13.03.2019 Atualidades
Na última sexta-feira, 08 de março, foi realizada a palestra Lugar da Mulher na Comunicação, organizada pela professora do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) de Higienópolis, Mirtes Correa. O evento contou com um ciclo de debates de alunos com profissionais da comunicação, convidadas pelos próprios estudantes, tratando dos desafios das mulheres no mercado de trabalho sobre suas carreiras, experiências, casos de assédio, gordofobia, propagação do machismo em ambiente de trabalho, empoderamento feminino, representatividade, competitividade, diferença salarial, dentre outros.
“O Dia Internacional da Mulher deve ser pensado não como uma data comemorativa, com um motivo comercial, mas sim como uma data reflexiva. Vivemos num país com um número assustador de feminicídios e muitas das causas estão atreladas à maneira como a mulher é tratada socialmente”, comentou Mirtes. Para a professora, é interessante articular como as mulheres alcançaram cargos de poder e os desafios que ainda enfrentam, muitas vezes consequência de uma cultura implementada e naturalizada.
Durante a abertura do evento, Mirtes demonstrou entusiasmo com a plateia mista, marcando a importância da discussão, bem como suas convidadas: Aline Scherer, jornalista da Loures, consultoria de comunicação do grupo FSB; Joyce Pais, jornalista, criadora e editora-chefe do portal Cinemascope; Talita Crespi Gonçalves, publicitária de visão internacionalista, coordenadora de influência na Mutato, agência de conteúdo para internet; e Diana Santos, diretora de planejamento da agência Publicis. A mediação do debate foi feita por duas alunas de Jornalismo, Marlana Zanatta e Thaís Mariano.
“Na maioria das vezes, temos de nos esforçar mais que os homens para provarmos que temos o mesmo ou mais potencial que eles”, comentou Aline. Em sua opinião, as mulheres não podem esquecer que os homens, assim como elas, também tiveram uma criação machista e é algo ainda presente em nossa cultura patriarcal. “Por essa razão, é um estigma difícil de ser mudado, mas que não podemos desistir. Às vezes, a culpa não é do homem, é do ambiente em que estamos inseridos. É algo que ainda está enraizado em nossa sociedade”, completou.
Para Talita, algumas mulheres reproduzem o machismo, mas não podem ser consideradas machistas. Muitas vezes, elas não percebem o teor do discurso e o proliferam sem mesmo perceber, achando que é normal, devido ao constante contato com o machismo.
“A minha ignorância foi um grande protetor que tive”, declarou Diana. A publicitária passou por diversas situações desagradáveis e no momento não notou o assédio e o menosprezo que sofreu como mulher. Segundo ela, tanto a ignorância quanto a ingenuidade acabaram a protegendo no dia a dia, “não sabia o que estava se passando”.
Já Joyce pontuou a competitividade em grandes empresas, a posição coadjuvante da mulher no meio profissional e a representação feminina no cinema, tanto no que se refere ao lugar de atrizes como das diretoras no ramo. “O machismo está aí e vamos sendo afetadas por esse ambiente de segregação. União das mulheres é fundamental”, finalizou ela.
O público, composto por alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e por professores, se mostrou satisfeito com a iniciativa da mesa de debate, assim como as próprias palestrantes. “O evento foi de suma importância, com mulheres de diferentes perfis, que expuseram sua individualidade e abriram a pluralidade do tema discutido”, ponderou Mirtes.