02.10.2018
Haddad foi o último entrevistado no Jornal Nacional. As primeiras questões foram destinadas à temática da corrupção. Foram, portanto, trazidas à tona as corrupções no Governo Lula e no Governo Dilma, no “Mensalão” e no “Petrolão”.
Foram, também, tratados da indicação de membros do Poder Judiciário em governos petistas e se isso dava possibilidade de afirmar que havia contra o PT uma “conspiração” do Judiciário contra o partido. Na sequência, ainda dentro do tema corrupção, até mesmo Haddad foi questionado das citações em seu nome em investigações.
A primeira questão dentro do escopo econômico foi, apenas, feita já no final da entrevista:
“Candidato, para a entrevista então render mais, vamos continuar. Na eleição, para a eleição de 2010, o presidente Lula indicou a então candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. Exatamente como fez com o senhor em 2012 para a prefeitura de São Paulo. E, agora, com a sua candidatura à Presidência da República. Mas, ao sair do governo, ao ter que deixar o governo, a presidente Dilma deixou o Brasil na crise em que todos nós brasileiros estamos mergulhados hoje e quase 11 milhões de desempregados. Hoje esse número já são 13. Mais de 11 milhões de desempregados, hoje são 13 milhões. Por que que os eleitores devem acreditar que com o senhor, o partido que deixou mais de 11 milhões de desempregados não vai agravar a crise? ”
E teve a seguinte resposta:
“Olha, eu tenho todas as razões do mundo para imaginar que o PSDB não vai sabotar o governo eleito no próximo dia 7 de outubro, como fez em 2014”.
E a jornalista questiona:
“A culpa é do partido?”
E Haddad afirma:
“Em 2014 [...] Não, a culpa é do PSDB, porque o presidente do PSDB assumiu a culpa ontem, numa [...]
E continua:
“O Tasso Jereissati falou: Nós cometemos três erros. Nós, pela primeira vez, questionamos o resultado eleitoral no Brasil. Isso é um crime contra a democracia, não se faz. Segundo lugar, nós aprovamos uma pauta em que nós não acreditávamos, para prejudicar o PT. As palavras são dele, Tasso Jereissati. Três, nós embarcamos no governo Temer. E quatro, nós embarcamos em Aécio Neves. Esses quatro elementos é responsabilidade do PSDB, dito que o PSDB […]”.
Questionado, ainda, pela jornalista:
“A crise é dos outros, então? O que dizer dos mais de 11 milhões de desempregados? Dilma Rousseff deixou o Brasil com mais de 11 milhões de desempregados.”
E Haddad questiona quando a recessão começa e a resposta do jornalista é que começa em 2014, depois da reeleição.
E Bonner, então, comenta que:
“O senhor me fez uma pergunta, vou responder. Em 2014, durante a campanha eleitoral de 2014 o déficit público passava de R$ 17 bilhões, o PIB, o crescimento do PIB já tinha caído para 0,5%. A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, dizia que estava tudo indo às mil maravilhas. Vamos relembrar a história. Não só isso. Ela dizia que ia manter, se reeleita, a política que estava implementando para a economia brasileira e ainda acusava, o senhor deve se lembrar disso, ela acusava os adversários, dizia que se eles ganhassem, ao assumirem o poder, eles iam mexer na economia e iam tirar, aspas, “tirar a comida na mesa do trabalhador”. Aí, ela ganhou a eleição. Ao ganhar a eleição, tomou posse imediatamente, tentou corrigir os rumos da economia, daquilo que o senhor mesmo chamou de cavalo de pau. Ela deu o cavalo de pau, tentando corrigir a economia, porque ela precisava ser corrigida, só que aí ela perdeu completamente a credibilidade. Os críticos imediatamente disseram que ela cometeu um estelionato eleitoral e nós mergulhamos numa crise de que, aliás, ainda não saímos até hoje. Qual é a dificuldade que o Partido dos Trabalhadores tem de fazer uma autocrítica, de reconhecer a sua culpa, a gestão da economia no ano de 2014 já fazendo água?”
Haddad responde:
“Sabe qual é o problema? Você [...] Primeiro, você está citando uma entrevista minha em que eu digo os erros que foram cometidos no final do governo Dilma. Então, é contraditório o que você está dizendo, porque você está citando uma entrevista minha em que eu estou dizendo. Eu estou fazendo as críticas. Outra coisa é você dizer que a recessão de 2015 e 2016 [...]”.
E o jornalista volta a afirmar:
“O senhor estava culpando os outros partidos, candidato.”
E, na sequência, tem a seguinte resposta:
“Eu estou dizendo que as pautas-bomba e a sabotagem que ela sofreu, reconhecida pelo presidente do PSDB, teve mais influência na crise do que os eventuais erros cometidos antes de 2014. Nós tínhamos a menor taxa de desemprego em 2014. Você está falando de desempregado. Pega a série histórica: 4,9 % de desemprego em dezembro de 2014. E aí começa o seu Eduardo Cunha, o seu Aécio Neves a aprovar despesa lá no Congresso Nacional. Despesa em cima de despesa para sabotar um governo que precisava fazer um ajuste, mas não para jogar a economia numa recessão, para recuperar a economia. Como já tinha acontecido em vários momentos”.
Na entrevista com Fernando Haddad, como ocorreu com outros candidatos, a economia foi, também, pouco presente. Preponderou em questões e em tempo, as temáticas ligadas à corrupção. No caso de temas econômicos, o candidato foi questionado sobre o Governo Dilma Rousseff que nos legou uma crise econômica aprofundada e, ainda, milhões de desempregados. Na ótica de Haddad, a crise foi muito mais agravada por aquilo que chamou de “sabotagem” do PSDB do que por erros cometidos por Dilma e seus colaboradores. No limite, a culpa, responsabilidade, não está no governo petista e sim nos adversários, especialmente o PSDB.