Palestra internacional 

A professora e doutora Melissa compartilhou sua experiência de mais de 15 anos em pesquisa sobre como promover aprendizagem profunda e significativa, além de expor sua descoberta a respeito do Conhecimento Generativo e Reflexão Incorporada. Logo após a palestra, ela convidou os docentes mackenzistas para uma atividade prática, com o intuito de motivá-los a refletir, compartilhar questões, preocupações e ideais.

As dificuldades na aprendizagem

A pesquisa de doutorado da professora dos EUA acompanhou um grupo de estudantes com o objetivo de entender como os alunos mudavam a partir de uma aprendizagem transformadora. “Acompanhamos a transformação deles identificamos as evidências de transformação. Com seis meses, eu já tinha as evidências, mas ainda não entendia completamente como a transformação acontecia”, contou.

Na segunda fase de sua pesquisa, ao acompanhar e conversar com 120 estudantes em diferentes grupos, percebeu que os alunos se sentiam sobrecarregados e cansados. “Vi uma desconexão deles, que eram brilhantes, mas não conseguiam explicar o que estavam aprendendo. Eles detestavam a escola, e o tom em todos os grupos era ‘a escola é uma perda de tempo’. Quando eu mostrava as evidências das transformações, eles não acreditavam ou não se importavam com a mudança”, disse ela. 

Segundo Melissa identificou, os alunos viviam uma fragmentação. Eles não conseguiam traduzir a aprendizagem para o mundo real e se sentiam como impostores. “A experiência de aprendizagem transformadora, sem a integração, estava levando à fragmentação. Se eles não conseguem se concentrar e pensar o que isso significa para a vida como um todo, então não percebem o benefício do que aprendem”.

Para a pesquisadora, essa foi uma experiência relevante porque, mesmo com um currículo ótimo, os alunos podem estar frustrados. “Isso sobrecarrega a saúde mental da universidade como um todo”, pontuou. 

A partir do seu estudo, ela chegou à descoberta de que eram utilizadas premissas muito antigas na natureza do conhecimento e aprendizagem e que precisavam ser atualizadas. Outro ponto era o conflito entre as necessidades institucionais e as dos alunos, e citou como exemplo “a pressão para o nível de acreditação, que obriga a instituição a mostrar que os estudantes estão atingindo competências”, afirmou.

Mudança no processo de ensino 

Por fim, a doutora pontuou outra premissa errônea: a de que os alunos aplicam os ensinamentos recebidos imediatamente. “Vocês já tiveram a experiência de, ao entrar em uma sala, esquecer-se completamente do que foi fazer lá?”, perguntou Melissa, explicando que isso acontece porque nós aprendemos coisas também pelos ambientes, eles fazem parte do aprendizado. 

“Esse é o problema que temos com alguns estudantes. Eles entram e saem de contextos e de lugares de conhecimento o dia inteiro, muito mais rápido do que nós fazíamos quando éramos jovens. Quando entro e saio, perco conhecimento”, explicou. Segundo ela, isso acontece porque, a depender do local em que estamos, codificamos a aprendizagem de determinada maneira. “É assim que nós nos tornamos fragmentados”, disse.

Para ela, os estudantes não têm a experiência de integração entre os lugares de conhecimento.

“Uma coisa que descobri é que, se não dermos um espaço para sintetizar e integrar tudo que eles fazem nesses lugares de experiências diferentes, eles não vão conseguir manter, aplicar ou traduzir a aprendizagem deles”, defendeu Melissa.

Na sequência da palestra, a professora convidou todos os presentes a participarem de uma atividade prática. Eles tiveram de listar cinco locais de conhecimentos diferentes, onde se sentem engajados, vivos, presentes; e dois lugares em que se sentem sugados e frustrados. “Também é importante pensar com quem vocês estão nesses lugares. Para mim, um dos lugares de conhecimento seria a sala de aula, é um local em que me sinto viva e engajada”, finalizou ela. 

As atividades e discussões seguiram ao longo do dia na quarta-feira, com a socialização das experiências de Aprendizagem Transformadora do NEE - Nucleo de Educação Empreendedora e a palestra do professor Marco Tulio Zanini, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o tema "Confiança interpessoal no contexto da educação superior". O III Fórum de AT continua até hoje, confira a programação aqui