A volta às aulas no Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) de 2025 começou com uma grande novidade para os estudantes. A partir deste ano, o uso de celulares por parte dos alunos será restrito, após a sanção da Lei Federal 15.100, que vetou o uso dos aparelhos em sala de aula nas escolas públicas e privadas de todo o Brasil.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a medida tem como objetivo proteger as crianças e adolescentes dos impactos negativos das telas na saúde mental, física e psíquica, com evidências, a partir de diversos estudos, de que o uso dos dispositivos eletrônicos tem consequências no aprendizado, na concentração e na saúde mental dos jovens. A decisão visa também promover, além da melhora no processo de aprendizado, a maior interação entre os estudantes. Iniciativas semelhantes já foram adotadas em diversos países, como Espanha, França e Dinamarca.
Para a psicóloga e orientadora educacional da educação infantil no Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília (CPMB), Dayana Garcia, a nova lei tem muito mais impactos positivos a agregar ao cotidiano das escolas e pode proporcionar diversos benefícios aos estudantes. “Do ponto de vista psicológico, ela promove um ambiente mais tranquilo, estimula as interações sociais, reduz a ansiedade e ajuda os alunos a desenvolverem uma relação mais saudável com a tecnologia”, afirmou.
Todavia, a implementação da lei terá implicações, afinal de contas, vivemos em uma sociedade cada vez mais dependente do uso dos celulares e com as crianças e adolescentes, não é diferente. Para Dayana Garcia, adotar a medida será extremamente desafiador, porém terá muito a acrescentar.
“É claro que a mudança pode ser desafiadora no início, especialmente para os jovens que estão acostumados a ter o celular como parte do seu dia a dia. No entanto, a longo prazo, essa medida pode contribuir para o bem-estar emocional e o desenvolvimento integral dos estudantes, preparando-os para um futuro em que a tecnologia seja usada de forma consciente e equilibrada”, disse.
Diante do cenário, todas as unidades do CPM buscaram implementar medidas que contribuíssem para o pleno cumprimento da lei. Em comunicado divulgado pela Superintendência de Educação Básica e Técnica do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), foi “recomendado que o aluno não traga seu aparelho de celular para o colégio, mas caso não seja possível, o aparelho deverá ficar guardado em sua mochila”, afirma o comunicado, lembrando que os primeiros 30 dias de aula servirão para orientação e reflexão com palestras e suporte das Orientadoras Educacionais nas salas de aula. Após esse período, em casos de descumprimento das normas, serão aplicadas as sanções previstas no informativo discente, previamente divulgado.
Todas as unidades do CPM oferecerão apoio psicopedagógico aos alunos que precisarem e desejarem ajuda para lidar com eventuais dificuldades relacionadas à adaptação às novas regras. Os alunos que necessitarem de acessibilidade eletrônica para fins de inclusão e condições especiais de saúde poderão utilizar seus dispositivos, mediante prévia autorização da Coordenação Pedagógica ou da Orientação Educacional do respectivo segmento. E, caso os pais necessitem se comunicar com seus filhos durante o horário escolar, podem entrar em contato com as secretarias dos segmentos a qualquer momento.
Além disso, cada unidade do CPM buscou formas especiais para cumprir a determinação e buscar a melhor forma para que os estudantes se adaptem à nova realidade. Confira:
São Paulo
A partir da nova medida, para facilitar a adaptação, foram criados suportes/scaninhos individuais para os celulares, localizados na parte da frente da sala de aula, permitindo que os alunos que trouxerem seus aparelhos possam deixá-los desligados em um local apropriado, sem acesso imediato.
O diretor da unidade São Paulo do CPM, Ricardo Cassab, avalia a nova lei como positiva e que beneficia toda a comunidade escolar. “O vício em dopamina e os demais impactos negativos causados pelo excesso de exposição às telas comprometem o desenvolvimento físico, intelectual e psicossocial dos alunos. Desde a implementação da medida, já percebemos um aumento significativo na atenção durante as aulas e, consequentemente, na qualidade da aprendizagem”, disse, mencionando ainda que a lei apenas reforçou uma prática que já era adotada na unidade: o uso de celular para fins não pedagógicos já era proibido desde o começo de 2024.
Brasília
O CPMB instalou, dentro de todas as salas dos anos finais do Ensino Fundamental e Médio, uma caixa para que os estudantes possam depositar seu aparelho. A retirada só será permitida após o término da aula. A exceção do uso do celular será determinada quando o equipamento for estritamente necessário para fins pedagógicos ou didáticos, conforme orientação dos professores.
“No Mackenzie, mais que a obediência à lei, as regras sobre o uso do celular no ambiente escolar são medidas que configuram uma estratégia pedagógica para promover a concentração, melhorar a interação social entre os estudantes e garantir um ambiente mais produtivo para o aprendizado”, comentou o diretor da unidade, Alexandre Almeida.
Tamboré
A unidade busca uma abordagem multifacetada para se adaptar à nova lei. Antes da implementação, reuniu pais e responsáveis para explicar a mudança, além de orientar de forma sistemática e promover diretrizes em sala de aula, para que os alunos estejam conscientes da medida. Além disso, o CPM Tamboré busca fomentar uma cultura escolar que valoriza as interações face a face, as rodas de conversa e o bate-papo, por meio da disponibilidade de mesas de pebolim e outros jogos interativos nas áreas de convivência, bem como de incentivo a idas à Biblioteca da unidade.
“Embora reconheçamos o valor da tecnologia na educação, a proibição do uso de celulares oferece uma oportunidade valiosa para reequilibrar o ambiente educacional. Esta medida não visa aniquilar a tecnologia, mas sim criar um espaço onde outras habilidades igualmente importantes possam ser desenvolvidas”, aponta a diretora da unidade, Tania Calazans.
Palmas
A conversa e a busca por soluções para que os alunos pudessem se adaptar, foi o caminho escolhido pela unidade. Em Palmas, os professores foram aconselhados a usarem Ipads ou sala de computadores, caso necessitassem usar recursos tecnológicos durante a aula. E para diminuir a ansiedade pela não utilização do celular, a unidade buscou oferecer alternativas lúdicas, como jogos de tabuleiro, tênis de mesa, e incentivando os alunos a trazerem jogos também.
“Entendemos que os alunos estão num processo de desenvolver autonomia e protagonismos, mas ainda é difícil para eles lidarem com as distrações dos aparelhos celulares e recursos que são oferecidos”, afirma a diretora da unidade Palmas do CPM, Adriana Dantas, que avalia que a presença constante do celular, desconecta os estudantes do ambiente presencial e compromete o desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais.
Recife
O Colégio Presbiteriano Mackenzie Agnes - Recife também já possuía um sistema para que os alunos guardassem o celular durante as aulas, o que facilita a adaptação a esse novo momento. A unidade também avalia a nova lei como positiva, já que a retirada dos dispositivos digitais reduz distrações e incentiva os alunos a direcionarem sua atenção ao conteúdo escolar e às interações presenciais.
Para garantir a aceitação da regra e compreensão seus benefícios, a unidade vêm incentivando a interação social e atividades que substituam o uso excessivo de telas. “Durante os cultos diários com todos os alunos, ensinamos sobre a importância da amizade e da interação, estimulando o convívio e a comunicação entre os estudantes. Além disso, os professores reforçam a relevância da medida, destacando os impactos positivos que a redução do uso do celular pode ter na concentração e no aprendizado”, explica o capelão do Colégio Presbiteriano Mackenzie Agnes - Recife, reverendo Wendell Raimundo da Silva.
Instituto Cristão Mackenzie - Castro
Colégio de tempo integral, que une a formação básica com o curso técnico em Agropecuária, o Instituto Cristão Mackenzie (ICM) também já restringia o uso dos dispositivos, mas com a nova lei, ampliou a determinação para os intervalos, recreios e atividades extracurriculares. Os estudantes foram orientados sobre a importância da lei para o bom desenvolvimento pedagógico dos alunos e terão uma constante conscientização ativa sobre, por meio de palestras, minicursos e rodas de conversa.
“O adolescente que usa o celular excessivamente apresenta redução do nível de atenção nas aulas, o que prejudica o seu desenvolvimento pedagógico. Para o ICM, a restrição de uso em ambiente escolar proporciona maior atenção aos conteúdos didático-pedagógicos, por si só, mas também, a maior interação e socialização entre os adolescentes”, destaca a diretora da unidade, Mônica Jasper, que aponta ainda que, em breve, os alunos poderão dispor de atividades de recreação, como tênis de mesa, nos horários de intervalo.”
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