Ao longo desta semana, entre os dias 13 e 17 de fevereiro, será comemorado os 100 anos da realização da Semana da Arte Moderna, movimento responsável por inaugurar o Modernismo no Brasil. Para celebrar esse momento, conversamos com o professor Vinicius Prates, do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), e ele nos indicou cinco filmes para entender melhor o que foi e qual é o significado da Semana de 1922.
“A Semana foi um marco de fundação e de independência, pelo caráter de evento, de demarcação, de abandono de um tempo passado e início de um novo, que projetava um Brasil moderno, mas ao mesmo tempo conhecedor e orgulhoso de seus traços culturais, que lida com o que vem de fora de maneira antropofágica”, explica.
A Semana de Arte Moderna de 1922 trouxe uma espécie de rompimento com velhas formas de se fazer arte no Brasil e buscou uma aproximação com um estilo considerado mais popular - apesar de ter sido um movimento organizado e feito para a elite paulista da época -, em que se buscou entender o que era o Brasil. A partir dessa ideia de construir uma verdadeira arte brasileira, estabeleceu-se que isso só seria possível a partir da ideia de antroprofagia, ou seja, uma arte que capturava movimentos estrangeiros, mas produzia algo novo, com a cara do Brasil.
Com isso em mente, prepare a pipoca e navegue nessas histórias antropofágicas!
Macunaíma (1969): O “herói sem nenhum caráter”, baseado na obra-prima de Mário de Andrade, ganhou as telas pela interpretação de Grande Otelo, num elenco que também contou com Paulo José e Dina Sfat. A direção é de Joaquim Pedro de Andrade. O filme é considerado um marco do Cinema Novo, e uma contribuição à Tropicália, movimento cultural que foi largamente influenciado pelos modernistas dos anos 1920.
Como era gostoso o meu francês (1971): O filme dirigido por Nelson Pereira dos Santos é livremente baseado na história de Hans Staden, um técnico em artilharia europeu que se tornou prisioneiro dos tupinambás no século 16. Os elementos de humor anárquico e o caráter provocativo do filme remetem diretamente aos manifestos contraculturais da Semana de Arte Moderna.
Eternamente Pagu (1988): Patrícia Galvão, a Pagu, foi uma escritora e jornalista que se engajou no movimento de 22, e ficou famosa por seu caráter contestatório, que transgrediu o papel atribuído às mulheres de sua época. A personagem principal é interpretada por Carla Camuratti (também diretora de outros filmes), e a direção é de Norma Bengell (também atriz em outros filmes).
Villa-Lobos – uma vida de paixão (2000): Amplamente reconhecido como o mais importante compositor erudito brasileiro, Heitor Villa-Lobos foi um dos participantes da Semana de Arte Moderna. Ele ganhou na virada do milênio uma cinebiografia, que tem Antônio Fagundes no papel principal, quando mais maduro, e Marcos Palmeira, quando ainda jovem. Letícia Spiller também está no elenco, e a direção é de Zelito Viana.
Caramuru - a invenção do Brasil (2001): O longa é dirigido por Guel Arraes e tem como protagonistas Selton Mello, Camila Pitanga e Deborah Secco. Neste caso, a referência também não é direta aos modernistas de 22, mas seu espírito está representado no caráter irreverente e na ênfase multiculturalista com as quais são narradas as primeiras aventuras do Brasil colonial.