30.09.2019 - EM Nossos Talentos
A equipe MecMack, composta por estudantes de engenharias e desenho industrial da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) conquistou o prêmio Shell Eco-Marathon Brasil, disputado em setembro no Rio de Janeiro, por terem projetado o carro elétrico com maior autonomia da competição. Além da conquista, o time de estudantes garantiu vaga na etapa Américas do torneio, em 2020.
No Pier Mauá, local das provas, o carro mackenzista alcançou a velocidade de 259,3 km/kWh, o equivalente a 1.947,7km/Litro de gasolina. A capitã da equipe, Grazielly Larainny Silva Bezerra, aponta que o feito foi alcançado por conta do peso do veículo: apenas 28kg. “Ajudou muito a questão da aerodinâmica do carro, fez toda a diferença”, afirmou a estudante de Engenharia Mecânica da UPM.
Outros fatores foram a pista - composta por apenas duas curvas - e a estrutura do carro, que é um pouco mais alta que a das demais equipes. “Muitos carros que estavam lá não conseguiam fazer a curva porque eles trabalharam num raio de curvatura de 8m, e aquela curva era de 7m, então o chassi deles era um pouco baixo. Por nosso carro ser um pouco mais alto, ter um raio de curvatura maior, isso ajudou a gente a se destacar e levar o prêmio”, diz ela.
“Estávamos perseguindo há muito tempo este prêmio, este grupo foi bastante incisivo e realizaram este feito, que além de visibilidade, chancela também nossa credibilidade, um trabalho sério que desenvolvemos junto aos alunos e justifica os investimentos feitos no projeto”, afirma professor de Engenharia Mecânica da UPM, Fábio Raia, orientador do grupo.
Por dar um espaço para um tipo de energia alternativa, a conquista da Shell Eco-Marathon ganha um destaque sustentável. “Não existem até agora muitas competições para eficiência energética e é muito importante a Shell continuar investindo nisso porque é o futuro da mobilidade”, pontua Grazielly. “Por mais que seja produtora de etanol, eles estão investindo muito, eles sabem que é o futuro. Não vamos para sempre usar combustível fóssil para gerar energia, então é bom que eles já invistam para serem pioneiros nisso”, assinala a capitã da equipe.
O carro
A conquista marca uma vitória de anos de trabalho, já que o MecMack disputa a competição desde 2013 e utiliza o mesmo carro. A diferença é que, a cada ano, o veículo passa por intervenções propostas pela equipe vigente. Para este ano, as principais mudanças foram na carenagem, responsável por reduzir o impacto da resistência do ar.
“Outro grande diferencial do carro é que temos um painel feito com smartphones, nos quais foi desenvolvido o programa que, mediante alguns sensores espalhados pelo veículo, trazem informações sobre velocidade, velocidade média, consumo, etc. E ainda funciona como comunicação de box para o piloto”, destaca Raia.
Para desenvolver essas mudanças, Grazielly acredita que foi importante a presença de pessoas de cursos diferentes. “Isso é bom porque engloba muitas áreas de conhecimento, porque você troca muita informação com os membros da equipe”, lembra ela.
“A importância em ganhar o prêmio, para mim e para equipe toda, é ver que valeu a pena o ano de esforço. Esse prêmio não é só para a gente, mas igualmente para as equipes antigas. Eles também veem que vale a pena trabalhar no carro, porque você sempre pode aperfeiçoar”, acrescenta a capitã.
Competição
Foram três dias de torneio. No primeiro dia, foi feito reconhecimento da pista e os alunos receberam instruções de segurança. No segundo, os carros foram submetidos à inspeção técnica, em que são avaliados freio, teste de bateria, motor, retrovisor, para ver se o veículo vai competir. Parte do terceiro dia foi dedicado a testes na pista. À tarde começou a competição.
Com a vitória, a equipe viajará para os Estados Unidos, onde será disputada a etapa Américas da competição. A fase acontece no primeiro semestre de 2020. Para o ano que vem, a equipe pretende fazer um novo chassi, para tornar a direção mais firme, comprar pneus específicos e um motor novo, além de construir um controlador para este motor. “São essas melhorias que vão fazer uma diferença muito grande na nossa colocação nos EUA”, enfatiza a capitã do MecMack.
Formação
Além de Grazielly, equipe é composta por Maurício Minomo, Lucca Riskala, Yasmin Elahmad, Victtor Moraes, alunos de Engenharia Mecânica; Christopher Cavalcante, Lucas dos Santos Rocha, José Adriano Bonfim, estudantes de Engenharia Elétrica; Felipe Costa, do curso de Engenharia de Produção, Gabriela Ackerman, da Engenharia Civil, e Lucas Vitório Melo, que estuda Desenho Industrial.
Para a capitã, a competição foi uma oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula. “Nós aprendemos muito a questão teórica, e acabamos não vendo muita coisa prática. Por mais que a gente tenha laboratório, é importante participar do projeto, porque você coloca realmente em prática o que você aprende”, conclui ela.