As redes sociais já se tornaram parte da rotina dos jovens, e com o surgimento do aplicativo BeReal, a busca pela autenticidade parece ter sido elevada a um novo nível. Porém, essa plataforma pode trazer perigos para a saúde mental dos usuários, especialmente para os mais jovens. O professor da Faculdade de Computação e Informática (FCI), Rodrigo Silva, explica alguns riscos do BeReal e o impacto de entre jovens.
Para o docente o lado socioemocional desperta consequências negativas. Rodrigo enfatiza que as pessoas estão se tornando parte de um fenômeno de vaidade exacerbada, em que a exposição necessária para a pessoa pode trazer problemas físicos e de saúde mental para a vida particular.
Para ele, também é possível listar outros dois tipos de perigo: o primeiro ocorre quando um estranho tem conhecimento das publicações por meio de um colega ou amigo. Ele diz que o comportamento humano é imprevisível para o bem ou para o mal, logo, “é necessário ter cuidado com a exposição particular e dos familiares. Dentre os males, pode-se citar um sequestro, roubo, fraude e homicídio”, alega o professor Rodrigo.
O segundo perigo está relacionado ao cadastro na plataforma. Este, aumenta a base de dados da empresa, tornando os dados do usuário ativos econômicos para serem comercializados entre Big Techs ou Big Companies.
O docente também chama atenção para o uso dos dados a favor das empresas. Ele comenta que o valor de ativos digitais nos últimos dez anos são os dados pessoais de cidadãos na web. Então, pode-se citar dois exemplos utilizados no e-commerce, que faz parte da “equação” de dados pessoais no mercado das Big Techs e até governos.
Com o perfil estatisticamente classificado, o dado do usuário tem muito valor. Esse dado pode ser obtido de duas maneiras: Geo Blocking, um sistema de bloqueio geográfico, habilitado em diversos serviços de streaming; e Geo Pricing, que é a precificação por área geográfica, por exemplo, sites de e-commerce também utilizam essa técnica para mapear as suas escolhas e busca por preços.
“Por exemplo, o Facebook comprou o WhatsApp e o Instagram por causa do banco de dados dos usuários. Tudo isso para alimentar e correlacionar os perfis para oferecer ao usuário final, e outras empresas públicos-alvo, para determinado negócio”, analisa o professor.
O especialista enfatiza que é fundamental avaliar a necessidade de ter uma ou mais contas em redes sociais. “É importante ser conservador no que você envia para a internet e ser liberal no que recebe pela internet”, frisa.
Ao questioná-lo sobre as dicas de proteção de dados, Rodrigo Silva orienta os usuários a instalarem programas antivírus, duplo fator de autenticação e ter consciência e limites da sua exposição no aplicativo. A dica deixada pelo especialista é ler o documento de Proteção e Privacidade de Dados, pois “isso gera ciência da governança e gestão dos dados pessoais pelo app ou qualquer outra empresa”, finaliza.