14.04.2021 Responsabilidade Social
A Editora Mackenzie lançou, na terça-feira, 13 de abril, dois livros que tratam do projeto que delineia uma pesquisa-ação, visando à recuperação e à inclusão social de mulheres residentes do sistema carcerário, ao viabilizar sua formação superior na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e sua capacitação para o trabalho e exercício da cidadania. O projeto, que aplica metodologia específica e oferece diversos cursos para egressas do sistema prisional brasileiro, em regime semiaberto, busca a reinclusão social destas pessoas. As obras já estão disponíveis no site da editora. O encontro também marcou a assinatura da parceria entre UPM e Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (FUNAP), e foi mais um marco para o aniversário de 69 anos da Universidade, celebrado em 16 de abril.
Os livros são fruto do trabalho de pesquisa das professoras da UPM, Ana Lúcia Fontes de Souza Vasconcelos, Patrícia Tuma Martins Bertolin, Bruna Angotti e Berenice Carpigiani. “Eu vejo a Universidade cumprindo seu papel para com a sociedade. Muito mais que construir teorias, vejo que estamos fazendo a diferença”, ressalta a professora Patrícia, uma das organizadoras das obras.
Ela também ressalta o caráter transdisciplinar do projeto, que contou com o apoio de diversas áreas da Universidade e inclui um aspecto de desenvolvimento ao empreendedorismo. "É um projeto de educação integral, muito mais do que formar um profissional, pensamos em trazer um ser humano regenerado, que se sente titular dos seus direitos humanos, para o convívio com a sociedade”, declara.
O reitor da UPM, professor Marco Tullio de Castro Vasconcelos, que participou do evento, aponta a importância do ambiente acadêmico em atuar para auxiliar nos problemas da sociedade. “É uma pequena colheita, pois os nossos problemas sociais são muito grandes. Mas creio que a Universidade deve ter o compromisso para atuar em mitigar e resolver esses grandes problemas”, diz. O reitor acrescenta que espera poder contar com novas parcerias para ampliação do projeto.
O coordenador da Editora Mackenzie, John Sydenstricker, assinala a relevância dos livros para novos olhares sobre as questões sociais de nossa sociedade. “Apesar de trazerem aspectos tão duros da nossa realidade, de desigualdade, os livros trazem a leveza do poder transformador de projetos firmados em valores profundos e de conexão com nossas necessidades presentes", afirma.
Junto à apresentação das obras, foi assinado um termo de cooperação entre UPM e FUNAP para ampliação da parceria no projeto. “Estamos orgulhos por contribuir para que esse aprendizado seja compartilhado com toda a sociedade”, comemora o coronel Dimitrius Piscatori, diretor de Administração e Finanças da FUNAP.
Sobre as obras
Reinclusão social de residentes do sistema prisional brasileiro: uma proposta pedagógica de formação integral, um dos livros lançados, apresenta uma proposta de oferecer educação superior, em um ambiente de fé cristã reformada, às detentas em regime semiaberto ou egressas do sistema prisional do Estado de São Paulo. A obra é resultado de um projeto desenvolvido pelas autoras, em que se compartilharam os conteúdos científicos, articulados e integrados com as trajetórias daqueles que dele participaram, trazendo seu histórico para o cotidiano de pessoas vulneráveis, principalmente no aspecto psicológico emocional.
“O projeto se volta a ações que estimulam a inclusão social de residentes do sistema carcerário, viabilizando sua formação superior integrada à capacitação para o trabalho e para o exercício da cidadania, fundamentadas em uma Proposta Pedagógica de Educação Integral empreendedora”, enfatiza a professora Ana Lúcia.
Já o Modelo de indicadores para programas de reinclusão social por meio da educação superior: residentes do sistema prisional brasileiro apresenta a metodologia de avaliação do projeto-piloto – desenvolvido em parceria entre a UPM, FUNAP, Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do Governo do Estado de São Paulo – de inclusão social de residentes do sistema carcerário no ensino superior. Por meio de aulas em regime a distância, presas em regime semiaberto tiveram a possibilidade de cursar diferentes cursos que contribuíram para sua capacitação profissional e, principalmente, para a reinclusão social.
“A partir de um marco zero e de medições periódicas, pretende-se acompanhar os efeitos do projeto na mudança de indicadores como renda e empregabilidade. Objetivamos produzir um material que sistematizasse os indicadores para que este possa ser replicado por outras universidades, fornecendo, assim, ferramentas que possibilitem sua replicação”, explica a professora Bruna.
Sobre o projeto
Segundo conta a professora Bruna, a responsabilidade social é o centro do projeto, que visa à reinserção social de pessoas em situação de prisão por meio da educação e empregabilidade. "Isto está em plena consonância com os valores da Universidade, que valoriza a cidadania e a educação. O acolhimento dado pela UPM às alunas dialoga intimamente com o investimento no ser humano de maneira integral, reforçando os valores cristãos da Instituição".
A professora Ana Lúcia pontua que toda a ideia está também apoiada na Constituição Federal de 1988 (CF/1988), artigo 1°, inciso III, que reconhece o princípio da dignidade da pessoa humana como uma espécie de 'super princípio'. "O projeto tem como meta central formar esse público de modo contribuir para que o regime prisional semiaberto cumpra seu papel, que é o de garantir qualificação profissional e aumentar o potencial de empregabilidade das participantes".
De acordo com ela, a sistematização do projeto-piloto, desenvolvido por docentes e discentes da UPM mediante convênio com a SAP, em uma unidade do sistema carcerário de regime semiaberto, permitiu esta experiência para que a metodologia pedagógica ficasse registrada para ser multiplicada e/ou replicada conforme especificidade regionais. "Como uma equipe, estaremos dispostos a colaborar nesta rede multiplicadora, pois é um projeto com grande potencial transformador", adiciona Ana Lúcia.
A UPM carrega a missão de ajudar as pessoas, tanto na vida profissional e pessoal, quanto na espiritual. “Como instituição de ensino, entendemos o conhecimento como algo que nos ilumina e nos tira da escuridão, da ignorância. Esse é o nosso papel: iluminar o caminho. É nesse contexto que uma intervenção, por meio da educação, revela-se oportuna e necessária. Em especial em um cenário de pouquíssimas iniciativas voltadas à garantia de acesso ao ensino superior a pessoas em situação de prisão", finaliza a docente.