07.12.2018 Nossos Talentos
"Assim que chegamos no Hackathon, decidimos trabalhar alguns pontos principais sugeridos pela organização do evento como experiência do usuário nos transportes públicos e privados, a oportunidade de unificar meios de pagamento e a fluidez das pessoas nos diferentes modais, isso tudo dentro do eixo MAAS (Mobility As A Service)”, explica Juliana Krauss, integrante do grupo Githance, vencedor do 1º Y4PT Continental Transport Hackathon Américas 2018, (Hackamericas 2018), maratona de empreendedorismo em tempo real, que aconteceu nos últimos dias 30 de novembro e 1 de dezembro na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) do campus Higienópolis.
O grupo desenvolveu a proposta de uma carteira digital para vale transporte, onde o usuário tem a possibilidade de transacionar o dinheiro em diferentes transportes: seja no ônibus, metrô, 99 ou até a yellow. Os participantes, André Almeida, aluno de Ciência da Computação na UNICAMP, Carolina Torres, antiga aluna de Design da UPM, Juliana Krauss, aluna de Design da FAU da UPM, Jullia Ferreira Nogueira de Sá, também aluna do Design na UPM, e Matheus Gois, aluno da Faculdade de Computação e Informática (FCI) da UPM, passaram 36 horas trabalhando no projeto inovador e tecnológico durante a maratona.
Como Krauss menciona no início, o projeto foi desenvolvido com o intuito de melhorar a experiência de usuários no diferentes transportes urbanos, tendo como objetivo fazer com que as pessoas utilizem diversos tipos de transporte, os chamados modais, acarretando, assim, uma melhor fluidez de deslocamento. Segundo Jullia Ferreira, a carteira digital funciona basicamente como um serviço de gestão entre os benefícios do vale transporte, facilitando a integração entre os modais. Para a concretização da ideia, a equipe trabalhou com diversas soluções, em busca de sua viabilidade total.
Em formato de aplicativo, o projeto funcionará como um benefício cedido pela empresa a seu funcionário. Ao invés do chamado “vale transporte” ser depositado em um único cartão, como o bilhete único, a ideia é que o dinheiro seja depositado em uma carteira digital, a qual possibilitaria o uso do dinheiro ganho em mais de um meio de transporte. “Você tem esse direito agora de escolher para onde seu dinheiro vai”, comentou a estudante de design. De acordo com a universitária, a vantagem é não deixar resquícios de dinheiro em nenhum dos cartões e também incentivar a redução do congestionamento nas ruas.
Jullia também comentou sobre sua primeira vez na maratona. “Mesmo com o tempo curto de 36 horas e a experiência ser desgastante para corpo e para a cabeça, eu achei que nosso grupo teve uma dinâmica muito leve que acabou contribuindo bastante pro resultado e toda experiência”, completa.
Além da preocupação de tornar o projeto 100% viável, os jovens buscaram uma forma de gerar um impacto positivo na sociedade, sem que a ideia se tornasse descartável. "Minhas expectativas estão altas. Queremos e iremos fazer de tudo para que o projeto se torne real", completou Juliana.
Mobilidade urbana
Realizar um evento com o tema de mobilidade urbana dentro da universidade é de extrema importância, tendo em vista que “temas complexos como este precisam de olhares múltiplos”, completa Ivo Pons, professor do Curso de Design e Coordenador Adjunto de Extensão da FAU. Além disso, esse tipo de atividade faz avançar a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, características presentes e importantes em competições como o Hackaton e no âmbito universitário. “Esses diversos olhares, além de indicarem a direção da pesquisa aplicada e a integração com empresas público privadas, avançam de forma efetiva na redução de problemas sociais e no desenvolvimento de um ecossistema de inovação”, completa.
O papel do Mackenzie no Hackaton
O prédio 9, onde fica localizada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, campus Higienópolis, ficou com as portas abertas para a realização da competição. Designers, arquitetos, comunicadores, programadores, profissionais do campo do transporte, monitores, encontraram uma infraestrutura voltada para criação e produção de seus projetos. Segundo Pérola Brocaneli, coordenadora da FAU, a nossa universidade “acolhe a todos e traz um ambiente fraterno, de estudos e com condições para que as pessoas se sintam bem recebidas e possam ser produtivas”. Além disso, Brocaneli elogiou a UPM por permitir que diversas pessoas com pensamentos diferentes possam falar e expressar suas ideias.
Renata Veríssimo, que trabalha na assessoria de Parcerias e Inovação da EMTU, mencionou a relevância de trazer o assunto da mobilidade urbana para o âmbito acadêmico em parceria com empresas que trabalham diretamente com transporte. “A universidade tem por si só uma importância social muito grande, por ser questionadora. A vida acadêmica permite dialetos, pensamentos múltiplos. E nós, da EMTU, temos a realidade, nós lidamos com o ir e vir das pessoas”, explica. Renata ainda completa que a sociedade, como um todo, tem a mobilidade como demanda. “Nós temos que pensar nas pessoas, políticas públicas para as pessoas e junto com as pessoas”, finaliza.
Premiação
O grupo Githance recebeu do Banco Interamericano do Desenvolvimento o prêmio de US$ 10mil para a incubação do projeto com a aceleradora Artemisia e o E-Lab, laboratório de inovação da EMTU/SP. Além desse prêmio, o grupo concorrerá com os vencedores das outras edições do Uruguai, Chile, República Dominicana e Colômbia a uma vaga para participar da 3ª Hackathon Global de Transporte - Y4PT Estocolmo 2019, na Suécia.