Tese do CRAAM confirma anomalia magnética no Atlântico Sul

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Doutorando do Mackenzie utilizou dados de antenas localizadas no Havaí, Peru e Atibaia

25.07.2019


Uma anomalia no campo magnético da Terra que passa sobre o Brasil e parte da América Latina foi investigada por uma tese de doutorado, defendida na última quarta-feira, 24 de julho, pelo aluno da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Antônio Amândio Sanches de Magalhães, integrante do programa Ciências e Aplicações Geoespaciais do Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM).

Na tese Estudo da Propagação das ondas de Rádio de CLF no Trajeto Havaí - Atibaia, o doutorando defendeu que por conta de fenômenos ocorridos na Ionosfera - a camada da atmosfera terrestre mais distante do solo -, o campo magnético sofre perturbações, o que interfere diretamente na propagação das ondas de rádio de curta distância. Uma das consequências dessa anomalia são interferências nos meios de comunicação.

“Pela primeira vez conseguimos mostrar evidência observacional da alteração da ionosfera na região da anomalia magnética do Atlântico Sul e confirmamos a existência de várias periodicidades na altura dessa camada atmosférica”, disse Antônio, que teve a tese aprovada com distinção e foi bastante elogiado pela banca de avaliação. 

Para o estudo, Magalhães utilizou dados coletados por uma antena emissora de ondas de rádio localizada no Havaí, por antenas receptoras localizadas em Atibaia, no interior paulista, e também Lima, no Peru. “O fato de ser uma distância muito alargada nos permite observar o maior número de mínimos da amplitude durante a noite”, explicou ele. Os diversos períodos em que o fenômeno foi estudado, de dia ou de noite, ao amanhecer ou ao anoitecer, foi importante para tese.

Além da anomalia, a tese também investigou a sensibilidade diurna da Ionosfera. A região atmosférica é onde ocorrem processos de ionização de partículas por conta da radiação solar. Outro fator estudado foi sobre a variação nas ondas radiofônicas nessa camada durante a noite. 

Magalhães afirmou que o Mackenzie teve grande contribuição em seu trabalho, principalmente pelo apoio de seu orientador, o professor doutor Jean-Pierre Raulin, coordenador do CRAAM. “Além de me ter dado grande aconselhamento científico e ter orientado minha tese de uma maneira muito eficaz, foi meu grande amigo desde a primeira hora”, elogiou.

O coordenador do CRAAM espera contar ainda com as contribuições científicas do novo doutor. “Queremos que no futuro ele possa também nos ajudar em termos de consultoria”, disse Raulin. Além disso, o professor ressaltou a importância do trabalho de Magalhães na UPM. "O novo doutor foi um dos responsáveis pela decisão sobre a reabertura do Rádio-Observatório Pierre Kaufmann (ROPK), em Atibaia, há cerca de um ano", lembra Raulin.

Trajeto acadêmico interrompido

O novo doutor formado pelo Mackenzie é português, tem 78 anos e é formado em engenharia termoelétrica, equivalente à engenharia elétrica no Brasil. Sua graduação foi concluída em 1971, após ser interrompida para que ele cumprisse o serviço militar na Guerra Colonial - conflito entre Portugal e as antigas colônias africanas: Moçambique, Angola e Guiné-Bissau, que durou 13 anos. Ele esteve na guerra entre 1961 e 1964.

Magalhães é casado com uma brasileira e veio para o país em 2015 para fazer o doutorado no Mackenzie. O português pulou o mestrado, mas foi professor em sua terra natal. Com a tese aprovada, ele pretende retornar para Portugal com a nova conquista. 


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