Quase três livros por semana. Essa foi a média de livros lidos por Maria Júlya, de apenas 7 anos, aluna do 1º ano C do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) Brasília Internacional. De forma registrada oficialmente pelo controle da Biblioteca da Instituição, a mackenzista foi quem mais se aventurou nas histórias organizadas nas estantes e prateleiras do “armazém de livros” da Escola. Foram, ao todo, 126 obras visitadas, do começo ao fim, durante todo o período letivo.
De romances a ficções infantis, muitos gêneros foram visitados pela voracidade da pequena leitora, que já carrega o amor pela literatura há algum tempo, desde muito cedo. As primeiras letras assimiladas e frases construídas já trilhavam um caminho sem volta, rumo aos milhares de parágrafos construídos por autores e autoras renomados.
Sem preconceito com as narrativas, Maria é daquelas que se atira de cabeça nas propostas dos livros, sempre aberta a reflexões e constantemente assimilando ensinamentos ao longo de cada linha. Os mundos fantásticos traduzidos nas páginas dos livros são também o destino mais frequentado por ela para entender a própria vida.
“A Maria Júlya é um orgulho para nós. Estamos realmente muito felizes de tê-la em nossa biblioteca todos os dias, lendo, conversando, estudando, criando. Ela é uma menina incrível. Tem nos ensinado muito como aluna, como leitora e como pessoa”, comentou Elandre Lobo, técnica em biblioteconomia do CPM Brasília.
Fora das estórias, a história percorrida por ela não tem muito a ver com os contos de fada. Com menos de uma década de vida, a estudante já enfrentou, pessoalmente, batalhas que renderiam séries literárias inéditas- desenhadas com a vida real. E a salvação não veio do príncipe encantado, em um cavalo branco, mas sim de si, a própria princesa, que deu muitas voltas ao redor de um destino amarrado pelo contexto em que nasceu, sem desistir, até encontrar outra oportunidade para o próprio futuro.
“Ela sempre fala para mim que eu e o pai dela fomos os maiores presentes na vida dela, o que nos emociona muito. O Mackenzie sempre abraçou a nossa família de forma muito especial e, hoje, podemos ter a Maria Júlya nos orgulhando dessa forma. Estudiosa, ama o colégio que ela estuda, a família que tem e os livros”, comentou a mãe, Luzilene Moura De Alencar, que é funcionária do CPM Brasília há mais de 14 anos.
A família, hoje, é o principal combustível de Maria, segundo ela mesma conta. O amor incondicional oferecidos pelo pai, Sergio Castro Alencar e pela mãe, com quem a mackenzista não divide laços biológicos, mas em quem confia o próprio coração. “Se eu tivesse que escrever uma história, seria sobre o dia mais feliz da minha vida, o dia em que conheci meu papai e minha mamãe. Eles me ensinaram e me ajudaram muito”, disse em entrevista exclusiva.
“No infantil 5 ela já começou, dentro do carro, vendo os outdoors e repetindo as palavras escritas. Desde então, ela não para. Precisamos começar a comprar uma série de livros infantis, que não tínhamos em casa, para alimentar a fome dela pela literatura. Hoje, eu sei que não é nada absurdo que ela tenha lido mais de 100 livros, porque ler é o que ela mais faz”, completou a mãe.
Projeto Maju
Completamente fascinada pelo poder dos livros, a aluna acabou inspirando a criação de um projeto iniciado pela equipe de segurança do CPM Brasília, liderada por Alexandre Caetano, em parceria com a Biblioteca, o Projeto Maju. A iniciativa consiste, basicamente, no estímulo ao hábito da leitura entre os colaboradores do setor.
Uma estante “itinerante” passeia entre os corredores da escola, levando livros até os funcionários, que aproveitam para devorar as páginas em períodos de descanso, no próprio colégio. Um dos objetivos é que estudantes que transitam pelos espaços da instituição acabem, também, provocados a adotar o comportamento.
“Nós preparamos a nossa equipe de segurança para que ela atenda com excelência a população do Mackenzie. E esse é um incentivo para que nós nos aperfeiçoemos não só em questões operacionais, como também em questões culturais. Percebi a necessidade para que lêssemos mais e fiz um desafio de um número de livros a serem lidos durante o ano. Mas não só ler por ler, e sim assimilar o conhecimento. E ocorreu de a Maju ser a estudante que mais leu nesse ano, e isso impulsionou a ideia. Acabei colocando o nome dela em homenagem”, relatou.
A ideia é que o Projeto Maju chegue a outros setores da escola, e atinja também os filhos e filhas dos funcionários, mesmo aqueles que não estudam no Colégio. “Gostaria que eles gostassem de ler como eu gosto de ler. Mas para isso preciso, primeiro, que eles tenham livros”, argumentou Maria, que vem ser tornando uma verdadeira vendedora dos sonhos que estão em cada página.