O escritor, enquanto inserido em uma sociedade, não pode fechar os olhos para a condição humana. A ideia de um intelectual que se preocupa com as condições sociais que o cercam é uma das principais características da obra e da biografia do português José Saramago, escritor que celebraria 100 anos de nascimento neste 2022 e que foi o tema da palestra na última quinta-feira, 20 de outubro, como parte da programação do 17° Encontro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
A palestra Entre letras e afetos: os diálogos de Saramago com os intelectuais de seu tempo foi proferida pela pesquisadora Priscila Balsini, que estudou a obra do escritor português em sua dissertação de Mestrado. Para ela, fica claro que a vida de Saramago evidencia uma preocupação em se tornar um autor que se preocupa com a construção de uma carreira ética e humanista, atento em fazer a diferença na sociedade.
De acordo com Priscila, esse tipo de empenho permitiu atribuir ao vencedor do Prêmio Nobel o título de escritor-cidadão, que seria justamente esse intelectual ocupado com todo o contexto social que o cerca e que não se calaria diante de injustiças. Nesse sentido, a rede de afetos atua como uma forma de atrair para Saramago um entorno de outros autores também com essa mesma preocupação.
“Nos relacionamos com pessoas que têm afinidade de pensamento. É isso que ele deixa claro nos diários. As pessoas importantes, que ficaram para ele, são pessoas com as quais ele pode ter um diálogo dentro de uma linha, dentro de uma chave de pensamento”, disse Priscila.
O Encontro do CCL teve como propósito mostrar ações, na perspectiva de quem atua no mercado, que possam ser fonte de inspiração. Foram apresentadas práticas e perspectivas para um cenário transformador, que é o desafio posto aos profissionais, à universidade e ao seu corpo docente.