Conheça os impactos psicológicos e sociais da quarentena

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Saiba como evitar os efeitos negativos do isolamento nesse período

27.03.2020 Atualidades


Para conter o avanço do novo coronavírus, alguns governos decretaram medidas de restrição de movimento a seus cidadãos, a fim de se prevenirem contra a disseminação da doença. Aulas suspensas, ambientes públicos e de grande circulação de pessoas fechados, a orientação é de que todos os que puderem, devem permanecer em casa. O Mack Informa conversou com a professora do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Simone Fuso, sobre os impactos emocionais do período de quarentena, as possíveis consequências desse isolamento social na saúde mental da população e também sobre como superar o momento. Confira a seguir:

O que é um período de quarentena?

Embora o nome seja sugestivo, quarentena não se refere exatamente a um intervalo de 40 dias e pode ser definida como um período de separação e restrição do movimento de pessoas para reduzir o risco de exposição e contágio de uma doença. 

Como as pessoas se sentem durante o isolamento?

A situação de quarentena é desagradável por diversos motivos: sentimos falta de estar com pessoas queridas, somos privados da nossa liberdade de ir e vir, ficamos preocupados com o contágio da doença e com o tempo que a situação vai levar para voltar ao “normal”.

Cada um reage de uma maneiras às situações limites, mas, em geral, as pessoas apresentam medo, confusão, ansiedade e/ou insônia. Entretanto, aqueles que tiveram contato próximo com potenciais infectados apresentam também nervosismo, tristeza e culpa.

Quais são os fatores de estresse durante este período?

O primeiro é a duração da quarentena, quanto maior o tempo de isolamento, maior a frequência de sintomas de estresse. A ruptura na rotina e a falta de contato social e físico levam à sensação de frustração, pois não se pode viver o dia a dia normalmente. Outro fator que promove o estresse é a pouca ou insuficiente informação vinda de órgãos de saúde pública, visto que a população busca um direcionamento sobre o que fazer, a respeito da gravidade e dos riscos da doença.

Quais os fatores de estresse após o período da quarentena?

A perda financeira associada à impossibilidade de trabalhar e ao impacto socioeconômico do período de reclusão são as maiores preocupações que afetam a saúde mental das pessoas por muitos meses após a quarentena. Isto pode apontar um aumento de pessoas com sintomas pós-traumático e depressão. 

O que fazer para amenizar as consequências do isolamento?

Criar uma rotina, realizar atividades que sejam prazerosas e permanecer em constante comunicação com pessoas queridas por meios digitais. Informações vindas dos órgãos de saúde são fundamentais para a conscientização e pensamento altruísta, já que a quarentena é uma forma de manter a salvo toda a população. 

Quais medidas o poder público e órgãos de saúde podem adotar para preservar a saúde mental da população?

Dizer às pessoas o que elas devem fazer e a razão do isolamento, promover atividades significativas para as pessoas, prover comunicação clara, garantir que suprimentos de necessidades básicas estejam disponíveis e reforçar o senso de altruísmo são fundamentais nesse momento.

O que esperar quando a quarentena acabar?

Sentimentos de medo, tristeza e nervosismo diminuem consideravelmente após três a quatro meses, mas o comportamento das pessoas se modifica após o isolamento.

Elas evitam frequentar lugares públicos, fechados e com aglomerações e mudam hábitos de higiene, como aumento da frequência de lavagem das mãos, por exemplo.

Para o depois, conta-se com ações do poder público para minimizar o impacto socioeconômico e para prover cuidados em saúde mental para a população em geral e, principalmente, para os profissionais de saúde.

Há diferenças sobre como os profissionais da saúde são afetados?

A situação de quarentena é diferente para eles, que estão na linha de frente no combate à pandemia. Esses profissionais, logo após a quarentena, por terem entrado em contato com o agente infeccioso, apresentam sintomas de estresse agudo, exaustão, ansiedade em lidar com pacientes, insônia e prejuízo na concentração. Alguns sintomas continuam se apresentando por até três anos após o período da quarentena. Importante ressaltar que esses profissionais precisam receber apoio da sociedade e do poder público para seguirem com suas vidas profissionais e pessoais.