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Livro infantil "Ela ainda está aqui" aborda o Alzheimer com sensibilidade

Livro infantil "Ela ainda está aqui" aborda o Alzheimer com sensibilidade

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02.09.2024 - EM Cultura

Coordenação

"Obra de professoras do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo traz ilustrações e propostas didáticas"

Duas professoras do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) São Paulo, Margareth Tringoni e Ruth Blaud Pomar, lançaram no dia 31 de agosto, sábado, na Livraria da Vila de Moema, em São Paulo, o livro infantil Ela ainda está aqui – falando sobre Alzheimer com as crianças. Com vasta experiência em educação e arte, as autoras uniram seus conhecimentos para criar uma obra que aborda com delicadeza e sensibilidade o tema do Alzheimer, voltada para crianças de 8 a 10 anos.

A história acompanha a vida de Clarice, uma vovó carinhosa que enfrenta os desafios do envelhecimento e da perda de memória decorrente do Alzheimer, sem deixar de ser o centro afetivo de sua família. Através da narrativa, as autoras exploram temas como respeito, amor e empatia, mostrando como essas virtudes são fundamentais no cuidado com os idosos. Laurinha, a neta mais nova, desempenha um papel central, demonstrando que a compreensão e o afeto podem superar as adversidades trazidas pela doença.

Margareth Tringoni e Ruth Blaud Pomar, ambas mestras em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), utilizam seu conhecimento para criar um livro que não só entretém, mas também educa. A obra está repleta de ilustrações atrativas e sugestões de projetos interdisciplinares, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), oferecendo um recurso valioso para educadores.

O lançamento, pela W4 Editora, marca a literatura infantil com uma abordagem necessária para sensibilizar as crianças sobre o envelhecimento e o Alzheimer.

Inspiração familiar com afeto e humor

Para Margareth, toda leitura e escrita tem muito a ver com afetividade e vivência, ela diz que a obra tem inspiração em sua própria família. “Eu vivo isso com a minha mãe, que é uma pessoa que já está demonstrando esses sinais do Alzheimer há um tempo. Temos lidado com isso de uma forma positiva, e acho que é a maneira correta de abordar esse assunto com as crianças, mostrar isso com amor”, afirmou ela durante o lançamento.

Já Ruth comenta que tentou buscar exatamente essa leveza em suas ilustrações. “Meu traço tem um pouco dessa coisa meio engraçada, e busquei algo mais leve, com um pouquinho mais de humor. O cachorrinho que está nas situações da família e sempre traz uma graça é um exemplo”, disse a ilustradora. Ruth conta que conhece a família da Margareth, o que a ajudou a alinhar o traço com a inspiração da colega.

Ruth e Margareth contam que a obra nasceu com certa agilidade, em cerca de 15 dias, pois participaram de um concurso com ela, no qual foram bem classificadas, mas não ficaram em primeiro lugar. No entanto, passado tal prazo, voltaram com mais calma e deram um acabamento mais definitivo para o livro recém-lançado.

Livro como ferramenta didática

Elas destacaram que a obra possui propostas para serem trabalhadas em sala de aula nas disciplinas de Português, Arte, História, entre outras. “Ele é interdisciplinar e trouxemos a nossa experiência como professoras para ele”, pontuou Ruth. De acordo com ela, muitas vezes os professores sentem falta desse trabalho interdisciplinar e mais abrangente quando adotam um livro paradidático e a obra foi concebida também pensando dessa maneira.

A ilustradora assinalou que o livro vai ajudar pais de alunos, professores e educadores a abordarem este tema delicado, especialmente porque ele tem projetos alinhados às ODS. “Os professores e os mediadores de forma geral vão se sentir amparados. Os pais, familiares que queiram ler com as crianças vão ter um suporte muito interessante com essa leitura”, adicionou Ruth.

O vínculo do amor

Sobre a mensagem principal que as autoras desejam deixar para as crianças, Margareth disse que é acerca do respeito ao idoso e da valorização dessa população. “São pessoas sempre relegadas a perdas, a perda da juventude, da saúde, do convívio com os familiares e sociedade e, agora, perda da memória. Então, a gente queria deixar a mensagem de que o amor ainda preserva a memória, ainda constrói vínculos, laços”, refletiu ela.

O amor está em cada página, nas ilustrações e no texto. É através dele que a personagem principal relembra, rememora e participa da vida da família, demonstrando o tempo todo a importância da população idosa para a vida das crianças. “O benefício é mútuo, os idosos se sentem pertencentes ainda do processo, sentem-se valorizados em cuidar dos netos, por exemplo, e os netos recebem todo o amor e atenção que precisam na idade infantil”, finalizou Margareth.