15.06.2023 Cultura
A Bossa Nova voltou para sua segunda casa. Na noite de quarta-feira, 14 de junho, o auditório Ruy Barbosa foi palco da peça Almanaque Bossa Nova - O Musical, organizado pela Coordenadoria de Arte e Cultura (CAC) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
O espetáculo narrou a trajetória do gênero musical 100% brasileiro, que nasceu no meio da brisa marinha do Rio de Janeiro, mas que teve seu momento decisivo em meio ao concreto paulistano: sua canção mais conhecida fez sucesso primeiro em São Paulo antes de conquistar o mundo.
A relação do ritmo com a capital paulista guarda um fato curioso, que envolve diretamente o Mackenzie. A primeira apresentação da Bossa Nova, do grupo que fazia os primeiros shows do ritmo, foi realizada no mesmo palco do auditório Ruy Barbosa, em 1961. Dois anos depois, no dia 14 de junho de 1963, outra apresentação da “turma da Bossa Nova” no Mackenzie marcou de vez o fortalecimento do ritmo nacional.
Depois de 60 anos, o grande público presente no Ruy Barbosa pôde testemunhar a narrativa da trajetória do ritmo, desde os antecedentes, com a criação de fãs-clubes de cantores de jazz, passando pela gênese do ritmo com as primeiras batidas do violão de João Gilberto e pelo momento mais glorioso com a apresentação no Carnegie Hall, em Nova York, até o fim melancólico do movimento após o golpe militar de 1964. “A Bossa Nova saiu da praia e foi atropelada por um tanque militar. As músicas de exaltação da beleza carioca deu lugar às canções de protesto contra o regime que se instaurou”, dizem os atores no espetáculo.
“É um acontecimento para fazermos um show em homenagem à Bossa Nova, no mesmo teatro em que teve o primeiro show do ritmo em São Paulo, quando a Bossa Nova ainda não tinha tanto prestígio”, celebrou o diretor cênico de espetáculo da CAC, Leandro Pacheco.
Durante o musical, foram apresentadas as principais canções da Bossa Nova, como "Chega de Saudade", de João Gilberto; além de "Copacabana" e "Garota de Ipanema", de Tom Jobim; com direito a uma interpretação cômica de "Lobo Bobo", de João Gilberto, por uma dupla de fantoches.
As canções foram interpretadas pelo Coro Jovem Cênico e pela Banda CAC. O musical contou ainda com a participação do Grupo de Teatro 1, mantido pela CAC. "A Universidade continuará investindo em projetos culturais como esse. O nosso coração gosta e sempre pede mais por isso”, prometeu o reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos.
“Foi uma loucura o processo de montagem. Começamos a montar o texto em janeiro, antes mesmo dos ensaios do Coral. Então a CAC começou a fazer parte da banda. Foi um trabalho feito por muitas mãos, foi um quebra-cabeça que fomos juntando. Então se tornou um espetáculo de muitos fragmentos, assim como um almanaque”, finalizou Pacheco, explicando o nome que o evento carrega.