A coordenadoria da pós-graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) recebeu, na tarde do dia 04, o professor na Emory University, Jeffrey Lesser, para uma aula acerca do tema Identidades e Brasilidades, no VIII Encontro Mackenzie do Espaço Lusófono, que foi realizado no campus Higienópolis. O principal objetivo da palestra foi discutir implicações da língua portuguesa na identidade pessoal e como isso se relaciona também no campo migratório. O docente norte-americano é especialista em pesquisa de identidade brasileira.
Para Jeffrey, estudar o Brasil ajuda a entender questões variadas sobre outros países, que muitas vezes os próprios cidadãos do lugar não se atentam. “O Brasil tem muito em comum com outros países das Américas. É um país que se originou da segregação de povos indígenas, da escravidão e da imigração. Então pra mim, estudar o Brasil é estudar o mundo”, disse o pesquisador.
O estudo da identidade é importante porque permeia todas as esferas, tanto linguística quanto literária, conforme aponta a coordenadora da pós-graduação em Letras, Regina Brito. “A identidade é a base do sujeito, pois este se constitui como um ser no mundo a partir do que ele se diz ser ou da forma como os outros o reconhecem. Por isso aqui no Mackenzie temos muitos trabalhos e estudos voltados para as questões identitárias”, concluiu.
De acordo com a mackenzista, particularmente no Brasil, vivemos um momento de reflexão sobre a mobilidade humana, refugiados e migrações por questões políticas, e iniciativas como a de Jeffrey são fundamentais. “É muito comum brasileiro querer estudar fora, mas o contrário não. Então você tem a oportunidade de conhecer pessoas engajadas em projetos que tenham a ver com a realidade brasileira não sendo brasileiros”, afirmou ela.
A primeira pesquisa que Jeffrey fez em relação ao Brasil foi sobre a imigração judaica entre os anos 20 e os anos 40. Atualmente, ele realiza um estudo, em parceria com alguns estudantes bolsistas norte-americanos, sobre imigração e saúde no bairro do Bom Retiro, na região central de São Paulo. A pesquisa se apoia em uma base histórica e usa como base dados de um posto de saúde da região, que fica próxima à Cracolândia. “É uma região muito interessante para estudar sobre a interculturalidade”, explicou.