Um dos maiores desafios da medicina moderna está ganhando um novo capítulo, com a participação de três pesquisadores brasileiros. O estudo para viabilizar o transplante completo de olhos humanos tem potencial para revolucionar o tratamento de pacientes cegos e com condições oftalmológicas severas. Liderada pelo departamento de Oftalmologia da Universidade de Miami, a pesquisa encontra-se em fase inicial, conforme explica o neurocirurgião Dr. Gustavo Passos, do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM).
“Embora a pesquisa esteja em sua primeira de três etapas, já conseguimos avanços relevantes em experimentos pré-clínicos, o que nos deixa empolgados para dar seguimento ao projeto. É gratificante participar de algo inovador, que jamais foi realizado”, destaca Passos, que atua como médico preceptor da residência médica em neurocirurgia no Hospital Mackenzie.
O médico viajou para Miami (EUA), onde passará um ano focado na pesquisa, ao lado de outros dois brasileiros, Dr. Ronan Costa e Dra. Carolina Benjamim, que é coordenadora do laboratório CANES da neurocirurgia da Universidade de Miami.
Desafios
A execução de transplante de olho inteiro precisará superar desafios técnicos expressivos, como a reconexão de milhões de fibras nervosas entre o olho transplantado e o córtex visual do paciente. Em novembro de 2023 um transplante de olho foi realizado em Nova York, porém com finalidade estética de reconstrução facial, já que o globo ocular transplantado não manteve a capacidade de formar imagens e transmiti-las ao cérebro.
A pesquisa atual pretende superar os desafios e tornar o transplante de olhos uma realidade em um futuro próximo. Para isso, estão sendo utilizadas tecnologias de ponta para cirurgias, pesquisas avançadas em neuroanatomia e o aperfeiçoamento de técnicas educacionais.
“Estamos dedicados ao estudo e também treinando novos pesquisadores na busca por soluções inovadoras. O transplante de olhos humanos é uma fronteira da medicina com potencial para transformar vidas ao redor do mundo. É uma honra participar de tamanho avanço científico”, afirma Gustavo Passos, que possui mais de 15 anos de experiência na área.