Concrete como uma garota. Esse foi o tema do II Workshop Mack Concreto, realizado nesta segunda-feira, dia 09, no campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). A iniciativa, que surgiu como uma vertente da Liga Acadêmica dos alunos de Engenharia Civil, tem como objetivo valorizar e divulgar o espaço das mulheres em um curso tradicionalmente associado ao universo masculino.
Segundo a engenheira civil e palestrante do evento, Joelma Manzioni, a proposta do workshop é mostrar sobre como a mulher pode traçar caminhos brilhantes em várias vertentes. Ela partiu do exemplo de sua própria carreira, na qual trabalhou em obras de infraestrutura pesada, como usinas hidrelétricas, usinas nucleares e projetos de grande porte dentro e fora do Brasil.
A professora de materiais de construção da Escola de Engenharia (EE), Ligia Real, é quem orienta o grupo que está à frente de todo do evento. De acordo com ela, por mais que seja uma ação desenvolvida pela Liga, a ideia é desenvolver algo que promova o trabalho voluntário, como a produção e venda de camisetas com as frases Lidere/Concrete como uma garota. “Os alunos vão juntar dinheiro e produtos doados por empresas que vão apoiar o projeto, para promover uma reforma em uma instituição de caridade, de preferência uma instituição de ensino, que promova a ciência voltada para mulheres”, explicou.
Além do workshop, de segunda a quinta o grupo realizará encontros com palestras de engenheiras que trabalham em ramos do mercado que ainda são predominantemente masculinos, para que as futuras profissionais da área se inspirem e tenham outras mulheres como referências. Para a estudante de Engenharia Civil, Tatiana Portella, por mais que haja uma predominância de homens, as mulheres aos poucos estão conquistando seu espaço, embora isso ainda dependa muito do curso. “Na Engenharia Civil, é quase dividido, porque tem muita mulher em todas as salas. Mas se você ver, por exemplo, a Engenharia Elétrica, não tem quase nenhuma mulher, a diferença é absurda. Esse ano entrou só uma menina na turma”, contou.
Conforme relata Joelma Manzioni, o mercado da engenharia vem mudando para melhor aos poucos. Quando entrou na faculdade em 2004, havia seis mulheres em uma turma de 40 alunos.
“No mercado, não se via grandes diretoras, mulheres atuando nos papéis de gerência e de chefia das grandes empresas. Com o passar do tempo, eu fui trabalhar em linha de produção de obra e lá tinham outras engenheiras atuando no ramo também”, revelou Manzioni.
Sobre esse panorama, a professora Ligia Real também ressalta a importância da divulgação desta presença feminina, por meio de projetos como o Concrete como uma Garota. “Sempre tem preconceito. Nas engenharias mecânica, elétrica, mecatrônica e da computação, as mulheres são bem menos aceitas. Não podemos então tratar isso como algo rotineiro, precisamos falar para que mais mulheres saibam aonde podem chegar”, afirmou.