Mackenzie promove conferência sobre a influência do chat GPT na educação e pesquisa

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Boa parte da população está utilizando a plataforma de maneira equivocada como ferramenta de pesquisa

05.05.2023 Atualidades


No dia 27 de abril, o Núcleo de Estudos Avançados (NEA), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), promoveu a conferência com o tema Os impactos da inteligência artificial na educação e na pesquisa, evento que faz parte do ciclo de debates do NEA: O futuro da Universidade no Brasil. O palestrante do dia foi o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Fabio Gagliardi Cozman, que faz parte do Centro de pesquisa sobre inteligência artificial (C4AI), formado em parceria da USP, IBM e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Todas as universidades do mundo estão discutindo o Chat GPT e outros chats de inteligência artificial (IA) e seu impacto na sociedade nesse momento e a longo prazo. O Brasil, atualmente, está em uma posição intermediária em relação às publicações científicas sobre as IAs, e ainda há muito espaço para alcançar um protagonismo no tema.

O coordenador do NEA, professor Wilson Toshiro Nakamura, reiterou a importância de discutir o tema, “sabemos que a inteligência artificial terá um grande impacto no mercado de trabalho, na sociedade e também na universidade, então considero muito importante trazer essa discussão para dentro do Mackenzie”, diz.

O Chat GPT, ou Generative Pre-Trained Transformer (que em português pode ser traduzido para “transformador pré-treinado gerativo”), é um dos assuntos mais discutidos do momento e motivo do temor de muitos, trata-se de uma aplicação que utiliza agentes conversacionais para responder comentários do usuário, ou seja, um tipo de programação que relaciona as palavras de entrada (enviadas pelo usuário), classificadas por códigos, com palavras que fazem parte de um banco de dados da aplicação.

“A palavra “macaco” possui duas diferentes “codificações”, através da relação com outras palavras presentes na mesma frase, a IA é capaz de identificar se o usuário está se referindo ao instrumento utilizado em carros ou ao animal silvestre”, exemplificou Cozman.

Portanto, o Chat GPT, por enquanto, não é capaz de “criar” nada, apenas verifica a resposta mais provável baseada nas relações das palavras disponíveis em um banco de dados.

Alguns projetos com IA se destacam no Brasil, como o Processing Brazilian Indigenous Languages, que desenvolve um projeto de processamento das 270 línguas indígenas no Brasil. Outros projetos em andamento incluem ferramentas para auxiliar com a língua portuguesa, Tecnologia de Dados Oceânicos e um Observatório de IA, que visa debater os impactos da inteligência artificial na sociedade questões éticas e regulação.

Dentro da temática de ensino, as principais preocupações dos professores são por conta da possível utilização das IAs para realização de trabalhos escolares e universitários, principalmente em uma plataforma que não assegura a veracidade das informações transmitidas e na qual já foram constatados diversos erros.

Uma das soluções encontradas foi adotar relatórios de metodologia para os exercícios propostos em aulas, para evitar que os Chats de inteligências artificiais sejam erroneamente utilizadas como única forma de obter informações.

Em relação à pesquisa, Cozman destacou a importância dos professores e pesquisadores terem conhecimento do funcionamento das IAs para utilizarem isso a seu favor e, principalmente, a favor do desenvolvimento da pesquisa e das aulas.

Em resposta a uma pergunta da plateia, ele também afirmou que não é possível frear o avanço tecnológico, “em vez disso, o papel da universidade deve ser desenvolver profissionais capazes de gerir as novas tecnologias, já que se trata de uma área carente de profissionais; além de proporcionar um ambiente menos polarizado de discussão sobre a regulamentação e encontrar novas soluções para os problemas presentes nas IAs”, adicionou ele.

Ao encerrar o evento, o reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos, comparou o avanço da tecnologia a um maremoto. “Não podemos resistir ao avanço tecnológico, em vez disso devemos surfar nessa grande onda”, finalizou ele.