Memória e genocídio: Sobrevivente do Holocausto participa de evento no Mackenzie

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Autora de livro, Nanette Konig traz à comunidade relatos pessoais em debates sobre memória e Direitos Humanos

10.03.2017


O auditório Ruy Barbosa da Universidade Presbiteriana Mackenzie recebeu no dia 9 de março, às 10h, a palestrante Nanette Blitz Konig, sobrevivente do maior genocídio do século XX e autora do livro Sobrevivi ao Holocausto – O comovente relato de uma das últimas amigas de Anne Frank.

Em parceria com o Grupo de estudos sobre genocídios (GENOS) da Faculdade de Direito do Mackenzie, a realização da palestra teve o objetivo de trazer à tona os testemunhos dos sobreviventes no contexto dos Direitos Humanos, considerando valores históricos e se atentando à conscientização das novas gerações sobre a tragédia humanitária da Segunda Guerra Mundial.

Segundo Nanette, ainda que o episódio tenha sido um dos maiores casos de extermínio da humanidade, o resgate da memória tem suma importância: “É essencial para que esse momento de perseguição jamais seja esquecido. Nenhuma minoria deveria jamais sofrer com essas condições, ainda que, com a criação do Estado de Israel, o povo judeu hoje seja bem representado, 80% da comunidade judaica foi deportada e exterminada. Isso é inadmissível e precisa ser sempre lembrado”, destacou.  

Sob a coordenação do professor Flávio de Leão Bastos Pereira, o evento visa se tornar um acontecimento ímpar na história da Universidade, promovendo um debate incomum e, no entanto, imprescindível às matérias humanísticas do curso de Direito e outros. Leão destaca a importância do GENOS enquanto iniciativa: “O GENOS, como batizamos, tem por objetivo não só resgatar a memória dos grandes processos de extermínio da humanidade – e nele trabalhamos desde a morte dos povos indígenas das Américas aos ocorrido em Luanda, Iugoslávia e Sudão – mas também traçar uma ligação entre eles”.

O especialista aponta as várias formas de preconceito, como machismo e sexismo como os grandes motivadores comuns, exaltando a falta de memorialização como um dos aspectos responsáveis pelo esquecimento desses momentos históricos. A intenção do GENOS é trazer novos sobreviventes aos debates mantendo, assim, a discussão à tona.

 

Sobre a palestrante  

Holandesa de nascença, Nanette Blitz Konig veio ao mundo em 1929, filha de uma comunidade judaica. Em meio aos horrores da Grande Guerra, perdeu seus familiares de forma traumática nos campos de concentração.

Apesar disso, sobreviveu aos campos de Westebork e Bergen Belsen, além de ter sido amiga íntima de Anne Frank, jovem autora do diário que virou símbolo dos males do extermínio judeu e amplamente lido até os dias de hoje.

Atualmente, Nanette Blitz Konig se dedica à preservação da memória do Holocausto, bem como para a conscientização das novas gerações, de modo a manter o alerta contra o racismo e contra o preconceito.