22.10.2019 Ética e Cidadania
Na manhã de 22 de outubro, aconteceu a abertura do III Simpósio de Ética e Cidadania Revisitando o Teológico-Político na Modernidade, no auditório Escola Americana do campus Higienópolis do Mackenzie. O evento é realizado pelo Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT) em parceria com a Faculdade de Direito (FDir) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
O objetivo do evento, como explica o professor de Teologia do CEFT, Gerson Leite de Moraes, que também é um dos organizadores do evento, é discutir “como que o teológico-político acaba organizando a moralidade de um povo e como ele acaba sendo importante na construção do espaço público e de uma sociedade que, apesar de se declarar laica, a religião tem muita força”.
Ainda de acordo com o professor, a relação entre teologia e política é histórica, com momentos de maior ou menor aproximação. A ética é um dos pontos citados no simpósio para discutir a importância do aspecto político nos dias de hoje.
Questionado sobre como assegurar que a Igreja não interfira no Estado e não tire direitos daqueles que não se sentem representados pelos grupos religiosos, o professor de teologia diz que ações como o evento oferecido pela UPM é um dos caminhos para garantir isso, pois “possibilitam que a gente discuta qual é a medida do religioso e de que maneira essas coisas podem estar presentes na sociedade sem que haja uma relação de subordinação nem de um lado, nem do outro”, explica.
Para o professor da FDir, José do Carmo Veiga de Oliveira, política e teologia são assuntos inerentes à própria existência da Universidade, “a partir do momento em que a Universidade assume seu caráter confessional. Há um vínculo muito estreito entre essas duas realidades e, com isso, obviamente, há um campo e um espectro muito amplos de abordagens, por meio dos quais podemos buscar compreender a relação entre o Estado, que é temporal, e o Divino, que é eterno”, pontua.
No Brasil atual, vive-se uma democracia laica, em que o governo político não possui uma religião oficial. Este princípio, da laicidade estatal, deve ser preservado. “O Estado tem o dever de assegurar essa liberdade religiosa em todos os aspectos da vida civil”, diz o professor do curso de Direito. E no atual contexto nacional, essa laicidade não impede a relação. “Esse vínculo entre Estado e religião pode acontecer naquelas questões nas quais houver a possibilidade ou interesse público como pano de fundo nessa discussão, em benefício da sociedade”, completa ele.
“Essa fé jamais pode tomar de assalto o sistema político. Então é uma linha muito tênue, mas é uma linha que precisa ser pensada e discutida e eventos como este possibilitam isso”, pontua o professor.
Segundo ele, a primeira questão que os alunos da Universidade podem repensar é a antiga deia de que política e religião são coisas que não se discutem. “Se discute muito, sim, com muita profundidade. Outra lição importante é a tolerância, afinal de contas, quando você discute temas como esse, você percebe que a tolerância deve ser um aspecto valorizado e, numa sociedade como a nossa, na qual existem radicais de ambos os lados, em todos os setores, acredito que seja fundamental que a nova geração entenda que não se trata de coisas excludentes, mas sim de coisas que conversam e dialogam, com muito respeito e tolerância ”, completa ele.
Programação
As palestras continuam no horário da noite, das 19h às 23h, no auditório Escola Americana, com os temas: Os fundamentos do Constitucionalismo da Reforma Protestante no Direito Constitucional Contemporâneo, com o filósofo Silvio Gabriel Serrano Nunes, e Ética, Direito e Política em João Calvino, com o professor de Teologia do Mackenzie, Christian Brially Tavares de Medeiros.
*Capa: Gerson Leite de Moraes. Foto: Wilson Camargo/NTAI.