Neste final de semana, duas datas importantes nos lembrarão da necessidade de se pensar em estratégias para preservação do meio ambiente: no sábado, 21 de setembro, é comemorado o Dia da Árvore, enquanto no domingo, 22 de setembro, acontece o Dia Mundial Sem Carro, em que cidades em todo o planeta incentivam a não utilização de veículos automotores.
De acordo com o professor de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Magno Botelho, estas duas datas estão intimamente relacionadas quando pensamos em sustentabilidade. “Com a queima de combustíveis fósseis, estamos jogando um carbono que estava no subsolo e emitindo para a atmosfera. Já a árvore estoca gás carbônico. Quando desmatamos e queimamos uma floresta, a gente joga um gás poluente no ar”, afirma.
A comemoração destas datas tem como principal função provocar uma reflexão sobre os caminhos da preservação em nosso planeta e também em nosso país. Celebrar o Dia da Árvore é uma oportunidade para o diálogo cada vez maior sobre o preservar de matas e florestas, enquanto o Dia Mundial Sem Carro serve para discutir os meios de transporte usados nas grandes cidades brasileiras.
“Chama a atenção para que tenhamos alternativas de transporte que sejam mais saudáveis, pois quem anda, por exemplo, de bicicleta, deixa de ser sedentário, além de não emitir poluentes que afetam a saúde das pessoas, e contribui para redução do trânsito”, declara o especialista.
Amazônia
O contexto em que estas datas são comemoradas é bastante oportuno para manter a questão ambiental no centro do debate nacional. Em agosto, muito se falou sobre o aumento nos índices de queimadas na Amazônia, já que, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve uma elevação de 64% das áreas desmatadas entre agosto de 2018 e junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, em 2019, houve um aumento de 55% nos focos de incêndios detectados pelos satélites do instituto.
“A Amazônia é um enorme estoque de carbono. Toda vez que ela é desmatada, isso contribui para a subida da temperatura global. O aumento da temperatura é um impacto negativo”, diz Botelho, que indica ainda diversos problemas provocados pela devastação amazônica, como alteração no regime das chuvas e problemas para cidades litorâneas, por conta do derretimento das geleiras.
Outro impacto negativo das queimadas na Amazônia tem a ver com a economia do país. “Estamos em um mundo em que as exigências de comércio também levam em conta as questões ambientais. Em alguns países, não se deixa entrar produtos que sejam mais baratos mas que sejam provenientes de irresponsabilidade ambiental”.
Cenário Preocupante
Para o professor, caso não sejam tomadas medidas resolutivas para preservar o meio ambiente, as consequências serão sentidas por todo o planeta. “Imediatamente vamos enfrentar, no Sul e Sudeste, um déficit de água, porque as chuvas que chegam até aqui, são provenientes da água que é evapotranspirada da Amazônia. A longo prazo, esse carbono emitido nas queimadas, vai contribuir para o aumento dos efeitos do aquecimento global”, diz.
Esperança
Para evitar cenários catastróficos, Botelho indica que a preservação da natureza passa por mecanismos de fiscalização e controle para que os desmatamentos sejam combatidos, e também por mecanismos de mercado. “Precisamos avançar em certificações daquilo que produzimos, que são garantias de que estes produtos venham de locais sustentáveis”.
Além da preservação da Amazônia e outros biomas nacionais, as datas comemoradas lembram também da necessidade de se preservar o meio ambiente nas cidades. Uma das formas seria pensar em meios de transportes mais sustentáveis e que não sejam emissores de gases poluentes, além de se investir no plantio de árvores em contextos urbanos. “As árvores elas têm um valor tanto estético, quanto de conforto ambiental: uma cidade com muitas árvores é mais fresca, menos seca, com temperaturas mais amenas”, declara Botelho.