O Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) realizou, na última terça-feira, dia 14 de março, a palestra A Relevância da Saúde Mental na Juventude, que celebrou 10 anos da parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento e a London School of Economics, da Inglaterra. O evento, realizado no campus Higienópolis, também serviu para apresentar os resultados do projeto CHANCES-6.
O encontro contou com a participação de dois professores da London School of Economics, Sarah Evans-Lacko e David McDaid, que relacionaram a saúde mental com a situação socioeconômica. A professora Evans-Lacko abordou os impactos da pobreza na saúde mental. “A pobreza pode levar a problemas envolvendo saúde mental, mas esses problemas de saúde mental, além da exclusão e outras dificuldades, também podem levar a mais pobreza. Isso cria um ciclo que é difícil de sair”, afirmou a docente, que manteve um vínculo com a UPM por conta do CHANCES-6.
Já o professor McDaid tratou sobre como investir em saúde mental pode trazer ganhos econômicos para pessoas, empresas e até mesmo, governos. “Se não fizermos nada em relação à saúde mental, tudo fica pior. Em todo lugar há muita desigualdade, então, para que o país cresça, é importante investir na saúde mental dos jovens, já que eles são o futuro do país”, apontou.
Durante as palestras, foram apresentados resultados do programa CHANCES-6, que completou uma década de existência. A pesquisa, realizada em diversos países, buscou entender a relação entre pobreza e saúde mental, procurando compreender em que medida programas de distribuição de renda auxiliam jovens a ter uma melhoria de vida e de que forma isso impactaria na saúde mental. Além dos resultados, o evento serviu para apontar os próximos passos do projeto: o lançamento de um aplicativo que permitirá que jovens beneficiados pelo Bolsa Família encontrem auxílio psicológico.
“Viver na pobreza, enfrentar violência, está muito associado à saúde mental e o programa Bolsa Família ajuda muito a diminuir a pobreza, mas não chega a melhorar a saúde mental. Existem evidências que mostram que se você adicionar um pequeno componente de intervenção, esses jovens despontam e melhoram muito na vida”, disse a professora Cristiane Silvestre de Paula, organizadora do evento e responsável pelo CHANCES-6 no Brasil, ao apontar o próximo objetivo do projeto.
Na palestra, a pró-reitora de Graduação da UPM, Janette Brunstein, ressaltou a importância de professores, diretores, coordenadores e outros responsáveis por ensinar, se preocuparem com a saúde mental dos estudantes. “Essa questão nos afeta pois precisamos pensar sobre saúde mental e rever nossos processos, espaços, organização e encontrar onde falhamos e não ajudamos nossos alunos na questão da saúde mental”, declarou.
Já o pró-reitor de Extensão e Cultura da UPM, Cleverson Pereira de Almeida, reafirmou a importância da internacionalização e do intercâmbio entre programas de pesquisa. “A possibilidade da troca, quando há essa via de mão dupla, quando se pode aprender, discutir e refletir com o outro, é fundamental no contexto de uma Universidade”, disse.
O diretor do CCBS, Jan Carlo Delorenzi, também apontou a importância dessa troca internacional para a unidade.
“Não existe ciência sem redes. Cada vez mais a gente tem entendido que fazer ciência é uma produção de muitas pessoas, de muitos lugares. Com a comunicação de hoje, essas questões se tornam muito mais dinâmicas, mas, por outro lado, a ciência avança muito rapidamente”, completou Delorenzi.